Carla.Parreira 21/10/2023
Casamento Blindado
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O livro ganhou significativa repercussão por causa do programa de televisão Love School ? Escola do amor apresentado pelos autores da obra no canal 10, Rede Record, emissora do genro do autor e pai da autora. O livro começa relatando que, quando nos casamos, geralmente não conhecemos a bagagem que o parceiro traz de suas experiências anteriores. Então, é como se o outro fizesse uma grande mala da sua bagagem emocional e, aos poucos, com a convivência, essa mala vai sendo aberta e dela saem coisas que não esperávamos encontrar. Assim, defeitos começam a aparecer no outro. A palavra chave do livro é racionalidade. O uso da razão proposto por Renato e Cristiane é voltado para a resolução de problemas conjugais. Talvez o livro possa ser considerado muito pragmático e pouco espiritual, afinal de contas, diz sobre vencer a natureza pecaminosa em favor do relacionamento e, segundo eles, isso começa com o convencimento pela Palavra de Deus e tem sua concretização com o agir do Espírito Santo. Certamente os autores quiseram abranger um público independente de religião, mas os versículos e muitos princípios bíblicos fazem parte da constituição do texto. O pragmatismo e racionalismo do livro são feitos de maneira que trazem alguns resultados concretos para os que estão dispostos a colocar em prática as propostas do livro. Isso mesmo: é para quem está disposto a lutar pelo bem estar do relacionamento, pois o livro ataca muitas ilusões, como por exemplo, o mito de encontrar ?a pessoa certa?. A responsabilidade do sucesso está inteiramente sobre os cônjuges, e isso não que dizer que seja preciso culpar o outro. Antes, é preciso transformar a si mesmo.
Ponto fundamental: quer construir um relacionamento saudável, forte, que possibilita a felicidade dos envolvidos? Mude a si mesmo! Se o outro tem características ou hábitos que me prejudicam na relação com ele, então devo focar-me e esforçar-me para mudar em mim o que me desagrada no outro. Um ponto bem interessante do livro é a apresentação de ideias e princípios seguidos de tarefas.
No segundo capitulo, por exemplo, é apresentado que o casal deve procurar a raiz ou causa dos problemas, procurando solucioná-la, e não ficar apenas atuando nas consequências dos mesmos, em um ciclo sem fim.
No sexto capítulo os autores propõem dez passos para que isso se concretize:
1. Reunir-se e iniciar comunicação imediatamente.
2. Ouvir.
3. Perguntar.
4. Focar nos fatos.
5. Explorar ideias.
6. Propor uma solução.
7. Concordar com um plano de ação.
8. Definir quem fará o que e fazer.
9. Ver se está funcionando.
10. Sim? Continuar. Não? Repetir o processo.
Primeira dica: A vida de alguns casais se torna enfadonha porque eles ficam tomados pelas obrigações do dia a dia e deixam de investir em momentos de diversão e alegria. Casamento não é apenas pagar contas, pensar no trabalho e educar os filhos. Uma forma de evitar que o convívio fique maçante e transforme a relação quase em um fardo é investir em atividades de lazer estimulantes para os dois. O importante é abrir espaço para o prazer. Surpreender o parceiro é essencial. A relação amorosa precisa de dedicação. Reiterar o eu te amo já é um ótimo começo.
Segunda dica: É uma atitude feminina até comum fechar a cara, fazer bico e ficar em silêncio quando o marido faz algo que desagrada, mas o certo seria expor e dizer abertamente sobre o que não gostou ou a magoou. Os homens não tem bola de cristal para saber o que passa na cabeça das mulheres e, às vezes, também falta sensibilidade para perceber que marcar futebol no dia do aniversário de casamento vai deixar a companheira ofendida. Porém, isso não necessariamente denota falta de amor. Para preservar a relação, é preciso dizer o que incomoda. Com o tempo, pequenas tristezas se somam e viram uma grande raiva. Tem pessoas que, ao invés de dialogar com o parceiro, sai reclamando dele e dos defeitos dele para todo mundo. É possível desabafar com um amigo ou parente, mas é preciso levar em consideração o grau de isenção da pessoa escolhida. Além do mais, é sempre importante lembrar que existem intimidades que dizem respeito apenas ao casal e que desabafar é bem diferente de maldizer. Terceira dica: Não é raro as pessoas criarem expectativas altas demais sobre o casamento. O problema é que, assim, a frustração é inevitável. Em relações longas, é normal que existam momentos em que a energia fique mais voltada para o trabalho, à família ou os amigos, mas isso não significa que a pessoa esteja gostando menos do companheiro. Muitos casais que se separam porque um dos cônjuges se iludiu com a vida fora do lar, costumam reatar depois de um tempo de pausa. Em geral, quando decidimos unir nossa vida à de alguém, desejamos futuros parecidos e conversamos animadamente sobre isso. Mas, como passar do tempo, os planos de um ou de outro podem e costumam mudar. É preciso ter sabedoria e serenidade para entender que esse tipo de alteração na rota não é uma traição e faz parte de qualquer relação amorosa. Para evitar o ressentimento e cobranças futuras, as grandes decisões devem ser tomadas realmente a dois, em uma conversa transparente e clara, ainda que dura. A questão, às vezes, não é ceder ou renunciar, mas exercer a tolerância e cooperar para o bem maior dos dois. Cada vez mais as pessoas consideram que elas são o único lado importante da relação. Só pensam nas próprias questões, mas reclamam do quanto são incompreendidas pelo parceiro. O resultado de tanto individualismo é que as pessoas estão se sentindo mais isoladas e solitárias dentro do casamento. Para restabelecer a comunicação perdida, primeiro é preciso entender a diferença entre diálogo e discussão. No diálogo, um diz ao outro como se sente. Na discussão, um acusa o outro de fazer coisas erradas. Portanto, é preciso se colocar no lugar do parceiro e procurar ver as questões também sob o ponto de vista dele. Cada um tem a sua maneira de expor os problemas. Para quem tem dificuldade de falar, pode-se propor escrever uma carta. Às vezes, apenas perceber a intenção de resolver a questão já é o suficiente para o parceiro dar a questão por encerrada.
O livro apresenta uma estatística de que, a cada dez casamentos, seis terminam com o divórcio e, com isso, ensina que devemos aceitar os defeitos do outro para manter a boa convivência antes que uma separação seja a única solução. Segundo os autores, a maioria dos problemas matrimoniais é recorrente e não basta saber resolver o problema de hoje, é preciso cortar o mal pela raiz, ou seja, ser prático e ir direto ao ponto. Inconscientemente nós guardamos mágoas para jogar a nossa dor na cara de quem nos magoou e, assim, alimentamos o nosso papel de vítima sofredora. Entretanto, pessoas seguras de si não ficam nesse masoquismo e, principalmente, não sentem ciúmes, porque são autoconfiantes e sabem se autovalorizar sem precisar vigiar o outro ou mendigar amor. Sozinho nós conseguimos o possível, mas com Deus conseguimos o impossível. É assim que lidamos com as pessoas que têm o coração de pedra e que preferem nunca ceder ou perder a razão de estarem certos em tudo. Muitos problemas seriam resolvidos se o orgulho fosse retirado de cena. O orgulhoso prefere extrair um dente sem anestesia a pedir perdão. Todo sentimento negativo que não é devidamente processado e eliminado do coração acaba se tornando uma pedra. O casamento é uma troca de aprendizado constante e devemos usar isso ao nosso favor.
A mulher quer que seu homem seja sua rocha, seu porto seguro no relacionamento. Ela quer ter a segurança de que pode descarregar tudo sobre ele - raiva, frustração, tristeza - sem ele ficar desconfortável ou se abalar. Em vez de ele reagir, a mulher quer que o seu homem permaneça firme enquanto procura compreendê-la e ancorá-la durante aquele momento difícil. Tarefa nada fácil para ele, claro, mas possível.
O homem quer que a mulher confie nele, não fique esperando que ele lhe conte todos os seus problemas com o nível de detalhe de uma asa de borboleta. Essa confiança ela pode demonstrar deixando que ele se resolva, mas sem abandoná-lo. Ele quer que ela fique por perto, ainda que em silêncio, mostrando com seus gestos de gentileza que ela confia na capacidade dele de superar qualquer situação. Um relacionamento para existir de forma saudável, deve somar sempre. Subtrair, nunca! Amar é um sentimento tão sublime como a liberdade. Devemos ser o que somos e no encontro de uma paixão, que possamos viver a possibilidade de um convite mútuo a uma vida compartilhada da exata somatória das trocas destes dois universos. É justamente na colheita de nossas vivências que vamos gradualmente ampliando nossas ópticas e assim esboçando novas compreensões de velhos textos conhecidos. Como pode? Como seria possível visões anteriormente tão limitadas e hoje percepções tão diversas? As maiores consequências do amadurecimento se dão em forma de novas lentes de contato para a realidade. Só podemos enxergar o que vemos, e o que percebemos está diretamente ligado com as possibilidades de nosso alcance emocional. O parceiro perfeitinho idealizado não existe e isso tem que ficar muito claro, se não, ficaremos eternamente traçando paralelos com princesas e príncipes encantados que só existe na ficção, o que é sempre inatingível e muito longe da realidade. Pois bem, a verdade é essa, assim que vamos familiarizando com inúmeras características de quem está ao nosso lado, invariavelmente muitos aspectos que nos incomodam passam a prender nossa atenção e incomodar muito! Pode ser a desorganização, a falta de diálogo, excesso de estresse, pouco afeto, a má administração das contas de casa, o excesso de problemas com a sogra, a forma desatenta de educar as crianças, as saídas, o entra e sai de amigos espaçosos e até o futebol semanal e religioso começa a incomodar. Começamos um relacionamento recheados de expectativas, desejos, idealizações e quanto mais conseguirmos dar espaço para que a nova história seja contada com toda sua espontaneidade, mais personalidade ela terá e não será contaminada com experiências negativas ou até positivas de outros relacionamentos pregressos. Se no seu último envolvimento houve traição, crises homéricas de ciúme ou excessivo estresse, por exemplo, não quer dizer que todos os relacionamentos sejam assim. E pensar dessa forma pode vir a embargar muitas novas experiências amorosas. Há pessoas que viveram situações dificílimas e muito dolorosas no passado, mas conseguiram tirar grande aprendizado delas, tornando-se mais experientes com essas vivências e, fortalecidas, posicionam-se de forma mais saudável em suas interações afetivas, o que reflete nas suas atitudes e escolhas. Por outro lado, outras pessoas, ao sofrerem fortes impactos em suas relações, podem se desestruturar de tal modo que, mais inseguras, com a autoestima ferida, optam pelo posicionamento de vítimas da situação. Neste lugar, o indivíduo se exime das possibilidades de crescimento e revisões acerca de suas condutas anteriores. Assim, dificilmente se dará conta de condutas colaborativas a dinâmicas pouco saudáveis ou mesmo destrutivas, podendo repetir a dose em outra relação e se frustrar novamente. É necessária a percepção de padrões relacionais falhos para que consigamos reconstruí-los, caso contrário, podemos até mudar de parceiro, mas repetiremos os mesmos comportamentos que nos levarão a desfechos semelhantes.
No momento em que conseguimos identificar traumas do passado que insistem em assombrar nosso presente, temos a oportunidade de rever nosso histórico com um olhar atual menos contaminado e envolvido, que poderá enxergar muito mais do que podíamos naquele momento de paralisação em nossas limitações emocionais. Feito isto, mais ponderados e amadurecidos, absorveremos experiências passadas como valiosíssimas lições daquilo que nos faz bem ou não, do que devemos repetir ou mesmo extinguir em nosso comportamento e vida. Enquanto nos posicionarmos resistentes para rever o passado de forma a elaborá-lo, qualquer que seja a vivência atual que nos relembre ou mesmo se assemelhe às experiências vividas e sofridas repercutirá em prejuízos emocionais, como alterações de humor, sentimentos de inseguranças, vulnerabilidade, rigidez emocional, dentre outros. A verdade é que desenvolvemos, em nosso ambiente familiar, laços afetivos e noções vinculares que, uma vez internalizadas, ditarão nosso modo de entender formas de amar e ser amado. Quando nesse período somos vítimas de abusos morais e/ou físicos, sofremos hostilidades, ou de alguma forma não temos nossas necessidades emocionais supridas, tendemos a absorver modelos relacionais falhos que, se não reestruturados, perpetuarão por toda uma vida. Diante de uma estrutura emocional desnutrida, o indivíduo carrega a sensação de vazio e vulnerabilidade para qualquer que seja o relacionamento que se aventure. Em função de uma intensa baixa autoestima, tende a frequentemente escolher parceiros emocionalmente deficitários, indisponíveis e negligentes, reproduzindo o modelo conhecido. A principal característica desses relacionamentos é a busca incessante de fundir-se ao outro numa ânsia desenfreada de sentir-se amado e, de nenhum modo, correr o risco de ser abandonado. É claro que ninguém que embarque em uma relação amorosa deseja sofrer ou ser rejeitado. O problema é que aqueles que vivem o amor patológico estão convivendo todo o tempo enquanto se relacionam, com a sombra da desconfiança e com a sensação constante da ameaça de perda do objeto amado. Por esse motivo tendem ao comportamento controlador, ciumento, possessivo e de extrema insegurança e fragilidade. Nesta desenfreada luta inconsciente pela reparação do amor não correspondido, sem perceber o indivíduo alimenta repetidamente um ciclovicioso onde deseja incessantemente ser amado, mas ao escolher perfis compatíveis com os modelos internalizados, acaba sendo vítima da inviabilidade do desenvolvimento desse sentimento, e o desfecho é sempre o mesmo, o conhecido e tão temido abandono, junto ao aniquilador sentimento de rejeição. E como costumo ressaltar os trechos que mais gostei, aqui estão eles: ?...O problema não tem sido a falta de amor, mas sim a falta de ferramentas para resolver os problemas inerentes ao viver a dois. As pessoas ingressam no casamento com praticamente zero de habilidade em resolver problemas de convivência. Por alguma razão, isso não tem sido ensinado em lugar algum - não com a clareza e praticidade necessárias. Antigamente, esse ensino vinha dos pais. Quando os casamentos eram mais sólidos e exemplares, os filhos tinham nos pais um modelo natural de como se comportar em um relacionamento. Atualmente, os pais muitas vezes são um exemplo do que não fazer. Temos outro grande problema: a ignorância sobre o que é o amor... O primeiro passo é saber que a única maneira de se amar uma pessoa é conhecer mais a respeito dela. Muitos pensam, erroneamente, que amor é um sentimento. Amor produz sentimentos bons, sim, mas não é um sentimento em si. Se você vê uma pessoa pela primeira vez e sente algo bom por ela, mas depois não aprende a amá-la por quem ela é, aquele ?amor à primeira vista? não permanecerá. Amar não é sentir. Amar é conhecer a outra pessoa, admirar o que você conhece dela e olhar seus defeitos positivamente. Se nos dedicarmos, podemos aprender a amar praticamente qualquer pessoa ou coisa... Quando duas pessoas se casam, os passados de ambas também se juntam. E são eles, esses passados, que determinam o comportamento de cada um dentro do relacionamento. Por esse motivo, você não pode olhar somente para a pessoa com quem você está hoje, ainda que vocês já sejam casados há anos. Você tem que saber quem é essa pessoa desde a sua raiz, de onde ela veio, quem ela é, quais as circunstâncias e pessoas que a influenciaram e a fizeram ser a pessoa que é hoje - e tudo o que contribuiu para isso. Somente assim você poderá entender bem a situação e agir com eficácia... O seu passado faz parte de você, é impossível se livrar dele. Mas é possível, sim, aprender a lidar com ele, seja o que for. No entanto, se não sabem o passado um do outro, saberão como agir quando ele se manifestar lá na frente no casamento?... No relacionamento nós temos que desaprender coisas ruins para então aprender coisas boas. Temos que identificar os maus hábitos, aquilo que não funciona, e eliminá-los do nosso comportamento, desenvolvendo novos e melhores hábitos. Reconhecer isso é muito doloroso, mas imprescindível para a mudança... Se você quer blindar seu casamento, deve começar com a decisão de se tornar um expert em resolver problemas. Note: resolver problemas, não resolver pessoas. O seu foco tem que ser resolver o conflito entre vocês, mudar a situação, e não lutar contra a outra pessoa. É um erro achar que pode resolver a outra pessoa, mudá-la a seu gosto. Você não somente não o conseguirá, mas acabará achando que o problema é a outra pessoa e que, portanto, você deve se separar dela e encontrar outra. Quer dizer, você não aprendeu a resolver problemas no primeiro casamento, parte para o segundo sem essa habilidade, encontra os mesmos e ainda outros problemas, e continua fracassando no casamento... Nosso cônjuge se torna um espelho para nós porque reflete exatamente o que somos - tanto nosso lado bom quanto o ruim... O que normalmente acontece com os problemas de relacionamento é que eles são contornados, ignorados ou adiados em vez de resolvidos. O ciclo costuma ser assim: o casal tem um desentendimento; debate sobre o assunto sem muito progresso; os ânimos se esquentam; um acaba ferindo o outro com palavras ou pela posição inflexível; os dois cansam de debater, pois não conseguem acordo; desistem pelo cansaço e frustração; passa o tempo até que o desentendimento volta novamente... Quando se trata de fricções no relacionamento, um problema adiado é um problema piorado. Neste caso, o tempo é inimigo do casal. Uma das principais razões por que as pessoas decidem não lidar com o problema no relacionamento é o fato de a experiência ser extremamente dolorosa.