Prof. Aloízio 08/10/2017
Um Achado
APARECIDA
Conhecendo Rodrigo Alvarez como repórter foi possível ouvi-lo (lendo) nesta narrativa espetacular da Saga da estatueta de barro de Nossa Senhora da Conceição, aparecida no leito do rio Paraíba do Sul e por isso denominada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que devido à grande devoção popular tornou-se Padroeira do Brasil. Grande parte desta história já é do conhecimento de muitos, pelo menos os que se dizem devotos, mas o repórter foi a fundo e apresenta o compilamento de acontecimentos, ricamente documentados, hora descrevendo a parte religiosa, hora descrevendo a parte política. Diga-se de passagem, que a existência de um paralelismo sempre foi presente, a exceção dos primórdios, quando a devoção era local, mas à partir da vinda dos romeiros, entraram os “administradores”. O livro se inicia relatando o ataque e despedaçamento da milagrosa estatueta por um indivíduo perturbado mentalmente em 1978, e a partir deste referencial, retoma a história bem antes do aparecimento desta em 1717. O culto à Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal e de suas colônias decretado pelo rei, pessoa que mandava na igreja até o fim do regime do padroado em 1889, datado de 1646, o barro paulista usado pelo artesão, a tradição de se desfazer de santo quebrado, a gana portuguesa por riquezas e o envio de autoridades às Minas de ouro da colônia são episódios narrados nesta empolgante história. A descrição dos primeiros milagres, marcantes por terem sido os primeiros e de outros, mais recentes, que o repórter foi saber se misturando aos romeiros que hoje lotam o monumental santuário de Aparecida. Pelo que se pode ler em capítulos diversos pode-se resumir “Na Santinha dos ovos de ouro”. A retribuição dos romeiros por graças alcançadas sempre foi avultada que serviu até para pagar despesas da coroa portuguesa, tudo confiscado à ordem, mas até que o dinheiro chegasse a Lisboa, muito se perdeu pelo caminho. Muitos interesses escusos ao que se destina o erguimento de uma igreja e acolhimento de devotos em agradecimento e demonstrações de fé, foram descritos com citações de nomes de autoridades da vila de Guaratinguetá. O livro também relata as construções, e suas administrações, que se estenderam por estes 300 anos, o empenho de religiosos(antes “voto vencido”) que se entregaram de corpo, alma e bolso, para ver as basílicas levantadas, a nova, menor que a de São Pedro em Roma e igual só em Washington. Ainda relata sobre a vinda, importada, dos alemães Redentoristas para o Brasil (Aparecida-SP e Trindade-GO). Do episódio do ataque à estatueta destaca-se a presença do Masp. Da ligação com o poder, além dos interesses econômicos, a religiosidade esteve presente com D. Pedro I passando por Guaratinguetá a caminho do “grito”, na pessoa da princesa Isabel e a doação da (sua)coroa e a crença na cura de sua infertilidade, nas tropas estacionadas 1932, com Getúlio Vargas, representando um estado laico, prestando honrarias à santa, na peregrinação, proporcionada pelos militares de 64, pelo Interior do Brasil que teve como resultado imediato um significativo aumento nas visitas ao santuário. Sobre as autoridades eclesiásticas há relatos sobre episódios das visitas dos Papas João Paulo, Bento e Francisco. Como devoto devo dizer que este livro fortaleceu minha devoção por apresentar a grandiosidade da Santa em relação às coisas mundanas. Muito maior é a nossa fé.