Resenhas -

Sabrina758 04/05/2023

Virou meu livro favorito
Estou completamente obcecada por este livro, no qual eu comecei a ler com expectativas no mínimo, de fato eu já havia ouvido falar de muitos conhecidos que era um livro bom, além de ser um clássico e cotado para vestibulares, entretanto eu não esperava que fosse me envolver tanto com a história.

Primeira vez que tenho contato com algum livro do Aluisio Azevedo e tenho que dizer que quero ler mais disso, a forma como ele deixa a narrativa fluída, cria personagens tão bons e tão reais e palpáveis ao mesmo tempo é espetacular. A escrita simples e direta também é outro ponto que me agradou muito, além da dinâmica de transição de foco narrativo fetio pelo autor, mesmo com muitos personagens é de se impressionar a habilidade de transição do Aluisio Azevedo, sem contar a história em si que nunca deixa o leitor despregar os olhos do livro.

Sem dúvidas é meu livro favorito de agora em diante, e acho difícil algum outro livro tomar se lugar, no meu coração só há espaço para um cortiço em específico.

Lett 12/10/2022

O cortiço
Outro livro que tive que ler pra escola. Sem dúvidas foi um dos piores desse ano.

Eu sinceramente não sei como livros como esse ainda são vendidos como clássicos, que de clássicos não tem nada, só servem para nos mostrar o quanto o racismo, discriminação de gênero, xenofobia, cultura da pedofilia e outros preconceitos ainda eram extremamente presentes e fortes na época. O livro traz uma forte sexualizacão e banalização da mulher negra brasileira inúmeras vezes a rebaixando-a e inferiorizando-a utilizando termos inadmissíveis para se referir a pessoas negras como "Mulata", "Olhos de macaca" e "Crioula", além disso a cultura da escravidão ainda era presente mesmo o livro tendo sido publicado dois anos após a "abolição da escravatura" tanto que João Romão (protagonista da obra) conseguiu seu primeiro capital para a construção do cortiço através do dinheiro de bertoleza (escrava que estava juntando dinheiro para ser alforriada).

A "obra" ainda traz uma extrema desvalorização do trabalho brasileiro, muitas vezes referindo-nos como desleixados, preguiçosos, luxuriosos, "fora-se-lhe de vez o espírito da economia e da ordem", "abrasileirando-se". E um forte enaltecimento de capitalistas portugueses sendo retratados como o contrário dos brasileiros.

Eu tenho ciência de que o livro foi escrito e publicado em anos onde os preconceitos citados eram "normais e consolidados" mas isso nao justifica o fato de que ele ainda precise ser vendido, já que, durante anos pessoas têm lutado pelos seus direitos, igualdade, liberdade de expressão e respeito enquanto o livro só reforça ainda mais a abominação a pessoas que não sejam "normais" o que gera uma forte contradição.

Por mais que esse livro seja muitas vezes lido para "descontruir os preconceitos da época" ou com a desculpa de que Aluísio Azevedo retratou muito bem agrupamentos humanos e foi um dos primeiros autores a utilizar o naturalismo (e realmente foi, não estou querendo desmerecer o autor nessa questão específica), acredito que seja só mais uma desculpa fajuta para livros como esse continuarem circulando pelo mercado sendo taxados como "clássicos da literatura", porque na minha perspectiva livros como esse só servem para normalizar esses tipos de preconceitos extremamente sérios e tenho certeza de que muitos outros autores conseguiram representar agrupamentos humanos e o naturalismo tão bem quanto Aluísio e sem a necessidade de utilizar preconceitos.

Para mim descontrução de verdade seria quando livros "clássicos da literatura" carregados de prejulgamentos forem finalmente entendidos como um retardamento da evolução humana, afinal, livros como esse só servem para enaltecer autores brancos, ricos e conservadores e enraizar ainda mais o racismo, xenofobia, homofobia, entre outros, em uma sociedade cada vez mais alienada e conservadora.