Antonio 16/02/2015
Broxante
Em Hosana na sarjeta, começamos na ilha de Sumatra e terminamos na Serra da Canastra, não sem antes passarmos por São Paulo e pelo Rio de Janeiro – sempre acompanhados do escritor de sacanagens Marcelo, um narrador que parece não precisar de muita criatividade para elaborar os seus livros: sacanagem é o que não falta ao seu redor.
Apaixonado duas vezes na vida (justamente durante o curto período abarcado pelos dezenove capítulos da trama), Marcelo é um cara durão que vive duro, mas capaz, em nome do amor, de arriscar-se no meio da mata para buscar um diamante – e de entregá-lo não para a pessoa por quem decidiu aventurar-se, mas para quem havia abandonado e de quem viria a ser o motivo do suicídio. Forçado. Como as demais personagens (Paulinha Denise, a mulher que ganhou o diamante e no final se matou, por exemplo, incorporava cinco personalidades diferentes – dentre elas uma cigana e uma tia dengosa) e, de resto, toda a história.
Hosana na sarjeta bate sem machucar, gasta o baixo calão sem escandalizar, berra sem se fazer ouvir. É coisa pouca.
Trecho do livro:
“Paulinha me evitou delicadamente. Não fui além do beijo. Achei melhor não insistir. Eu não tinha esse direito. Agora, aqui entre nós, uma reconciliação desse naipe, coroada com um diamante arrancado das profundezas de um subconsciente mineral, travado e assassino, merecia – no mínimo – um fodão.” (p.69)
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