Mari152 26/12/2022
Depois desse livro, queria voltar para antes de conhecê-lo.
Pouquíssimas obras me estressaram tanto quanto essa. Raras. Quase nulas. Descobrir que After é uma série imediatamente aumentou esse número para as casas duplas.
É aquele livro que não acaba. As coisas acontecem, acontecem, acontecem, e quando você pensa que, pelo amor de Deus, já chega de coisas acontecerem nessa história, ainda restam quinze capítulos. Não acaba. E, sinceramente, eu gostaria muito de nem ter começado.
Quando descobri que esse livro foi uma fanfic, decidi dar uma chance. Leio fanfics, e adoro a criatividade dos escritores de transformarem algo que já existe em outra coisa, especialmente se envolver personagens tão queridos dos quais não queremos desapegar tão cedo. Dei uma chance porque pensei que "poxa, é tão popular. Deve ser um livro bom. Existem tantas fanfics excelentes que são melhores que livros publicados, talvez essa seja uma delas."
Ledo engano, meus amigos. Entre a classificação de personagens redondos e planos, Tessa é uma tábua. Superficial, manipulável, Maria-vai-com-as-outras, ingênua além do limite do aceitável para o tipo de enredo em que quiseram colocá-la. Enredo esse que, aliás, não é grandes coisas. Não é nada, sinceramente. A mocinha (que não bebe, que é virgem, que é "de boa família") fica obcecada - não apaixonada; obcecada, mesmo - com o cara mais bambambam da universidade (que é alcóolatra, pegador, afundado até o pescoço em daddy issues). Ele aposta a virgindade dela, ela cai no jogo dele. Tudo no meio disso é uma escrita pobre, personagens extremamente irritantes e um relatório policial se fingindo de livro.
After é uma tentativa patética de "enemies-to-lovers", e um argumento sólido para quem acredita que essa é uma trope que serve unicamente para o gênero fantasia. Tessa é a razão de haver "não beba" nas garrafas de água sanitária. Hardin é o motivo porque alguém beberia cloro.
Aquele famoso badboy americano, com problemas familiares e mais álcool no sangue do que neurônios pensantes na cabeça, que desconta seus problemas e frustrações nos outros ao invés de buscar por uma terapia. Faz uma aposta com os amigos, se aproxima da mocinha inocente e frágil que mais parece uma ameba com membros, constrói uma relação com ela que poderia ser um episódio de Criminal Minds e ainda se faz de vítima. 26 letras no alfabeto, e cada palavra nesse livro daria um B.O. diferente.
O livro é uma tentativa falha. Somente isso. Uma tentativa falha de "enemies to lovers", uma tentativa falha de "os opostos se atraem", uma tentativa falha de romance, de livro, de qualidade e de qualquer outra coisa. Uma tentativa.
Que falhou brilhantemente.