Wanessa_Gabriela 23/01/2024????????1/2Quatro obras reunidas nesse tomo, e devo dizer que a escrita do Conan Doyle foi realmente inovadora no campo da ficção investigativa.
?Um estudo em vermelho? é a origem de tudo, e como eu gosto de narrativas que contam como tudo começou. A amizade dos dois foi bem repentina, mas sei que a era Vitoriana foi algo marcante por ter sido tão diferente em muitos aspectos na Londres dessa época. As pessoas eram diferentes, foram ficando mais educadas, politizadas e melhor instruídas. Portanto, a narrativa há de ser diferente e realmente acompanha a evolução do país.
Em ?O signo dos 4?, a narrativa já foi mais simples, rápida e com um elemento estranho no fim. Elemento esse que desapareceu nos livros subsequentes, o que faz o leitor se perguntar se houve realmente aquele acontecimento, ou se simplesmente o autor esqueceu e achou que não tinha importância.
?O cão dos Baskerville? é o livro mais famoso do autor, também considerado sua obra prima. Engraçado que nele o Sherlock aparece em 20% do livro, e mesmo sentindo falta dele, pois muitas vezes a narrativa de dr. Watson por si só é um pouco entediante, o enredo é interessante demais. A construção dos lugares e a descrição das pessoas é boa de se ler.
Já no ?O vale do medo? encontramos um personagem novo, que nas telinhas tem um destaque enorme quando adaptado. Devo dizer que não curto a ideia de ter sempre um ?inimigo? a quem tenta-se ser mais esperto e ele está sempre um passo à frente. Acho chato e talvez seja ?síndrome do Red John?, mas talvez seja por ser cansativo mesmo.
Observei que toda a obra tem uma resolução muito rápida, mas com uma explicação do motivo bem detalhada, o que faz ser metade do livro. E acredito que o cão dos Baskerville é mais legal por ter uma narrativa mais fluida nesse aspecto, não há uma parada no momento para haver explicação, mas faz parte da interação da narrativa e isso torna mais legal todo o conjunto.
Os mistérios não são para aguçar o senso investigativo do leitor, pois ainda não era um estilo que existia na época. Por mais que o leitor faça o movimento natural de tentar descobrir, a ?descoberta? é simples e tranquila, pois nada se esconde ou é elaborado demais.
Devo acrescentar que essa edição da Martin Claret tem um bônus no final. Em seu Apêndice há muitas informações sobre a Era Vitoriana, sobre Sir Arthur Conan Doyle, sobre suas pretensões com a narrativa e suas personagens, e também sobre personagens que nem estão nesse tomo, o que não tem problema algum pra quem já assistiu algo sobre Sherlock, mas pra quem não conhece algumas narrativas, talvez estrague um pouco a surpresa da descoberta dessas personagens.