Kaique.Nunes 07/03/2019
Originalmente publicado na Grã-Bretanha em 1980 e revisado em 1984, O que é Conservadorismo é uma tentativa de Roger Scruton de mostrar uma síntese do pensamento conservador moderno.
Em tempo de polarização política, é natural criarmos espantalhos, ou seja, caricaturas do pensamento alheio e atacar essa caricatura como se fosse o pensamento em si. Sendo assim considerado como uma das falácias mais usadas na lógica informal. Quando falamos sobre conservadorismo, logo vem em mente aquele nostálgico do passado, caracterizado por uma imobilidade, aquele que não aceita mudanças, sendo assim um ser estático ao que se refere aos assuntos político-sociais.
Porém, devemos ir além da mera caricatura. Antes de entendermos o que algo é, primeiramente é bom tentar saber o que esse algo não é. Essas características citadas acima não se identificam com o conservadorismo, pois são características de um reacionário. Segundo o autor, a atitude conservadora é caracterizada por um ceticismo político, ceticismo este que advém do reconhecimento da falibilidade da razão humana. O passado é muito valioso, no entanto não é idealizado. O conservador é aquele que não vive apenas no presente (presentismo), mas aquele que estabelece conexão entre o passado e o presente. E isso ocorre através da tradição. A tradição humana funciona como um reservatório do capital de experiências de uma sociedade, um conjunto de atitudes para com os mais diversos problemas do arranjo social que passaram pelo crivo do tempo.
Ele não é estático como o anteriormente citado, existe mudança, porém não vê com bons olhos as rupturas, ou seja, assim como a evolução biológica, suas mudanças são gradualmente adaptativas. Isso se deve ao ceticismo para com o abstracionismo das engenharias sociais. Podemos contrastar uma atitude revolucionária e a conservadora usando uma metáfora de como uma casa seria reformada. O primeiro destruiria ela toda para começar do zera, enquanto o segundo faz mudanças locais, porém preservando sua estrutura, até o momento que estará completamente reformada.
Nas palavras de Michael Oakeshott: “Ser conservador é preferir o familiar ao desconhecido, preferir o tentado ao não tentado, o fato ao mistério, o real ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao superabundante, o conveniente ao perfeito, a presente felicidade a uma felicidade utópica.”
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