Jow 30/03/2011A profundidade das palavras..."Se por vinte anos, nesta furna escura,
Deixei dormir a minha maldição,
- Hoje, velha e cansada da amargura,
Minh'alma se abrirá como um vulcão." Olavo Bilac.
Este é com certeza o livro mais obscuro e profundo saga de Percy Jackson. Rick Riordan mais uma vez se mostra um exímio artista das palavras, e faz com que cada diálogo, cada pensamento, cada ato, obtenha uma profundidade e uma sentença na vida de nosso protagonista.
A maldição que Percy carrega, é aos poucos revelada, e a sua curiosidade mais a sua insolência o levam a descobrir trechos daquilo que o espera, e ao lado de seus amigos. É Percy mais uma vez assume a sua responsabilidade, encara o efeito de ser um amaldiçoado mesmo contra a vontade de todos, assume o fardo que a ele é entregue, e não permite que a força das palavras recaiam sobre suas costas. Nosso herói é um garoto que não se permite esperar, que não espera que o destino entregue as cartas, mas entra no jogo de cabeça, e faz de tudo para salvar e aqueles que ama. Nem que pra isso, ele tenha que carregar o peso do mundo nas costas!
O ritmo continua frenético, com um enredo muito bem amarrado, cheio de surpresas, reviravoltas, muita ação, e, uma pitada de romance, Percy começa a perceber que está fortemente ligado a Annabeth, e devo confessar que a ausência dela em boa parte do livro, faz o enredo perder muito em criatividade e desenvoltura. Thalia, Bianca, Zoë,
Nico, conseguem suprir um pouco a falta da filha de Atena, e o modo em que eles são inseridos na história alavanca bastante a ação e as surpresas do livro.
Por fim, só nos resta o deleite de mais um livro muito bem construído, que certamente é o melhor da série até aqui, e que faz das palavras um grande aliado. Tanto para o bem, como para o mal. O mais irônico é que se tratando de deuses, quem pode dizer o que é o bem é o que é mal. Neste caso, as palavras se tornam subjetivas, e as ações é que ditam as regras.