SamellaFonseca 16/05/2015Resenha exclusiva para o blog SammySacional
O romance de Gleize Costa foi mais uma daquelas leituras que começaram de forma despretensiosa e que, apesar de eu não ter me apaixonado por ela, ainda assim, foi uma leitura muito gostosa e agradável de ser feita. A identificação, também, não poderia ser mais natural, afinal, que leitor nunca se apaixonou por um personagem literário (ou mais de um, quem sabe)? Eu mesma tenho uma lista considerável de crushes literários e são tantos suspiros para cada um que seria impossível escolher um só, mas, diferentemente de mim, a Jade não teve problemas ao se encantar e escolher apenas um deles.
Com uma narrativa fluida e leve, seguimos com Jade, uma então bancária de 24 anos que sempre fora apaixonada por livros. Dedicava-se horas a fio em leituras dos mais diversos romances, mas ao se ver traída da forma mais inesperada e chocante possível, seu lado romântico apagou-se e suas leituras passaram a centralizar os policiais. Sua vida segue tranquila com essa mudança literária até que sua melhor amiga da faculdade, Karen, resolve apresentar a ela um romance que, diferentemente dos anteriores, irá resgatar não apenas o romantismo guardado em seu íntimo, mas também fazer nascer um amor inusitado pelo mocinho da história. Isso seria completamente normal se, no entanto, um rosto específico não começasse a rondar sua mente, ao ponto de Jade começar a questionar se ele é real ou não. Afinal, o mocinho literário não poderia existir realmente... Ou poderia?
Primeiro de tudo, gostaria de parabenizar a autora por desenvolver uma narrativa tão gostosa e envolvente. Foi fácil me envolver com o enredo e seus personagens já nas primeiras páginas, e isso é particularmente uma coisa que valorizo muito em uma história, pois, por muitas vezes, não consigo me conectar aos pensamentos e sensações do protagonista, ou sequer de algum outro personagem, e isso me distancia um pouco da narrativa. Com Meu Namorado Literário, felizmente, isso não aconteceu, o que acabou compensando a conexão, digamos, 'instável', que tive com a protagonista, Jade.
Já no prólogo da história a personagem nos dá uma descrição por alto de sua personalidade, descrita anteriormente como romântica e sonhadora, mas sendo, atualmente, uma garota mais sensata, racional, que não se prende muito à questão da busca pelo seu verdadeiro amor e que, na verdade, nem mesmo parece acreditar realmente nisso. No decorrer dos outros capítulos, no entanto, quando o livro "Ao Entardecer" é apresentado à ela pela Karen, as coisas já começaram a mudar. À medida que ela se via apaixonada pelo mocinho da história e deparava-se, então, com o suposto rosto deste em seus pensamentos, percebi que ela passou a ficar um pouco 'ligada' demais à ele, e quando Miguel, quase uma versão real do personagem Daniel, adentra à história, encantando-a totalmente, não demora até que a narrativa assuma um tom um tanto quanto meloso.
Não vou negar que Miguel Mancini é um personagem certamente muito charmoso e encantador, assim como seu irmão Henrique, além de ser um rapaz muito gentil e atencioso com aqueles que ama, mas eu particularmente me senti um pouco incomodada com a forma um tanto quanto rápida demais com que o romance dele com a Jade se desenvolveu. Entendo que, supostamente, ela já estava apaixonada por ele desde antes de conhecê-lo, de certa forma, mas ao passo que eles se envolvem cada vez mais, a narrativa assumia um tom muito meloso e pairava aquele ar de 'não consigo mais viver sem você'. Em quase todos os momentos que estavam separados, pensavam um no outro com afinco e isso se tornou um pouco em excesso para mim. Pois, não sei vocês, mas eu, sinceramente, me irrito muito com esses casais que parecem que não podem viver um sem o outro, e que fazem declarações de amor eterno o tempo todo e coisas do tipo. Sei lá, soa meio forçado para mim, e me faz distanciar pouco do enredo.
Felizmente, Gleize desenvolveu todo um enredo por trás do romance e, com o passar das páginas, vamos nos deparando com novos personagens e novas revelações que reverberam diretamente no relacionamento do então casal. Lívia, principalmente, por ser a escritora tão querida de "Ao Entardecer" que, no entanto, dedicou sua vida inteira a amar, de forma obsessiva, um homem que não retribuía-lhe o sentimento, e que mesmo no auge do novo amor deste, ela ainda se mostra guardando pequenos segredos que poderão fazer toda uma diferença, positiva ou negativa, no romance de nossa protagonista. Nesses momentos, voltei a me envolver, com ainda mais força, com o enredo e a leitura se seguiu ainda mais ágil do que no início.
Enfim, apesar de alguns deslizes com relação ao romance do casal principal, Meu Namorado Literário foi uma leitura leve e muito gostosa de ser feita, que me envolveu e me satisfez na medida certa, com um bom elenco de personagens secundários, por sinal, e uma escrita tão fluida que eu não sentia a menor vontade de parar a leitura. O final, por sua vez, também deixa uma certa margem de história futura para a Lívia, e por mais que a autora não tivesse planos, inicialmente, de uma sequência, fico feliz de dizer que, sim, Meu Namorado Literário 2 - O Estranho Sem Rosto já se encontra disponível na Amazon (e que eu, à propósito, já estou lendo), uma notícia que, nesse mês de Maio, muito me alegrou, depois de ter imaginado o futuro que a então nova protagonista poderia vir a ter, e, agora, há a chance de descobrir como a história dela terminou. No fim das contas, se você gosta de um romance leve e que envolve o leitor na medida certa, então, só tenho a recomendar Meu Namorado Literário!
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