Paty 28/07/2021Primeiro livro do autor, tópicos e trechos.Tópicos abordados:
- A "Nova Era" de Fritjof Capra;
- Gramscismo;
- Símbolos, pensamento, política chinesa;
- Tipos de marxismo (clássico, soviético, revisionista de Eduardo Bernstein e cultural).
- Golpe de 1964;
- Escola de Frankfurt;
- A ligação da esquerda com o crime organizado (livro recomendado pelo autor: A história secreta do crime organizado, Carlos Amorim).
Olavo de Carvalho menciona Freud, Marx, Weber, Nietzsche, Mao, I Ching, Che Guevara, Hugo Chaves, Stalin, Mussolini, Russell Kirk, Malcommuggeridge, Reinhold Niebuhr, Eugen Rosenstock huessy, Régis Débray, Dias Gomes e Janete Clair, Rosa Luxemburgo, Jean Piaget, Emilia Ferrero, Paulo Freire e muitos outros.
Um observador superficial diria que esse livro é uma mistureba sem pé, nem cabeça. Mas Olavo de Carvalho é genial ao se propor situar a cultura brasileira dentro das ideias no Ocidente. Genial, pois faz sem deixar o livro enfadonho, de forma clara e conexa. Sem perder o fio da meada.
Esse é o meu primeiro livro do autor, coincidentemente, comecei sem saber que é o primeiro de uma trilogia. Apesar de ele deixar claro que é possível entende-los individualmente, duvido alguém ler esse livro e não ficar instigado a ler os outros dois também (Jardim das aflições (1995) e o Imbecil coletivo).
Olavo de Carvalho, da maior foco as duas correntes de pensamentos dominantes no nosso país. Apesar de publicado em 1994 é impossível, mesmo para uma leiga como eu, não ver as consequências e a sombra dessas mesmas idéias que pairam ainda hoje sobre o nosso país.
As idéias de Fritjof Capra e de Gramsci propõe a ruptura com o passado. São radicalmente "historicistas". Em ambas o que importa é a consciência coletiva, enquanto a individual é depreciada. O critério da veracidade é substituído pelo da "atualidade".
A "Nova Era" é apenas uma etapa de um vasto movimento de descristianização da cultura e desocidentalização. Apresentando em seu lugar, influências orientais, com a finalidade de convergir no Islã, para então converter a todos. (única força anticristã organizada no oriente). Processo constante de dissolução. René Guénon faz esse trabalho no ocidente.
"É importante notar o seguinte: todos os pontos da revolução cultural dizem respeito à moral e a criação de novos hábitos."
O gramscismo, se desconhecido não é por mero acaso; afinal, para que a revolução cultural acontecesse, era necessário que atuasse de maneira quase imperceptível. Fez muito sucesso nos anos 60.
Gyorgy Lukács, frustrado com antipatia do proletariado à teoria marxista, culpou a cultura ocidental. (Mistura de profetismo judaico-cristão, direito romano e filosofia grega).
Felix Weil contribuiu fundando, com o dinheiro de seu pai, a Escola Frankfurt; o qual a único propósito era destruir a cultura ocidental. Antonio Gramsci (fundador do partido comunista na Itália), por sua vez, substituiu os proletariados como classe eleita revolucionária pelos intelectuais. No caso, todos aqueles que sirvam ao partido, os tais "agentes de transformação social", podem ser consideradoa intelectuais (oi, Anita.); são esses que reforçam, elaboram, e difundem a ideologia de classes. Os mesmos que deveriam contribuir na conquistar da hegemonia (o domínio psicológico das massas).
"Gramsci enfatiza o controle da mídia, e portanto, do vocabulário. É essencial que a população se acostume a usar as palavras no sentido desejado pelo Partido, para que, a cada momento, pense o que o Partido deseja que pense."
Não é à toa que Lula e Fidel Castro fundaram o Foro de São Paulo.
"A produção de analgésicos das consciências é trabalho de equipe."
"O unanimismo da intelectualidade é um dos sinais."
"O rebaixamento das artes, da filosofia e até de algumas ciências à condição de megafones da propaganda revolucionária."
Não é a convicção política expressa, a pregação revolucionária ou a persuasão racional que importam, mas a mudança na cosmovisão do senso comum e a influência psicológica que agem sobre a imaginação e sentimento da população, por isso a sua ênfase na educação primária e daí se explica a quantidade massiva de professores esquerdistas.
Após a rebelião comunista de 1935 os presos políticos, na Ilha Grande, em contato com os criminosos e bandidos passaram a doutrina-los, ensinando a eles as táticas e estratégias de guerrilha. Daí nasceu o comando vermelho e aí iniciou-se a idealização da malandragem, apologia ao crime, as drogas, ao banditismo. Derrotados pela ditadura militar, tiveram de repensar sua estratégia, foi diante desse cenário que absorveram os ensinos de Antonio Gramsci. Com ele aprenderam a arte de aliciar e comprometer. Sabotagem psicológica. A frase "menos armas, mais livros" nunca fez tanto sentido.
"Nada está na realidade política de um país que não esteja primeiro na sua literatura."
O plano era adestrar o povo para que pense, sintam e ajam como membros de um Estado comunista enquanto vivem num quadro externo capitalista. Os militares voltados para as guerrilhas, não deram a mínima para os projetos pacíficos e aparentemente inofensivos dos comunistas.
"Um público que está contaminado de doutrinação marxista até a medula não tem, por isso mesmo idéia de que está sendo doutrinado."
Aprenderam que a revolução psíquica deve preceder a revolução política. Em outras palavras, precisavam "preparar o terreno" ou, nas palavras de Luiz Inácio Lula da Silva:
" - A tese era assim havia espaço para a esquerda chegar ao poder via eleitoral (1998) e por tanto, não tinha que ficar preocupado em disputar a eleição. Tinha que se pensar em reorganizar a sociedade. Daí em 20...30 anos a gente teria 30% da sociedade já socialista e daí sim, a gente poderia disputar as eleições."
Essa fala não está no livro, mas é uma confirmação daquilo que Olavo de Carvalho já previa em seu livro e ninguém acreditava.
"Ser invisível, já dizia René Guénon, é da essência mesma do poder."
A infiltração nos espaços públicos faz parte da conquista gramsciana pela hegemonia. A finalidade? Colocar o aparelho de Estado a serviço do partido.
Desde as artes, ciências, cultura e até as igrejas, órgãos que aparentemente seriam apolíticos, mas através da infiltração dos comunistas, serviriam ao Partido, injetando imperceptivelmente na população novos sentimentos, reações, palavras, hábitos, para que aos poucos a sua conduta também seja mudada (propagandas ideológicas; gayzismo, abortismo, feminismo, anticristianismo militante, quotas raciais, racialismo, ideologias de gênero, legalização das drogas, revolução sexual e até pedofilia). Uma verdadeira lavagem cerebral, feita de forma sutil, camuflada, abrangente e constante. O prelúdio psicológico à tomada do poder.
"O conceito de povo que a esquerda tem é o limpemproletariado, ou seja, os bandidos, as prostitutas, os viciados, traficante, etc. É essa faixa social que a esquerda hoje defende e em nome da qual ela fala."
"O objetivo da revolução cultural foi inteiramente atingido já às vésperas da eleição que levou o PT ao poder." A hegemonia já está, portanto, conquistada. Não há nenhuma resistência. O adversário foi desarmado psiquicamente. O simples fato de Lula ter vencido, demonstra o fato consumado.
"Como descrever, senão nesses termos, uma estratégia sutil planejada para que todas as pessoas vão se tornando socialistas pouco a pouco, sem percebê-lo, e da noite para o dia acordem em plena ditadura socialista sem ter a menor idéia de como, quando e porque mãos se operou tão tremendo milagre?"
"É preciso estar muito, muito alienado para não enxergar uma coisa tão patente."
Olavo prevê ao final do livro a degeneração total do Brasil, que nesse rumo caminhava morro abaixo. Misericórdia. Quem dera ele estivesse errado.
Livros recomendados que me interessaram (ele cita muitos outros):
- Crise da Filosofia Ocidental (1874), Vladimir Soloviev.
- The long march: how the cultural revolution of the 1960's changed America.
- Harvest of sorrow, Robert Conquest.
- Les Origines de la Franse Comtemporaine, Hyppolite Taine.
- A revolução gramsciana no Ocidente, Augusto de Avelar Coutinho.
- Cadernos da liberdade, Coutinho.
- O livro negro do comunismo, Stéphane Courtois.
- A estratégia ateísta de Antonio Gramsci, Alfredo Sáenz.
- Thinkers of the new left, Roger Scruton.
- Crise da filosofia ocidenta, Vladimir Soloviev.