SanhaAo 24/06/2021
Ficamos cara a cara com Vargas, Lott, JK, Jânio e Jango
A narrativa de novela nos bastidores do poder brasileiro (parte I do livro, que compreende 80% do texto) é envolvente, nos aproximando daquele tempo histórico. O autor nos brinda com uma imersão no dia a dia da política, ou melhor dos indivíduos oficial ou oficiosamente dela encarregados. Não é um livro sobre ativismo e imobilismo de classes sociais e suas frações. Os embates sociais assumem, ao contrário, o típico lugar ocupado nas histórias mais tradicionais, o de que se um pano de fundo tremula é devido a qualquer espasmo difuso e inócuo. Não passam batidos elementos racistas e misóginos. Foi preconceito descarado reproduzir o escárnio sem nada acrescentar? Quis fazer uma fotogravura dos padrões de conduta da época sem meter o bedelho? Teria tido a intenção de criar uma ironia que falasse (e talvez até denunciasse) por ela própria? Já a subjetividade, que até então lhe faltara, sobrou em não raros saudosismos. Os grandes discursos, os maiores políticos, os melhores jornalistas? A enxertada ou enxerida parte II se destina a personalidades e lugares estrangeiros e, tal como a parte I, recorre a lembranças de encontros (Che) ou histórias ouvidas de fontes fidedignas. Como não manter um profundo respeito ao Flavio Tavares preso e exilado político? Seu mérito também alcança os fatos aqui narrados nos quais ele próprio esteve envolvido, na condição de jornalista que soube conquistar a simpatia do alto escalão e adentrar nas intimidades do palácio nacional.