Lauraa Machado 28/03/2019
Bem bacana!
Eu resolvi ler esse livro por só duas razões: as capas dos livros dessa autora são lindas e eu preciso me apaixonar pela escrita de outra autora de ficção adolescente contemporânea. Não é justo ficar o tempo todo enchendo o saco da Rainbow Rowell no Instagram, pedindo novos livros. Já tinha visto outras pessoas falando da Emma Mills e, como nunca nem espero grandes coisas de livros adolescentes colegiais, não achava que iria me decepcionar, mas tampouco esperava me surpreender.
Imagine minha surpresa quando dois dos temas mais importantes do enredo são duas coisas que eu amo há anos e muito: Jane Austen e futebol americano. Quando a protagonista os mencionou, achei que seriam só detalhes, mas foram temas recorrentes demais e eu precisava avisar: se você ama os dois como eu, vai adorar o livro. Senão, se nem entende as regras de futebol americano, vai ficar perdido. Porque o enredo realmente gira em torno do futebol e tem algumas cenas que só funcionam se você entender como ele funciona.
Eu adorei a leitura. Li como uma viciada, implorando por só mais alguns minutos, adiando o alarme do meu celular mais um pouco antes de ter que ir trabalhar para tentar ler mais. Mas não posso dizer que o livro é perfeito. Gostei bastante do romance (tá, do interesse romântico basicamente), além da problemática com o amigo da Devon, Cas. Mas eu queria mais do romance. Para um livro que é basicamente sobre isso, precisava ser mais intenso, mais emocionante.
Tem um truque que a autora usou para o romance que quase me fez baixar a nota. Durante boa parte do livro, já está claro o que o interesse da protagonista sente. Mas a autora resolveu adiar a resolução à toa, criou vários momentos de falta de comunicação que foram resolvidos depois em dois segundos, então em nenhum aspecto convenceram. A protagonista só estava enrolando, e nem precisava. Existem problemas depois do primeiro beijo. A autora poderia ter aproveitado eles, não fingido que os leitores já não tinham entendido tudo.
Mas o que realmente me fez tirar estrela da nota foi o jeito que a Devon trata as outras garotas ao seu redor. Eu entendo que tem no final uns cinco minutos de lição para ela ver o que estava fazendo de errado, mas foram centenas de páginas de ela falando mal de garotas que em momento algum mereceram para duas de ela percebendo que não era justo.
Minha solução: o livro tinha que ser maior. Bem maior. Pelo menos 400 páginas, para a autora ter uma chance de desenvolver essa mudança da Devon, de ela passar a ser mais justa e solidária com as outras garotas. Para o romance ser mais do que "será que ele gosta de mim?". O livro é bom, mas, para ser excelente, ele precisava ter sido mais trabalhado e melhor desenvolvido. Não sei por que editoras e/ou autores pensam que livros adolescentes têm que ser pequenos e rápidos, praticamente mal desenvolvidos.
Mas eu realmente me diverti, então acho que vale a leitura. E a relação da Devon com o Foster, seu primo, é o ponto alto de tudo, a única coisa que deu tempo de realmente desenvolver, mas que também merecia mais tempo em página, um final mais profundo, mais estabelecido, mais firme. Ainda vou ler outros livros da autora, mas não posso dizer que ela chega perto de ser tão boa quanto a Rainbow Rowell, ou que esse livro consegue competir com A Very Large Expanse of Sea. É só um livro divertido, para passar o tempo..