Lids 14/01/2016A Thousand Pieces of You (Claudia Gray)Thousand Pieces of You conta a história de Margerite, jovem de 16 anos, filha de dois cientistas que estudam uma maneira de viajar entre dimensões. A tese deles é baseada na existência de várias dimensões, ou seja, linhas temporais diferentes em que cada uma delas você fez uma escolha diferente. Os pais de Margerite criam um dispositivo chamado “Firebird” que teoricamente é capaz de levar você a viajar pelas dimensões.
O livro começa quando Margerite viaja na dimensão para matar um homem misterioso chamado Paul Markov, assistente do laboratório de seus pais e e o responsável pela morte de um deles.
Essa premissa é MUITO interessante, mas infelizmente o livro não se propõe a explicar os detalhes da teoria dos pais de Marguerite, o que faz com que tenhamos que aceitar muitos dos furos deste livro.
Inicialmente, é explicado que o dispositivo leva você para uma linha temporal mais próxima da sua, mas logo no primeiro universo a personagem vai para um universo onde ambos de seus pais morreram quando ela era criança e não chegarem nem perto de criar o dispositivo. Na segunda viagem, é levada a uma dimensão paralela, na qual ela é a princesa de um império húngaro… E neste, sua mãe não é nem cientista, apesar de apresentar interesse na área.
Se existem milhares de universos e cada escolha impacta sua vida de forma permanente, como esses são os universos mais próximos aos dela? Eu até aceitaria isso, se a autora não chegasse a dizer que cada cara ou coroa cria um universo paralelo, o que geraria infinitos universos muito mais próximos aos dela…
É claro que o fato dos universos que ela visita não serem tão iguais aos dela é um recurso de narrativa, não seria interessante viajar entre dimensões se todos os universos fossem quase idênticos ao primeiro. Mas então a autora poderia ter dito que era algo mais aleatório ou apenas não dito que eventos pequenos como virar uma moeda criam novas dimensões.
A segunda coisa que me incomodou no livro foi o triângulo amoroso. É interessante a discussão que se faz sobre existir ou não destino que leva as mesmas pessoas a se encontrarem em diferentes linhas do tempo, pois é feita com uma seriedade de romance de ficção científica, o que eu amo *-*-*. Mas exatamente por isso, por existir esse fator destino sendo estudado, a dúvida sobre com quem ela quer realmente ficar não é crível, ela obviamente está apaixonada por um e estabelece isso praticamente desde o começo do livro. Não existe dúvida, então não existe necessidade do triângulo amoroso.
O triângulo amoroso é mais para o leitor, que não sabe o que está acontecendo ainda, para que fique intrigado e com dúvida, não para Marguerite.
No final, tem uma revira-volta realmente incrível e inesperada, e nos deixa feliz por a história finalmente chegar a um ponto além do triângulo amoroso.
A narrativa é instigante, deixa você curiosa para saber o que os personagens estão escondendo, porém ao mesmo tempo que você quer que o tempo passa mais rápido para que os personagens nos digam logo o que tá acontecendo e parem de ficar escrevendo cartinhas e trocando presentes rs. Tem um toque de Outlander (Diana Gabaldon), sempre que ela chega em uma nova dimensão e fica desnorteada sem saber como esperam que ela se comporte, se vista e até se comunique.
A personagem de Marguerite é ignorante no que diz respeito à ciência das multi dimensões, o que novamente dá uma justificativa para não se prender nesse aspecto da história e até pode servir de desculpa para o furo de roteiro, mas não aceito essa desculpa. Ela é uma personagem que está sendo guiada pelas dimensões por alguém e assim acho que ela é meio passiva às coisas que ela vê e que acontecem no plano global do livro. Tem uma parte do livro em que ela literalmente fica escrevendo cartas e fingindo ser a princesa de um império durante 3 semanas, sem descobrir nada de novo.
No início, achei o personagem de Theo, um assistente de laboratório dos pais dela, muito interessante, sendo descrito como um cientistas mais descolado e problemático, ao mesmo tempo em que ele tem que lutar para se manter consciente nas dimensões. A explicação do porquê ele apresentava esses comportamentos problemáticos é incrível e faz parte do desfecho do livro que eu gostei
Já Paul Markov é o cientista nerd, mal compreendido, antissocial e todo o estereótipo possível. A sorte da Claudia Gray é que esse é exatamente meu tipo de pessoa rs. Acho interessante como temos uma impressão dele no início do livro e isso vai mudando no decorrer da leitura, ao ponto de no final ficarmos impressionadas como o quanto estávamos enganadas.
Os demais personagens, tipo mãe, pai e irmãos são totalmente terceiro plano. Aparecem pouco e apesar da autora tentar fazer com que gostemos de alguns personagens novos nas outras dimensões, não me senti próxima, nem interessada por nenhum.
Ao todo, é um livro muito bom, com algumas falhas no roteiro, no sentido de que a tecnologia do dispositivo foi explicada muito mal e acabou se contra dizendo em algumas partes. A narrativa é interessante, mas os únicos personagens que realmente têm destaque são a Marguerite, o Theo e o Paul Markov. Os demais personagens coadjuvantes são meramente decorativos.
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