spoiler visualizarRonaldo Thomé 16/01/2020
Corajoso! Esta é a primeira palavra que vem à mente, quando o assunto é a obra de Noam Chomsky. O autor americano, de descendência judaica, se mostra não apenas um pensador polêmico e atual, mas também cético e bastante coerente, no que se refere a aspectos acadêmicos.
Noam se baseia na tradução anarquista, inspirada no anarcossocialismo; porém, seu pensamento inclui diversas ideias que parecem contraditórias - resultando num pensamento único e facilmente reconhecível.
Chomsky nos diz que toda autoridade deve ser questionada, mas que pode ser justificada em certas situações. Por exemplo: o Estado, para Chomsky, é uma fonte de poder ilegítima, porém é o único recurso que temos para evitar outras forças mais perigosas, como a exploração das grandes corporações e do capital em geral. Em certas ocasiões, o uso da autoridade pode ser justificável - por exemplo, quando uma criança desobedece aos pais e se põe em situação de risco.
A questão é: para Noam, o ônus da prova é da autoridade; qualquer que seja - um pai, uma mãe, um governante, ou até mesmo uma empresa - ela precisa provar que seus atos estão dentro de limites éticos, que não prejudiquem os demais envolvidos. Desta forma, o pensador com certeza desagrada a muitas pessoas, uma vez que suas ideias são muito flexíveis, e até genéricas - Chomsky se recusa, por exemplo, a falar sobre como seria uma futura sociedade anarquista.
Entretanto, não se pode negar que o autor é bastante lúcido e provoca grandes reflexões. Por exemplo, é irônico que seu trabalho tenha sido rejeitado, em sua primeira fase, por publicações anarquistas; Chomsky encontrou espaço apenas em periódicos da extrema direita (!).
A recusa em falar sobre alternativas sobre uma futura sociedade pode parecer covardia; mas esconde, por baixo, uma preocupação justa: como saber se estamos certos e não prejudicaremos mais ainda aqueles que já sofrem? Com certeza, Noam Chomsky é um pensador fundamental, que nos leva a refletir muito sobre nossas ações.
Recomendado para: quem quer entender que a ideologia é importante, mas a ação e a ética são fundamentais, antes de se fazer qualquer coisa.
Nota: 10,0 de 10,0.