Fernanda631 31/07/2023
Punição Para A Inocência
Punição Para A Inocência foi escrito por Agatha Christie e foi publicado em 3 de novembro de 1958.
Em Punição para a Inocência, o temperamental Jacko é condenado à prisão perpétua por ter assassinato sua própria mãe. Ele jura inocência e apresenta um álibi. Segundo ele, estava pegando uma carona na hora do crime, mas o motorista nunca apareceu para confirmar sua história. Jacko foi preso e acabou morrendo na prisão.
Dois anos depois, Arthur Calgary aparece e conta para a família Argyle que ele era o motorista que deu a carona e que Jacko estava dizendo a verdade. Ele era inocente! Dr. Calgary esperava trazer conforto à família ao limpar o nome de Jacko. Só esqueceu que ao inocentar Jacko, o caso seria reaberto e a família seria assombrada com a possibilidade do verdadeiro assassino ainda estar entre eles.
Esse intrigante caso de homicídio não é investigado por Hercule Poirot nem por Miss Marple.
Todo mundo da família e os empregados que trabalham na casa têm motivos para ter cometido o assassinato e a gente fica duvidando de cada um deles à medida que vamos conhecendo suas histórias e seus traumas. Rachel Argyle, a vítima, não podia ter filhos, então adotou cinco crianças: Micky, Jacko, Mary, Hester e Tina. Achei interessante como a autora ressalta o fato deles serem adotados. Talvez para confirmar que qualquer um deles poderia ter matado a mãe, por não serem filhos de sangue.
O título é brilhante, assim como o mistério criado pela Agatha Christie. Ao fazer o caso ser reaberto, o Dr. Calgary estava punindo os inocentes que tiveram que repassar por toda uma nova investigação policial, gerando suspeitas entre os moradores da casa Pico Ensolarado e afastando os membros de uma família mergulhada em um mistério que talvez nunca seja solucionado.
Depois da família Argyle passar um tempo tentando se recompor do tormento que se tornou suas vidas quando Jacko Argyle foi condenado por assassinar sua própria mãe adotiva, o assunto volta a tona quando um homem surge do nada alegando ter um álibi para Jacko, de forma que provava que ele era inocente. E que, infelizmente, só não veio informar isso antes, pois estava viajando e soube do que houve apenas quando voltou.
Isso pode parecer ótimo a princípio, afinal o filho não matou a mãe. Só que, com isso, surge outra pergunta: então quem matou? Se o álibi é verdadeiro, toda a investigação voltaria a acontecer e o tormento voltaria a casa dos Argyle. O pior de tudo é que Jacko acabou morrendo na prisão antes do homem com o álibi aparecer, então mesmo que fosse provado sua inocência, já era tarde demais. A família entra em um grande dilema: deixar as coisas como estão e Jacko levar a culpa para o túmulo ou trazer de volta a tona toda a história para achar o verdadeiro assassino? Como passariam a viver depois disso, sabendo que, provavelmente, estavam compartilhando o teto com um assassino? Inclusive, todos naquela família tinham seus motivos para querer a morte da Sra. Argyle. Mas quem teria passado dos limites e cometido tal ato?
Particularmente eu gosto de dividir livros de investigação em dois tipos: os que focam em provas materiais e os que exploram mais o psicológico dos personagens para resolver o mistério. Este livro se encaixa na segunda categoria e, por isso, é considerado um pouco enrolado demais para alguns leitores que ficam muito ansiosos pelo desfecho. Eu não sou uma dessas pessoas. Gosto desse formato porque ele permitiu eu me conectar melhor com os personagens e me colocar numa situação de ter piedade deles, mas ao mesmo tempo não, pois todos ali tem sérios problemas que te deixam com o pé atrás.
Além disso, este formato nos permite se conectar melhor com o tema central da história que é a criação de filhos adotivos. A Sra. Argyle era uma mulher forte, mas muito frustrada por ser estéril. Dedicou sua vida a ajudar organizações de proteção a crianças órfãs da guerra e, quando conseguia, as adotava. Ao mesmo tempo, era uma mulher superprotetora e controladora. Parecia que ela criava os filhos mais para satisfazer a si mesma do que para o bem deles. Isso desenvolveu neles diversas questões contra a mãe que são exploradas ao longo da história.