Tauana Mariana 11/01/2016
Ler é uma necessidade-prazer
Meu pai sempre diz: Leia Ítalo Calvino e entenda por que ler os clássicos. Comecei 2016 seguindo (em parte) o conselho dele: lendo Calvino. Quando finalizei a leitura de Mundo escrito e Mundo não escrito, fui procurar outras obras do autor. Entendi – ou comecei a entender – a maestria com as palavras que meu pai insistia que eu conhecesse.
Como o próprio subtítulo do livro explica, este se trata de uma “coletânea”, diríamos assim, de diversos escritos do autor: artigos, entrevistas, conferências, resenhas, divagações, etc.
Calvino reflete sobre a arte da tradução, sobre o leitor, a leitura, o livro, a literatura. Fala a partir de aspectos mais abrangentes ou a partir de mais específicos, dissecando certa obra, certo autor, ou certo tipo de literatura. Em cada página o aprendizado é constante. Contudo, encantei-me (e sublinhei tudo) com a reflexão do autor enquanto leitor, enquanto este ser que lida com o mundo escrito e não escrito. Que encontra no mundo escrito soluções para o mundo não escrito, e que, saturado deste, refugia-se no mundo escrito novamente. É como se houvessem dois mundos. É como se houvessem duas vidas. O mundo das palavras, muitas vezes, é o mais sublime, pois ler é “mais que um exercício ótico, ler é um processo que mobiliza olhos e mente ao mesmo tempo, um processo de abstração, ou melhor, uma extração de concretude por operações abstratas, como reconhecer traços distintivos, fragmentar tudo o que vemos em elementos mínimos, recompô-los em segmentos significativos, descobrir à nossa volta regularidades, diferenças, recorrências, singularidades, substituições, redundâncias” (p. 111).
site: http://tauanaecoisasafins.blogspot.com.br/2016/01/mundo-escrito-e-mundo-nao-escrito.html