Erivaldo.Araujo 05/09/2015
Mundo da Crônica
Em Gol de Padre e Outras Crônicas, encontramos a caracterização de tipos comuns: o adulto que se permite ter um instante de menino, recordando sua infância; o marido adúltero que acredita estar enganando, mas descobre que também está sendo enganado; o grupo de amigos que fica no bar até tarde e leva bronca quando chega a casa, entre outros. Com histórias do cotidiano o autor constrói um interessante panorama da sociedade em geral.
Os personagens das crônicas de Stanislaw Ponte Preta são caracterizados de forma bastante superficial, muitos não chegam a receber um nome, só sabemos o suficiente para entender as histórias. Por isso, em muita das crônicas, dizemos que o narrador executa as ações, pois seu nome, muitas vezes, não é relevado. Por tratar-se de narrativas muito curtas, o foco das histórias não é a construção dos personagens, mas sim a situação.
Por trás das histórias cheias de humor, havia uma crítica à política e ao moralismo vigente na sociedade da época. Através de sua narrativa, as situações comuns vividas no dia a dia ganham um olhar peculiar, o que faz o leitor rir e ao mesmo tempo questionar a realidade. Suas críticas são feitas com humor e ironia, o que proporciona uma leitura descontraída, mas que revela muito sobre as questões sociais e psicológicas da cidade do Rio de Janeiro nos 60.
A falta de profunda caracterização dos personagens é comum ao estilo de narrativa breve, como a crônica. Isso se dá porque o foco neste tipo de narrativa está na situação apresentada. Ao final da história, podemos observar uma moral, uma mensagem que o autor deseja transmitir: seja a de não deixar morrer o lado criança que existe em cada adulto, mostrar que aquele que se acha esperto pode se surpreender ou fazer uma crítica ao funcionalismo público.