R...... 22/04/2015
Grandes Figuras em Quadrinhos - Tiradentes
A HQ é de 1959 e tem um desenvolvimento diferente das que encontramos hoje. O narrador ocupa muito espaço, em um excesso de textos que tornam o desenrolar cansativo, chato e os quadros estáticos, sem movimentos assinalados. Acho legal quando percebemos a ação das personagens em impressões visuais que também falam por si mesmas. Essa dinâmica e o enfoque histórico são pontos que não gostei.
No enfoque da história, a obra se inicia com a colonização, mostrando alguns eventos até a descoberta de riquezas pelos bandeirantes, principalmente o ouro em Minas. Daí para frente o desenrolar enfatiza a exploração e a subsequente orquestração política do movimento libertário - A Conjuração Mineira (prefiro esse termo e não Inconfidência). A HQ desenvolve-se mais no plano político. Seria mais interessante se as motivações fossemr enfatizadas em situações práticas, como a imposição e cobranças abusivas dos portugueses em sua exploração sobre a capitania, a cidade (Vila Rica) crescendo com a corrida do ouro e os portugueses se aproveitando da centralização dos produtos essenciais para exorbitar os preços (cobrando até pelo uso das estradas), e também a insatisfação pública com a derrama. Enfim, o retrato da sociedade da época, que incentivaram as razões existenciais da Conjuração. Essa visão realçaria muito mais a HQ no entendimento dos fatos, principalmente ao se considerar o leitor alvo dessas revistas. o público infantojuvenil.
De positivo conheci algumas coisas que não sabia, como contato dos conjurados com o Thomas Jefferson, presidente da nação americana, recentemente independente do domínio inglês. Sabia dos ideais inspiradores da independência, mas desconhecia a troca de cartas em busca de apoio com a eclosão do movimento libertário. O contato foi através de José Joaquim Maia e Barbalho. Registre-se também que é um fato discutível e aceitável ou não entre os historiadores.
A HQ não fomenta isso de enforcarem o Tiradentes feito um Beato Salú (vai sacar a turma das antigas, da época do Roque Santeiro), citando que teve cabeça raspada, foi barbeado e não estava andrajoso. Informação positiva, porém, a HQ segue um pouco dessa tendência de correlação com a vida de Cristo mostrando até uma Via Crucis do alferes no Rio. Aí já não gostei disso, que é só uma manobra ideológica interesseira.
A meu ver a obra é politizada demais e poderia ser mais simples na abordagem.
Em minhas impressões foi assim.