A negação da morte

A negação da morte Ernest Becker




Resenhas - A Negação da Morte


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ANDER CELES 12/12/2022

Muitas reflexões, mas acho que faltou mais do tema principal
Vi um vídeo na internet que falava sobre esse livro e fiquei super interessado. O tema, "morte", também é algo que me fascina, não de forma mórbida, rsrs, mas para refletir mesmo.

O livro é bom, escrito de uma forma bem primorosa. Não é super fácil de entender, mas também não traz uma linguagem muito técnica. É que a maneira como as ideias são construídas pode ser confusa em alguns momentos.

Muita coisa que tá escrito eu concordo. Teve vários pontos que eu marquei a página e me levou a reflexão. Mas muita coisa tá meio datada ou pelo menos analisada de uma forma muito reducionista. Por exemplo, é falado sobre homossexualidade, e a visão em cima do tema pode até ser considerada preconceituosa. Claro, é uma questão de época. Por isso que falo, algumas coisas estão datadas e muito reduzidas ao campo da psicologia. E aí o livro ganha mais esse caráter técnica mesmo, que não sai dessa bolha. Aqui as questões relacionadas ao meio social ou até a predisposição genética é pouco ou nada abordada.

Maaas...que que tem a ver homossexualidade com o tema "morte"? Então kkkk. O problema que eu, um leigo, senti no livro é a falta de foco nesse tema. E eu sei, o livro é premiado, e tudo o mais. Sei também que não sou exatamente o público desse livro, que parece mesmo voltado para quem é da área, mas ainda assim fica claro o quão pouco é abordado o tema especificadamente.

Eu gostei do livro, não achei difícil de ler, fiz bastante reflexão, mas queria mais que o tema "morte" fosse abordado.
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Francisco Cabral 23/04/2021

A Negação da Morte
Esse foi um dos livros mais densos que já li, amplamente embasado por referências bibliográficas e citações. Lembra uma dissertação acadêmica, por isso demorei alguns meses para ir processando as informações ali contidas. Mas valeu à pena, porque é um livro que respondeu a grandes questões existenciais que eu tinha desde a infância, e creio que isso deve se aplicar a muitos outros leitores. Através de um diálogo constante com a antropologia, psicanálise e existencialismo fenomenológico-existencial, Ernest Becker interpreta que para conseguir viver diante do temor da morte e do dualismo ontológico entre a necessidade de ser pai do próprio destino ou apenas uma criatura indefesa e finita à mercê de influências externas de aniquilação, o ser humano precisa reprimir a dura realidade da morte a partir da criação de uma série de escudos neuróticos e a busca por heroísmos, que inclui, entre outros: a parcialização da experiência e a fetichização de elementos do cotidiano; a própria autenticação a partir do fenômeno de transferência como ocorre no romantismo e no sensualismo; a dramatização e à adaptação a um papel cultural predeterminado; a criação artística ou intelectual de uma obra e, por fim, a transcendência através do salto para a fé (essa última ele tem especial afinidade pessoal). Emerge então numa interpretação sobre a doença mental através de um modelo de incapacidade de simbolização do terror da morte e na dependência do sintoma como único recurso de parcialização, especialmente no referente à psicose. Apesar de ter sido preconceituoso em determinados modos, apesar do livro ter sido escrito em um período em que pouco se sabia sobre neurotransmissores e modelos biopsiquiátricos para as doenças mentais, acredito que as conclusões de Ernest Becker tem uma validade empírica no que concerne os determinantes sociais e ambientais do sofrimento mental. Pela perspicácia, pela dedicação à compreensão de questões profundas da humanidade, esse livro tornou-se para mim um “livro de cabeceira”. Recomendo aos leitores entrar e seguir a página https://ernestbecker.org/, que foi criada em 1993 e busca divulgar e aprofundar os conhecimentos de como a negação inconsciente da morte pode influenciar o comportamento humano.
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Elcio 01/01/2013

Choque de realidade
Encarar a morte de frente, sem temor, mas não achando que tem vida depois dela; não é fácil, precisa estômago, precisa coragem, "uma concentração admirável da mente". A perspectiva do fim pode nos paralisar ou nos encorajar a aproveitar da melhor maneira possível o tempo que temos na terra. Causa de depressão, neuroses, "analidades" como diz o texto, a morte é o último inimigo a se enfrentar e não adianta correr. O autor a enfrentou, morreu de câncer no cólon os 49 anos.
Peterson Boll 14/04/2014minha estante
E morreu sem ver o seu livro publicado.




Cesar270 14/09/2020

Indispensável para humanos e analisados
Otto Rank foi um nome da psicanálise que só conheci com esse livro. Isso me assustou demais e faz essa leitura valer totalmente a pena.
Outro ponto mega positivo é explicitar a ponte entre o pensamento de Kierkegaard e a psicanálise. Lacan o utilizou muito no Seminário 10, da Angústia, mas o fato de ser um filósofo classificado como existencialista e o torna quase antagônico a psicanálise (mais pelo que foi feito do termo existencialismo após ele).
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Fabio Coronel 26/05/2021

O livro é fantástico.
Procura falar sobre a condição humana a partir de uma bipartição insuperável, a saber, natureza vs. cultura. Junto aos mais notáveis dissidentes da psicanálise, Becker supõe que o trauma fundamental da alma (da psiqué) humana ocorre justamente porque o homem, em contato com a consciência de sua finitude, descobre-se meio corpóreo e meio simbólico. Há apenas uma saída: o caminho do herói ou do artista; o enfrentamento criativo da morte. Portanto a experiência da perenidade só pode ser encontrada no simbólico, na coragem de ser (conceito declaradamente tomado do teólogo Tillich) e de realizar um legado de vida tão autêntico quanto destacado.
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Peterson Boll 14/04/2014

Uma obra que deve desagradar ao grande público, pois em vez de esperadas explanações óbvias/místicas/religiosas sobre a morte, encontra-se um grande tratado psicanalítico e antropológico, acadêmico até a medula. Para quem procura uma obra de caráter científico sobre a ideia morte, é muito indicado.
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Marcone 10/01/2016

Os homens estão condenados a viver em um mundo esmagadoramente trágico e demoníaco

Um dos livros mais fascinantes que já pude ler. O autor, vencedor do prêmio Pulitzer de 1974, dialoga com Otto Rank, Freud, Kierkegaard, dentre outros, para falar da Mentira Vital, da angústia de um animal que vive tensionado entre a “criação divina” e um corpo que apodrece; dos mecanismos do mito criativo e da transferência; do heroísmo! Uma análise densa e complexa da condição humana e suas complicações tão necessárias, afinal, “...despojado de sutis complicações, quem poderia olhar o sol senão com temor?”
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Adriana Scarpin 04/10/2018

Li esse livro porque influenciou muito a Hilda Hilst, mas a verdade é que as teorias psicanalíticas nele contidas estão deveras ultrapassadas, mesmo ele tendo ganho o pulitzer nos anos 70 me parece que já naquela época ele estaria defasado em relação aos seminários já publicados de Lacan. A psicanálise hoje não tem nada a ver com as coisas descritas alí, sobretudo o discurso altamente preconceituoso em relação aos neuróticos que me incomodou deveras.
Um livro que me serviu para o estudo de como pensava Hilda Hilst, mas que me foi totalmente descartável como psicóloga, leia com cuidado, considerando todas as bobagens defasadas nele contidos, assim há como retirar algum proveito de seus escritos.
Edilson 11/01/2019minha estante
Reli há pouco e penso ser um grande livro. E, aliás, nem é tanto ultrapassado assim, se você aponta Lacan como referência - notadamente um imenso obscurantista pseudocientífico, arrojado por imposturas intelectuais (vide Sokal e Bricmont).




Giordano.Freitas 02/06/2020

Um livro indispensável
É impressionante o quanto esse livro te oferece uma nova lente para observar a realidade. Acredito que é essencial a leitura desse livro em algum ponto da vida.
As reflexões propostas são, no geral, fenomenais. Porém, há alguns trechos que expressam pensamentos retrógrados em relação a homossexualidade. Além disso, o trecho em que Ernest Becker trata sobre fetichismo sinto que ele força a barra para relacionar com a teoria da dinâmica da negação da morte.
Fora essas questões, amei esse livro e é de leitura essencial!
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Felipe1503 03/05/2022

Limitado
O autor crítica bastante o pensamento de Freud, mas vai pela mesma linha, definindo que o medo que as pessoas têm da morte se resume a não poder controla-lo. Infelizmente o autor não se preocupa em se aprofundar no assunto e tentar encontrar um porquê para justificar essa ânsia por vida que o ser humano tem, simplesmente resumindo a maior afirmação do cristianismo dizendo que "o cristianismo foi inteligente em apresentar um Deus que vence a morte".
Decepcionante.
Marcelão 31/01/2023minha estante
É que dar porquês é coisa de autoajuda. O conteúdo do livro é científico




Leonardo.S 11/02/2024

O Desejo de Imortalidade
A Negação da Morte, escrita por Ernest Becker é um grande referencial sobre o tema em questão. Só o título por si só já bastante sugestivo, nos convida e buscar entender o porquê dessa resistência que o ser humano tem em morrer… sabendo que é a única certeza que temos. O livro escrito em 1974 vencedor do prêmio Pulitzer, traz uma abordagem psicológica sobre a finitude desde os primórdios. A edição em questão foi distribuída no Brasil pela editora Record.

Logo no prefácio já nos deparamos com uma percepção interessante. A morte é algo tão temível para o homem, que a maior ameaça que podemos ofertar a outro é propriamente ela. No século XIX acreditava-se que o futuro seria das ciências, por conta do desenvolvimento e descobertas, porém, com as duas grandes guerras mundiais, ao contrário disso, provou-se que a prioridade de investimento foi no campo armamentista, incutindo o medo, através da ameaça de morte. O Autor acredita que o homem não tem uma dificuldade em enxergar pontos de vista diferentes, só não consegue lidar e incorporar ao seu convívio.

Ernest utiliza-se de Freud, Jung e outros profissionais da psicologia para exemplificar a mente humana, e em uma de suas falas, apresenta que assim como Narciso da mitologia grega, estamos sempre absortos em nós mesmos. Todas as preocupações com a vida humana são validas, mas a nossa vida primeiro (vide exemplo do que foram as principais falas durante a pandemia em 2020). O homem que marcha numa guerra, tem em seu coração o sentimento de imortalidade, ele acredita que seu vizinho sim tem grandes chances de morrer, mas ele mesmo sente-se poderoso a ponto de ser imbatível. Esse sentimento é algo que o próprio ego o apresentou durante muitos anos, desde a primeira infância.

Por isso numa guerra, há muitos jovens com senso de heroísmo natural, querem o destaque, querem ser excepcionais na sociedade, buscam a glória pessoal que garantirá certa imortalidade, agregando nas relações valores maiores para si mesmo, sejam eles monetários ou morais. Então por essa busca de validação, são capazes de dar a própria vida pelo que acredita, por sua pátria, por sua família, por seus ideais ou por sua religião, contanto que sinta que seu ato realmente foi um sacrifício heroico, um ato nobre. O heroísmo é antes de qualquer coisa, um reflexo do terror da finitude.

Ernest apresenta o desconforto de falarmos sobre a morte, o ser humano lida com todas as questões possíveis, mas o fim ainda é um tabu emocional. E essa repreensão pode ter sido criada organicamente, desde muito cedo, na primeira infância a criança ainda não tem noção da morte, mas quando a reconhece, isso impacta toda sua concepção de mundo, para o resto da vida.

"EM OUTRAS PALAVRAS, O TEMOR DA MORTE DEVE ESTAR PRESENTE POR TRÁS DE TODO O NOSSO FUNCIONAMENTO NORMAL, A FIM DE QUE O ORGANISMO POSSA ESTAR ARMADO EM PROL DA AUTOPRESERVAÇÃO. MAS O TEMOR DA MORTE NÃO PODE ESTAR PRESENTE DE FORMA CONSTANTE NO FUNCIONAMENTO MENTAL DO INDIVIDUO, CASO CONTRÁRIO O ORGANISMO NÃO PODERIA FUNCIONAR".

E o medo da morte está atrelado ao paradoxo: O homem é simbólico e se sente um pequeno deus na natureza, dá significado a tudo vivo e não vivo, mas por fim ainda é “um verme que ao morrer, alimentará outros vermes”. Ainda há contextos que apresentam essa síndrome de pequeno deus, independente da glória, dos feitos, da inteligência, ainda somos seres que defecam e necessitam comer e beber todos os dias, e somos demasiadamente fracos, podemos morrer de inúmeras formas.

O Livro é complexo e completo, há muitas e muitas abordagens e críticas, que buscam desconstruir um pouco alguns teorias freudianas (principalmente as falocêntricas). Apresenta fundamentalmente que tudo nasce na primeira infância. A transferência que a criança exerce em relação as figuras de mãe e pai, como ela coloca-os como figuras divinas e depois descontrói essa percepção, mudando assim o comportamento com a família e se reconhecendo com um ser independente. Mas essa dependência ainda é necessária, então transferem essa divindade para outras pessoas, ceitas, religiões e relacionamentos.

Mais além, o autor explica que é necessário essa ancora emocional para nos manter vivo, embora vivemos um dualismo (sou um deus e sou um animal) o organismo (que luta para nos manter vivo e nos protege da morte), não conseguiria viver num mundo fatídico e fatalista (isso acarretaria uma depressão em massa e outros problemas psicológicos. Embora a angústia humana seja algo recorrente que quase todos já passaram). O corpo físico do homem simbólico ainda é um problema a se resolver, e cada dia mais as pessoas buscam esticar o tempo de vida e buscar por meios científicos a imortalidade.

Esse desejo de imortalidade ganha força na religião, que busca apresentar que o fim não é a morte, então concede uma sobrevida esperançosa de glória. O autoconhecimento que a psicologia oferece também tem o pode de racionalizar melhor a vida e aproveitá-la com suas qualidades e entender melhor suas neuroses.

Por fim, para não alongar mais ainda um review impossível, o livro trata de forma geral o homem e seus medos, mas não apenas medos banais, mas os mais intrínsecos e inconscientes, pois é o único ser na terra que consegue raciocinar suas atitudes, sentir-se correto de acordo com seus valores e considerar e temer a ideia de finitude. Todos os outros animais não sofrem com o medo da morte, nem temem não ter uma boa vida. O homem se arrisca diariamente a morrer em prol de viver a vida, já que se tentasse de alguma forma não correr riscos, já estaria morto por dentro.

É um livro espetacular, principalmente aos que gostam e estudam temas da psicologia, da filosofia, sociologia, teologia e tudo que remete a existência do homem. Provando ali por fim, que embora consigamos entender as mazelas da mente, o metafisico é o que nos ajuda a manter-se de pé, acreditando e alimentando essa nossa grandeza que é estar vivo!

site: https://espacols.com.br/livro/a-negacao-da-morte/
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Kellen.Pianetti 19/08/2024

Entendimento da psique humana
Entendimento sobre as vertentes da filosofia e as deficiências dos filósofos. Conseguimos ter uma visão geral das crenças e dos modelos e uma crítica com relação a psicanálise e religião . Onde ambas se conectam
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Danilo 05/01/2024

Bom, mas denso!
Esse livro é muito bom. Mas achei bem pesado e difícil de ler. Os temas são densos. Apesar disso, pude entender um pouco melhor o interesse que as pessoas têm na jornada do herói, tão usada pra contar histórias. E pude perceber como o medo da morte move e paralisa o ser humano ao mesmo tempo. Além disso, consegui entender melhor o porquê das religiões terem tanto adeptos. Boa parte disso passa pela vontade de negar a morte, de ter uma "vida eterna". Essa vontade também aparece na "necessidade" de ter filhos e perpetuar o "sangue". É meio difícil resumir esse livro. Vale a leitura, com calma!
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Suelen308 18/08/2024

Tem uma leitura simples, mas um pouco mais pesada. O livro traz uma dinâmica interessante e aborda vários temas e teorias da psicanálise como o complexo de Édipo e causa sui, para construir uma tese e chegar a conclusão final. Sempre com muitas reverências dos principais psicanalistas, principalmente Freud e seus discípulos, para construir uma base sólida sobre a negação da morte.
Em algumas partes, achei uma abordagem de pensamentos misóginos que é o ponto negativo do livro.
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