naotemlogin 27/09/2024
?Existe alguma coisa mais perigosa que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem??. Essa é a pergunta que resume a saga da Humanidade. Para entender melhor o ponto de partida para a reflexão que o autor nos propõe, a narrativa começa quando a família humana contava com seis diferentes membros - todos jovens primatas com características humanoide e disposições diferentes que se adequavam aos territórios que viviam -, até a estranhíssima ocorrência de apenas uma delas se sobressair as demais e fazer com que as mesmas desaparecessem.
Como sugere Harari, após esconder os esqueletos dos parentes ?impróprios? dentro dos armários do tempo, aquela que se auto-congratularam como ?os mais sábios?, começaram a dominar plantas, animais, visões de mundo, narrativas e tudo mais que estivesse a seu alcance. Não havia mais fronteiras para a imaginação e a capacidade coletiva do Sapiens em querer mais, em dizimar mais, em ir mais além. A quem a Humanidade deveria prestar contas quando era a única protagonista na Terra? Aos deuses do Olimpo? Aos deuses egípcios? As entidades naturais? Ao Deus dos israelitas? Quem sabe ao Deus cristão? Talvez a Alah? Ou aos deuses Hindus? Eram tantas as opções que, a medida que a História ia evoluindo, cada um foi escolhendo por si a quem recorrer para aliviar a consciência, enquanto guerreavam uns contra os outros para ver quem era mais sábio ou mais poderoso.
O fato é que essas perguntas, e pequenas constatações, vão se somando enquanto Harari nos faz refletir sobre o que é e o que se tornou a Humanidade nestes longos séculos e milênios que foram se desenrolando. Como também, nos leva a questionar tão veemente quem somos, ao mesmo tempo em que nos lembra que ainda somos parentes dos macacos, se torna uma constante. Um incômodo necessário para nos fazer pensar no quanto podemos ser cruéis, e não mais sábios, do que outros animais que agem por puro instinto.
Somos os primatas mais destrutivos e, por isso, os que conseguiram invadir o Éden e dominar todos os jardins? Ou somos os novos deuses, criados à imagem e à semelhança de um Ser divino e superior, com dons de rasgar todo o manto da Biologia, da Química, da Física e da História apenas para atender aos seus próprios interesses e tentar saciar a sua contínua sede de sempre ter mais do que merece? Não há como saber. Por mais que lutamos para nos convencer de nossa própria excepcionalidade, há aquele sussurro da consciência que nos afirma constantemente que somos apenas a continuidade dos primeiros Homo Sapiens.
Animais, mamíferos, primatas? humanos, demasiadamente humanos, sempre guiando os nossos pensamentos através de nossas emoções ou dos nossos mais profundos desejos de sermos reconhecidos como especiais.