BeatrizFonseca1 09/04/2023
Darnoton, Robert: O Grande massacre de gatos e outros episódios da cultura francesa, ed. Guerra e paz ano 2011, São Paulo, edição, paginas 386.
Na verdade no entanto, os contos populares, são documentos históricos. Surgem ao longo de muitos séculos e sofreram diferentes transformações em diferentes tradições culturais” (p.26)
“A História parecia “imóvel” no nível da aldeia porque o senhorialíssimo e a economia de subsistências mantinham os aldeões curvados sobre o solo e , e as técnicas agrícolas primitivas não lhe derem qualquer oportunidade de se desencuravarem” (p.41)
Ninguém pensava nelas como criaturas inocentes , nem na própria infância como uma fase diferente da vida, claramente distinta da adolescência , da juventude e da fase adulta a por estilos especiais de se vestir e de se comportar” (p.45) “A COISA MAIS ENGRAÇADA , que aconteceu na gráfica de Jacques Vincet , segundo um operário que testemunhou o fato, foi um massacre de gatos.”(p.105)
“Onde está o humor num grupo de homens adultos balindo como bodes batendo com seus instrumentos de trabalho , enquanto um adolescente reencena a matança de um animal indefenso?(p.108)
“A história avança através da perfeição das artes e das ciências ; as artes e as ciências melhoravam através dos esforços dos homens de letras ; e os homens de letras forneciam a força matriz para todo o processo , funcionado como philosohphes” (p.269)
”Entender como os franceses liam livros no século XXIII, é entender como as pensavam –ou seja , como pensavam aqueles entre eles, que podiam participar da transmissão do pensamento por meio dos símbolos perdidos” (p. 278)
O livro “O grande Massacre de Gatos e outros episódios da cultura francesa”, foi escrito pelo historiador francês Robert Dalton, o autor trabalha com fontes como jornais, contos infantis dos Grimm, relatórios dos intelectuais da época feitos por D”Hemery, o livro de pagamento do STN , das gráficas da França, entre outros e trabalha com uma linha de pesquisa voltada para as mentalidades.
O livro aborda as varias versões que existem sobre contos como branca de neve e os sete anões, chapeuzinho vermelho, João e o pé de Feijão, etc, Darton tenta através desses contos entender como a sociedade lidava com seus problemas, demostravam a forma que as pessoas pensavam, sua maneira de viver, seus valores e atitudes , argumenta que as versões dos contos escritos são reais, entretanto é difícil saber como eles eram contados oralmente pelas pessoas, com qual tonalidade eram narrados os eventos, por exemplo no momento que o lobo mal comia a vovozinha e a chapeuzinho vermelho, ele traz á balia que o modo que os contos eram narrados afeta as historias e as intencionalidades de se conta-las.
“Na verdade no entanto, os contos populares, são documentos históricos. Surgem ao longo de muitos séculos e sofreram diferentes transformações em diferentes tradições culturais” (p.26)
Robert a todo o momento explica as semelhanças e divergências entre os contos franceses e alemães, ele salienta que os germânicos possuem mais terror e fantasia, e os franceses se caracterizavam por sua pitada de comédia. Frisa a questão que trabalhar com a história das mentalidades é complexo, porque não se é exata e requer métodos divergentes de outros campos da história. Ele faz uma analise critica dos contos no primeiro capitulo intitulado “Historias que os camponeses contam: O significado de mamãe Ganzo” traz á baila que a história pouco muda nesse período suas estruturas mentais, o que ficou conhecido por história “imóvel” ou história de” longa duração” , por isso os contos tem estruturas muito semelhantes e sua moral parecidas como “O Padrinho da Morte” por exemplo tem a moral, que não se pode enganar a morte, por um longo período de tempo por que um dia ele vai ser mais esperta que o personagem e vai mata-lo, e o da chapeuzinho vermelho, que não se pode desobedecer a mãe. “A História parecia “imóvel” no nível da aldeia porque o senhorialíssimo e a economia de subsistências mantinham os aldeões curvados sobre o solo e , e as técnicas agrícolas primitivas não lhe derem qualquer oportunidade de se desencuravarem” (p.41)
Salienta que a população francesa viveu em condições malthusianas, e de precariedade até 1730 . “Ninguém pensava nelas como criaturas inocentes , nem na própria infância como uma fase diferente da vida, claramente distinta da adolescência , da juventude e da fase adulta a por estilos especiais de se vestir e de se comportar” (p.45) as crianças não eram bem alimentadas e não possuíam boas condições de vida, nesse período, o número de natimortos, era elevado, por causa que os pais possuíam poucos recursos financeiros, as condições higiênicas não eram favoráveis e os pais possuíam o hábito de dormir com os filhos menores de um ano, em sua cama, o que muitas vezes matava a criança sufocada . O conto mais peculiar e interessante do livro é o massacre de gatos, que está no capitulo dois, intitulado “Os Trabalhadores se revoltam: O Grande Massacre de gatos na rua Saint-Severin, o fato foi escrito por Contant, cerca de vinte anos, o ocorrido, por isso não é exato e apresenta algumas divergências no modo de se contado, o evento ocorreu da seguinte maneira um dos donos de gráfica, possuía vários gatos, que estavam atrapalhando os funcionários dormirem, por causa do seu miado , e por isso um dos trabalhadores, chamado Levelle que era um talentoso imitador de animais, subiu no telhado da casa, e começou a imitar um felino, atrapalhando á noite de sono do patrão e de seus vizinhos, por isso é decidido matar os gatos, e a gata da burguesa. “A COISA MAIS ENGRAÇADA , que aconteceu na gráfica de Jacques Vincet , segundo um operário que testemunhou o fato, foi um massacre de gatos.”(p.105)
“Onde está o humor num grupo de homens adultos balindo como bodes batendo com seus instrumentos de trabalho , enquanto um adolescente reencena a matança de um animal indefenso?(p.108) Fica difícil para nós, nos tempos atuais entendemos a brincadeira , porque não conhecemos a realidade e o significado dos gatos, deste o tempo egípcio. Os gatos são geralmente associados a demônios e o ataque aos gatos pode ter sido uma forma de confronto indireto dos proletariados com os burgueses, os funcionários estavam com raiva dos animais, porque estavam recebendo alimentação e hospitalidade melhor que eles.
A população de Paris, possuía o habito de queimar gatos , houve até um gato que foi vestido com um padre, para fazer uma critica a Igreja protestante , os felinos estavam sempre associados a espíritos ruins, demônios, satanismo e ao mal, os gatos podem ter estrangulado bêbes ou serem feiticeiros desfasados, o fato que realmente importa é que os burgueses eram uma classe supersticiosa e os trabalhadores se aproveitam disso para afronta-los. Existe uma possibilidade de os trabalhadores da gráfica, terem considerado que a sua patroa, teve um relacionamento com o padre, por isso seu marido era “🤬 #$%!& ”, matando a gata, os funcionários da gráfica simbolicamente violam a sua padroa, era como se fosse um estrupo.
É possível analisar no capitulo três, chamado de “Um Burguês organiza seu mundo A Cidade como seu mundo “ que a literatura e a intelectualidade francesa são vistos apenas de uma perspectiva burguesa, sem se importar com a historia das classes mais baixas. “
Salienta que as estruturas que a sociedade era organizada, eram semelhantes a da idade média, em três classes sociais, o Clero, que orava, os nobres que combatiam e os que trabalham, entretanto Montepelier autor de Descrition regornizou essa estrutura tirou o clero, argumentando que não era uma classe muito estimada, elevou os nobres a primeiro estado e acrescentou a burguesia para o segundo estado .
Salienta que nessa época os fabricantes não produziam em grande escala, porque tinham medo do produto exceder, por isso só produziam em pequenas quantidades, era pouco lucro, que eles possuíam, entretanto não possuíam riscos de quebrar, traz informações que a classe burguesa gastava cerca de 60 mil libras em um casamento, enquanto a nobreza, gastava entre dez e vinte mil, a ociosidade era vista, pelo autor de Descrition, como pecado, o cidadão deveria ter responsabilidades, tem uma emprego, ou seja uma visão claramente clerical e medieval a respeito da preguiça e da ociosidade
Os relatórios de D’Hemery foram analisados para observar quem eram, qual a idade, data de nascimento, e profissão de 501 pessoas , a qual publicaram algum livro ou escrito que teve alguma importância para a sociedade da época. Na página cento e noventa e seis, Dalton traz um quadro mostrando índices e taxas das medias que as pessoas possuíam quando escreviam algum material filosófico ou cientifico, trazendo um pouca de História quantitativa, para mostrar maior rigor cientifico a sua obra. No capitulo quatro intitulado “Um Inspetor de policia organiza seus arquivos : a anatomia da republica das letras” o autor faz uma observação das caraterísticas físicas, profissionais e do caractere dos intelectuais que escrevem algo de importante e das profissões dos mesmos, ele relata que cerca de trinta e seis por cento deles trabalhava como ou dependiam de renda que era dada pelo protetor.
Ele salienta que esses dados, tabelas e informações apresentados não podem ser encarados como verdade absoluta pelo fato que o papel do Historiador é organizar os arquivos, cruzar as fontes tentar criar uma realidade aceitável sobre o passado. No capitulo cinco nomeado “Os filósofos podam a árvore do conhecimento: A estratégia do Conhecimento: A estratégia epistemológica da Encycopedie, o autor traz informações do tipo, quem foram algumas pessoas que criaram a enciclopédia, que ela foi de extrema importância para a sociedade da época e ajudou a fazer com que o clero perdesse sua importância para terminar o comportamento das pessoas.
D´Hermery considerou a bíblia como um conto de fadas, e o judaísmo, cristianismo e judaísmo são religiões absurdas. “A história avança através da perfeição das artes e das ciências ; as artes e as ciências melhoravam através dos esforços dos homens de letras ; e os homens de letras forneciam a força matriz para todo o processo , funcionado como philosohphes” (p.269) No capitulo 6° nomeado de “ ‘Os leitores respondem a Rousseau: a fabricação da sensibilidade romântica, ele frisa que foi Rousseau que deu sensibilidade a seus livros, e mudou a forma que as pessoas leem .”Entender como os franceses liam livros no século XXIII, é entender como as pensavam –ou seja , como pensavam aqueles entre eles, que podiam participar da transmissão do pensamento por meio dos símbolos perdidos” (p. 278) Rousse publicou um romance , em uma sociedade que esse tipo de obra não eram bem vista, porque eram considerados sexuais, pervertidos, etc. Ele salienta que um leitor realmente critico deve ser livrar dos preconceitos da sociedade , o autor citado , exigia que sua literatura fosse vista como uma verdade absoluta e um dos seus leitores denominado Ranson, considerava isso magnifico , criou uma técnica de “conversar” com seus leitores, a qual tornou-se muito popular, porque envolve o leitor.
Robert frisa que até o ano de 1750, os europeus não tinham acesso a muitos livros e não possuíam o hábito de ler, com frequência, outros autores argumentam que o nível de leitura aumentou, porque os livros aumentaram a quantidade, mas Robert salienta que Rousse foi um dos responsáveis por esse aumento.
Na Conclusão o autor argumenta que é difícil trabalhar com a história das mentalidades, porque supostamente ela tem influência dos fatores sociais e políticos, os comportamentos mudaram durante períodos estáveis e continuaram iguais , ele salienta que criticou os antropólogos porque abusam na relação entre cultura e linguagem, entretanto seus métodos tem fragilidades epistemologias como sua incapacidade de ter uma prova, e a representatividade, já que ele não pode nos dizer de que maneira e com qual tonalidade os seus contos analisados no livro eram narrados .