Nathaniel.Figueire 23/05/2015Ao terminar de ler esse volume, fiquei pesando no porquê de eu ter sido mais simpático a história de Leeward do que a da Dra. Archer.
Talvez porque eu já não havia gostado da primeira parte, então fui para a leitura sem muita expectativa. Porém, creio que na parte 2 há uma mudança de tom no roteiro de Scott Snyder que é acompanhado pelo colorista Matt Hollingworth, e isso "salvou" a minissérie.
Se na primeira parte o tema era o enfrentamento de um segredo vindo dos abismos do fundo do mar, uma história que parecia de horror mas que se revelou uma sequência meio aleatória de ações, na segunda parte o tema é mais profundo (eu diria: mais simbólico): o que nos faz criaturas tão impares na Terra, capazes de tantas coisas e ao mesmo tempo solitários e desencaixados?
Para desenvolver essa tema, a narrativa recorrerá ao gênero ficção científica, contando a história de um futuro pós-apocalíptico em que a protagonista busca respostas para o que aconteceu ao seu mundo. Dessa vez, não há uma tentativa falhada de horror, como no primeiro, e acho que é por isso que eu me agradei mais desse volume.
As cores, em tons de azuis mais claros, contribuem para a criação de um universo futurístico insólito e interessante. Elas alimentam no leitor o desejo de saber mais sobre aquele estranho universo de novas tecnologias, novos coloquialismos, nova geografia, novos governos etc. Um tipo de expectativa que combina com o gênero ficção científica.
O segredo por detrás da história talvez seja um pouco confuso, mas gostei. Afinal, as criaturas do abismo que surgem no imaginário (sejam em mitos, romances, filmes etc) nada mais são que imagens encarnadas de sombras que habitam nosso inconsciente. Os monstros abissais de Snyder, os "sereios", cumprem sua função de lembrar aos humanos algo recalcado sobre eles mesmos dentro desse universo ficcional.
"O Despertar" não é nenhuma obra prima das séries da Vertigo, mas creio que cumpre seu papel: fazer o leitor pensar sobre as motivações subjetivas de como nós, humanos, nos relacionamos com nossos semelhantes e com o mundo ao nosso redor.