spoiler visualizarCamila1856 22/01/2024
Esse livro é daquele tipo que você vai descascando aos poucos ao contar para alguém e, então, percebe sua grandeza. O começo achei realmente muito cansativo, sem graça, mas ao final comecei a entender o real motivo dele ser assim: Michel ao começo filosofa sobre questões de liberdade e justifica suas ações sem nem antes as contar, para assim quando o fazer, dizer de forma tão corriqueira, que sua suposta "imoralidade" não me foi estranhada.
"Saber libertar-se não é nada; o difícil é saber ser livre."
Quando finalmente liberto, Michel não faz nada mais que ser liberto e, por isso, é condenado à imoralidade. A história começa e termina com o espanto de seus amigos com suas ações, mas estes nunca pontuam exatamente o que ele fez de errado, mesmo sabendo. É como se não houvesse algo que podem apontar justamente. Essa é a magia do livro, tanto como eles, não conseguimos apontar dedos sem estar um pouco receosos.
Sinto-me na obrigação de opinar sobre a relação entre Michel e Marcelina.
Acontece que a relação dos dois, em minha visão, mesmo não sendo aquela esperada de um casamento convencional - o que não é de se surpreender, visto que foi arranjado e ambos mal se amavam quando oficializaram - nunca deixou de haver muito amor. Acredito que tratava-se mais de uma cumplicidade, uma amizade com muito afeto e, posso dizer sim, respeito - dentro dos limites acordados, silenciosamente, entre eles. Marcelina devia saber a verdade, Michel voltava tarde em casa e tinha muito apreço a certas pessoas, ainda assim, ela aceitava calada, mas não de forma submissa, por um medo do abandono, porque acredito sim que acreditava em seu amor.
Ainda assim, achei a leitura um tanto prolongada, com detalhes demais sem tanta necessidade - claro, no pouco que entendo de literatura - e, por isso, no momento em que leio, 4,0 parece justo. Talvez repense no futuro.