Marcos606 20/04/2023
Existem três versões da história de Justine, reunidas pela primeira vez no volume II das obras de Sade publicadas 1995. Esta obra, 'Os infortúnios da virtude (1787)', cujo manuscrito original nunca foi publicado durante a vida de Sade. Justine ou os tormentos da Virtude publicado em 1791 e, a nova 'Justine ou os infortúnios da virtude', seguido da história de Juliette, sua irmã, publicada em 1799.
Essas versões diferem na amplificação, da primeira à última versão, Sade não para de multiplicar os infortúnios de Justine - e explicar as cenas eróticas - assim como não para de prolongar e endurecer as dissertações ideológicas: a primeira versão ocupa 118 páginas na edição das obras completas, a segunda 259 páginas e o terceiro 705 páginas (sem contar a história de Juliette). A amplificação também passa pelas ilustrações. E na narração, já que, Justine é a narradora de seus infortúnios nas duas primeiras versões. O vocabulário da jovem e suas reservas morais limitam sua evocação das paixões de que é vítima. Ela perde a voz na Nouvelle Justine, a narrativa torna-se objetiva, nenhuma necessidade narrativa restringe as descrições de violência e orgia.
A obra agora resenhada é tradução da edição original. É a antítese do romance moral de Samuel Richardson, 'Pamela ou Virtude recompensada', grande sucesso de 1740. Aqui ao contrario da ascendência da Virtude sobre o Vício, a recompensa do bem, a punição do mal, o Vício triunfa e a Virtude vítima de seus sacrifícios, mostrar uma mulher infeliz vagando de infortúnio em infortúnio, joguete da vilania; couraça de toda devassidão; exposta aos gostos mais bárbaros e monstruosos.