Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil

Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil José de Souza Martins




Resenhas - Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil


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Cassia 04/08/2015

Foram o título e o subtítulo dessa obra que me despertaram a curiosidade de lê-la: tentar entender o que leva pessoas comuns, muitas vezes calmas, honestas e ordeiras a cometerem um linchamento, a fazer justiça com as próprias mãos.

De um modo geral, é uma obra interessante. Escrito em uma linguagem clara e boa, consegue dar explicações convincentes sobre o fenômeno do linchamento, suas causas e consequências, e apresenta uns pontos de vista bastante interessantes. Num feito raro em livros de Sociologia, é acadêmico sem ser de difícil compreensão.

Porém, a mim duas coisas incomodaram:

1) Em sua contracapa, a obra alega que o Brasil está entre os países que mais lincham no mundo, porém, achei que os dados apresentados - tanto nacionais quanto internacionais - não foram suficientes para fundamentar esta informação.

2) Como o autor explica no começo do livro, ele é uma reunião de trabalhos que ele vem realizando ao longo dos anos, no intuito de produzir uma obra maior, tratando do tema de forma mais aprofundada. Por isso, muitas vezes nos deparamos com artigos muito parecidos muito próximos uns dos outros, e a apresentação em sequência de determinadas afirmações e dados torna a leitura, por vezes, irritante e cansativa - dando uma sensação de que não vai sair do lugar, como um "cachorro correndo atrás do próprio rabo".

Ainda sim, um livro interessante e bem informativo. Vale uma lida.
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Marcos Pinto 11/08/2015

Um livro que faz pensar
Ficção é algo maravilhoso; porém, muitas vezes, é necessário ler algo que nos faça pensar, refletir sobre a realidade e nossa sociedade. Eu estava nesse momento e optei por Linchamentos: a justiça popular no Brasil. E posso afirmar, sem dúvidas, que não me arrependi. Já fazia algum tempo que eu não lia um livro com um conteúdo sociológico tão bom. Então, obviamente, precisava apresentar a obra a vocês.

José de Souza Martins, cientista social e professor titular aposentado da USP, nos apresenta uma verdade que incomoda: o Brasil é um dos países que mais lincha no mundo. E não são cem ou duzentos casos, o que já seria um absurdo; estamos falando de 2.579 pessoas linchadas nos últimos sessenta anos. É um número, no mínimo, aterrorizante.

José de Souza tenta encontrar o motivo para essa prática tão hedionda. E uma das possibilidades possíveis é que a sociedade brasileira se industrializa e se moderniza em uma superfície visível. Porém, nos cantos mais escuros do interior humano dos brasileiros, ainda apodrecemos. Afinal, os linchamentos se baseiam em julgamentos instantâneos, superficiais e sem fundamentação lógica e legal. Sem mencionar que, muitas vezes, é influenciado por motivos raciais ou de preconceitos diversos.

“O justiçamento popular se desenrola num plano complexo. Há nele evidência da força do inconsciente coletivo e do que estou chamando aqui de estruturas sociais profundas, as quais permanecem como que adormecidas sob as referências de conduta social atuais e de algum modo presentes também no comportamento individual” (p. 9).

Outro fato mencionado na obra e que me chamou muita a atenção foi a origem do linchamento em terras brasileiras. Pouco se sabe de uma maneira mais profunda, mas tal prática começou por aqui pouco depois da época monárquica. Aliás, um dos primeiros linchados foi um homem da força policial. O motivo do seu linchamento: abrigar ex-escravos em sua residência.

Outro ponto que me agradou bastante na obra foi a profunda pesquisa histórica e fundamentação acadêmica feita pelo autor. Martins apresenta ao leitor reportagens e manchetes de jornais antigos sobre o tema, o que solidifica a base de dados apresentados. Além disso, o autor usa-se de conceitos sociológicos bem trabalhados.

Não obstante o bom trabalho acadêmico do autor, a Contexto também fez o seu papel muito bem e preparou uma excelente apresentação física da obra para o leitor. O livro possui uma capa bonita e uma diagramação simples, porém, confortável. As páginas são brancas, contudo, como as letras são de um tamanho bom, a leitura não é atrapalhada. Tudo contribui para a boa apreciação do livro.

“Os linchamentos, de certo modo, são manifestações de agravamento dessa tensão constitutiva que somos. Crescem numericamente quando aumenta a insegurança em relação à proteção que a sociedade deve receber do Estado, quando as instituições não se mostram eficazes no cumprimento de suas funções, quando há medo em relação ao que a sociedade é ao lugar que cada um nela ocupa” (p. 11).

Diante de todos esses motivos, se torna impossível não indicar a obra, principalmente a quem procura uma boa leitura que irá acrescentar muito em sua visão de mundo. Linchamentos: a justiça popular no Brasil é, sem dúvidas, o melhor livro que eu já li sobre o tema.

site: http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2015/04/resenha-linchamentos-justica-popular-no.html
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Daniel432 04/12/2016

A Violência como Caminho para Corrigir a Violência
O título desta resenha pode ser simplista considerando toda a análise sociológica que o autor faz, mas essa é a conclusão a que cheguei.

Um linchamento pode começar em função de um boato infundado mas mesmo assim o boato contém fatos violentos que estimulam, pelo medo, as pessoas ao ato de linchar.

No linchamento a comunidade está dando o recado a todos seus membros e eventuais estranhos e recém chegados.

O autor nos mostra que há sim rituais no ato de linchar, rituais que visam demonstrar que a pessoa linchada não era humana,que seu corpo não é mais sagrado, que ele nada mais é que um animal.

Mas o melhor é você ler o livro e tirar suas próprias conclusões.
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lexsouza 25/04/2021

Linchamento como instrumento de "justiça"
O que leva o Brasil a ser um dos países com maiores casos de linchamentos? O que leva uma turba a participar desse ato coletivo de violência? O autor tenta trazer algumas respostas e teorias válidas.
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Milena 05/11/2021

O autor do livro, o professor José Martins, estuda sobre o tema linchamento há mais de dez anos. A sua pesquisa é bastante difundido, sendo nome presente nos diferentes referenciais bibliográficos.

A organização do livro segue uma forma didática, contendo uma ampla apresentação de dados... Dentre esses, menciono o primeiro linchamento que se tem registrado em nossa história, o qual ocorreu em 1585. Esse fato nos leva a percepção que o linchamento é uma prática muito antiga e pouco compreendida. É uma barbárie? Forma de manifestação destituída de civilização? Esses são alguns questionamento que podemos levantar.

O professor Martins, fornece explicações bastante coerente para a
ocorrência dessa prática, a qual consiste em uma forma de recuperar a ordem que se perdeu em um dado território (uma forma ausente dos valores humanística e jurídica).

Para além dessas questões, o livro expande a discussão do linchamento e nos revela que esse ato pode ter como motivação diferentes fatores... Elementos como localização e tempo influem na realização da prática de linchar.

De forma muito clara, Martins nos apresenta a ritualização de tal ato. Sim! O linchamento tem ritual, tem forma e atores.

Dentro desse contexto, percebemos as nuances que separam o linchamento do vigilantismo.

Penso que todos aqueles que se interessam pelo tema das práticas de justiça com as próprias mãos, deveriam realizar essa leitura.
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Patricia.Martins 07/12/2022

Livro excelente para quem trabalha ou pesquisa no campo do Direito penal ou da criminologia. Complemento para os ensinamentos de Rene Gérard referentes ao bode expiatório.
Traz um panorama dos linchamentos que ocorreram e ainda ocorrem no Brasil. O que leva as pessoas a cometer este crime e principalmente quem são as vítimas eleitas.
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