Caroline Gurgel 20/08/2014O ciclo da vida...A vida do livreiro A.J. Fikry chamou a minha atenção justamente pela palavrinha mágica
livreiro. É natural que as pessoas que gostam de ler se interessem por livros que falam de livros, e aí minha imaginação já entra em parafuso e começo a ver magia para tudo quanto é lado, começo a imaginar uma bela livraria, uma pequena cidade e muitos leitores apaixonados. Bem, não é por aí que esse livro se desenrola, ele é realístico e pé no chão.
A.J. Fikry é o dono da única livraria de Alice Island, a Island Books, e está amargurado, de mal com a vida, sofrendo pela morte de sua mulher. As vendas vão mal e A.J. não se importa muito, continua rabugento. Até que um certo dia encontra algo no chão de sua livraria que vai mudar sua vida e fazer com ele se abra para a possibilidade de amar novamente.
A estória é daquelas completamente plausíveis, daquelas que você até relaciona os personagens com pessoas que você conhece de tão real e corriqueira que ela é. Não tem firulas, enfeites e confetes. Não tem grandes mistérios, reviravoltas, amores arrebatadores nem nada. Ela é simples e é aí que está sua beleza.
A.J. é um personagem que você aprende a gostar ao longo do livro. Adorei o cinismo que a autora imprimiu no seu gosto literário e a maneira que ele se orgulha em criar a Maya para ser uma nerd.
Maya é, para mim, a personagem central e me conquistou completamente com sua fofura e esperteza.
Amelia também tem seu charme, tem uma paixão especial pelo que faz e uma simplicidade e carisma que envolvem o leitor.
Dos secundários,
Ismay não me cativou, mas
Lambaise é tão, mas tão típico que não tem como não simpatizar com ele. É aquele delegado que, bem, não lia, mas que de tanto aparecer na livraria e ter que comprar livro por um certo motivo, passa a lê-los para não desperdiçar o dinheiro gasto. Claro, encontra seu gênero literário favorito (ou se encontra nele) e passa a ser um leitor voraz.
Daniel Parrish, apesar de não ser envolvente (e nem era a intenção da autora, talvez), é muito bem construído e tem um certo clichê, acredito eu, inerente a muitos escritores.
A escrita é...digamos...esquisita, mas não em um mau sentido. É difícil explicar, pois ao passo que me diverti bastante também achei um pouco...marcada demais. Não é que seja ruim, só não é comum, é como se fosse pausada, um pouco seca. Talvez um dia eu encontre uma palavra adequada e edite meus comentários, mas por enquanto deixo registrado essa impressão: boa, mas estranha.
O livro tem alguns erros de revisão bem grosseiros, mas nada que atrapalhe demais a leitura -
mas sentimos falta do capricho, não é verdade?
No geral, A vida do livreiro A.J. Fikry é uma leitura agradabilíssima, incrivelmente realística e um tanto divertida. É daquelas estórias para se ler em uma
sentada, em um domingo à tarde, comendo pipoca. Tem um quê de tristeza, mas é colocado de uma forma bem natural e bonita, demonstrando que a vida segue seu caminho, seu ciclo, que ela se renova e continua. Não morri de amores, mas, taí, recomendo.
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