Resenhas - Um pequeno herói

PH 10/06/2016

Um ponto fora da curva?
É comum entendermos que Dostoiévski caracteriza-se por uma agudeza da sua narrativa, sempre permeada por labirintos infindáveis e discussões muitas vezes soturnas sobre a alma humana. Nesse sentido, Um Pequeno Herói pode parecer para o leitor mais apressado um livro destoante da produção do autor russo. Eu particularmente não compartilho da ideia, principalmente porque encontro muita delicadeza em uma série de obras do Dostoiévski, como no próprio O Idiota, Gente Pobre ou A Senhoria. Talvez a diferença mais marcante dessa obra não seja o conteúdo em si, mas a permanente atmosfera de delicadeza que ele cria durante toda a obra, diferentemente dessas outras obras citadas em que essa delicadeza aparece em pontos estratégicos dos livros.

O caso é que o livro passa longe de ter uma narrativa complexa, mas isso pra mim não foi um problema. A beleza do livro reside justamente na simplicidade com que algo particularmente banal (o primeiro enamoramento de uma criança) ganha forma através de um relato engajado. É verdade que outros autores fazem isso de forma muito mais interessante, como Proust, mas não acho que devemos renegar essa obra de Dostoiévski como um ponto fora da curva de sua produção, um desvio, algo sem valor. A obra cumpre bem o seu papel em te deixar cativado pela ingenuidade da criança e você facilmente se afeiçoa pelo personagem principal, embora em nenhum momento tenhamos uma descrição completa de sua vida passada ou qualquer coisa do tipo. Um bom trabalho. Não excelente, mas tem sim seu valor.

Daniella Leão 29/02/2016

O pequeno herói
Estória primorosamente escrita! Nos tempos atuais pode à primeira vista parecer até simplória, mas ganha outra perspectiva se considerada a época e as condições em que foi escrita!

Raabe 27/01/2022

Facinante
Uma narrativa rápida e fácil, trata do ponto de vista de um menino em meio ao convívio social da época, muito bom.

Cami 04/09/2022

Um menino de onze anos apaixonado por uma mulher mais velha.

Eu achei até que fofo, foi meu primeiro contato com o Dostoievski e eu gostei bastante.
É uma história simples, mas encantadora, foi uma visão muito interessante desse tipo de situação.

Wenqian 15/08/2022

Um Pequeno (e fofo) Herói.
Como comentei em algumas partes, desde o princípio até o final, o que torna o livro grande são as amplas descrições dos personagens, feitas todas pela visão do narrador personagem (que infelizmente não recebemos o nome). Embora eu achasse um tanto cansativo, pois não estou acostumada com esse tipo de escrita, na verdade é muito bom, pelo menos na de nossa querido Dostoiévski, pois ele realmente sabe como descrever profundamente as pessoas mesmo que tenha sido na visão de uma criança de aproximadamente 11 anos. Outro ponto que acho interessante ressaltar, é o fato de mesmo após o corte em Niétotchka Niezvânova, ele manteve o tema sobre a paixão infantil, e mais incrível ainda ter esse tema tão trabalhado por ele antes mesmo de Freud.

Igor 30/07/2022

Primoroso
Dado as condições do autor no período de nascimento desta obra, é possível perceber seu afinco na permanência do tema da sexualidade infantil, já bem desenvolvida, apesar de inacabada, em Nietotchka Niezvânova. Dostoiévski apresenta conceitos primorosos do início da juventude e suas aventuras sentimentais, estou profundamente tocado com essa novela.

LER ETERNO PRAZER 07/07/2022

Boa noite!!
Leitura finalizada!!
????

"Um pequeno herói" trata-se de um pequena novela e o que bem interessante sobre essa obra é que ela foi escrita quando Dostoiévski estava preso e condenado a morte e o interessante desse livro é que ele não parece ser escrito por alguém condenado a morte!
Temos aqui uma pequena novela de 80 e poucas páginas, narrada em primeira pessoa em forma de memórias!
Nosso enredo vai tratar da história de um menino que passa alguns dias na casa de um parente rico. Tímido, mas com uma mente bem aguçada e com bastante desenvoltura logo se entrosa com todos e logo começa a se sentir atraído por uma jovem loura, bem mais velha do que ele, alegre e brincalhona. Essa infantilidade no comportamento dela quebra o distanciamento entre adultos e crianças. O temperamento dessa jovem loura acaba constrangendo o protagonista quando ela aperta suas mãos até ele não aguentar, fazendo ele soltar um grito. Tentando fugir dessa jovem loura, acaba encontrando e se apaixonando por uma senhora morena de semblante triste. A tal loura não desisti de persegui-lo e mais uma fez ela surge e o confronta, desafiando-o a montar um cavalo indomável, totalmente selvagem. Ele aceita o desafio e consegue galopar com o cavalo, sendo recebido como herói por todos os presentes na festa, incluindo a loura impertinente, que acaba se tornando sua amiga.
Por ser uma novela bastante curará as coisa vão acontecendo com muita rapidez e já no dia seguinte, nosso herói andava pelo campo quando foi surpreendido por uma cena: a dama morena por quem ele estava profundamente apaixonado (que era casada com um homem ciumento) despedindo-se de seu amante no bosque. Ele percebe quando ela perde uma carta, ele a pega e logo pensa em lhe devolver a carta. Após esse fato, nosso pequeno herói irá ter um encontro cheio de emoção com a tal dama! Bom, nada mais posso relatar sobre o restante, pois é nesse encontro que temos nosso desfecho e como conclusão após o término da leitura posso dizer que, foi uma leitura bem interessante, foge um pouco do que costumo ler de Dostoiévski. Temos cenas bem emocionantes, mas fica tudo muito impreciso, nossos personagens são citados sem nome, com apenas uma letra. Me parece que foi escrito como um passa tempo, como para ocupar a mente com alguma coisa e ele não ter que ficar só pensando na sua prisão e condenação a morte! São um pouco mais de 80 páginas, bem escritas, claro, mas faltou desenvolvimento dos personagens, do enredo, mas acredito que deva ser por termos em mãos um novela muito curta. Temos partes interessante?, sim, temos. Temos alguns momentos bem reflexivos, e conseguimos ver toda a força da escrita de Dostoiévski.
Uma novela muito boa, leitura rapidinha.

Diego Alves Z 28/05/2022


A desorientação do livro no inicio é instigante e o próprio protagonista, que não é tão "explicado", me parece ter razão de ser na intenção do autor em falar mais sobre o que está ao redor do personagem do que sobre ele mesmo. Curioso que é um homem adulto comentando sobre as desventuras descritas quando criança, revisitando suas angústias de menino em um momento em especifico, perdido em uma grande festa, fora de sua casa, perdido como um entre outros desconhecidos em um mundo de brincadeiras adultas.

Escrito enquanto Dostoiévski se encontrava na prisão e ao se ler e pensar a respeito desse fato, o texto se torna mais tocante ainda.

Vee 06/05/2022

Uma novela bem curtinha, sobre a montanha-russa de sentimentos de um garotinho apaixonado, uma leitura rápida e gostosa, recomendo.

Rhuan Maciel 21/04/2022

Um Pequeno Herói é um romance curto e gostoso de ler. Dostoiévski, nos mesmos moldes de Niétotchka Niezvânova, aborda o desenvolvimento de uma pulsão sexual em uma criança, muito antes de Freud. Porém esse sendo bem mais curto e sintético. O que é interessante de se perceber é o momento em que a obra é escrita, contrastando com o cenário da narrativa. Ou seja, o livro é algo mais romântico, mais feliz, enquanto o autor estava encarcerado na Fortaleza de São Pedro e São Paulo. Essa dualidade mostra a capacidade de criação do escritor frente a sua vida pessoal, conseguindo abstraí-la para criar um mundo insólito, o qual não condiz com sua realidade.

Sandro Borges - @Experiencia_Leitor 03/04/2022

Vc vai se identificar
1/2022 - Começando com o grande Dostoievski!!!
Uma novela de leitura rápida, sem uma premissa fabulosa mais com todo talento da escrita do nosso Fiodor.

A história relata a montanha russa de emoções vivida por um menino de 10 anos em sua primeira paixão platônica.

Quem nunca experimentou a insegurança fruto da inexperiência ao lidar com essas emoções.

Duvido que você não se identifique pelo menos uma vez com as aventuras do protagonista.

Se você ainda não conhece o autor e não quer começar pelo pesado 'Crime e Castigo", você encontrou uma porta de entrada. Leia "Um pequeno herói".

#Dostoievski #editora34
#amolar
#ficção

Joao.Gabriel 19/03/2022

Dostoievski, enquanto preso junto com o cerco de Petrachevsk, escreve essa narrativa leve e de certa forma alegre, contrastando com a costumeira obra que o público amplamente conhece. Não sei sobre TODAS as obras dele, mas certamente as mais famosas não possuem um ritmo leve assim.

Recomendo a leitura, sobretudo pra quem quer conhecer mais sobre a escrita "dostoievskiana" e sua progressão...

Acho que agora eu não consigo mais escapar de Cadernos do Subterrâneo.

Michelle287 11/03/2022

Esse livro me surpreendeu pois já estava acostumada com a escrita "pesada" do autor, esperava que se repetisse nessa história, tendo em vista que o mesmo estava preso no período do manuscrito.
No entanto, a história veio de uma forma doce e tímida de um jovenzinho que esta descobrindo seu primeiro amor.

O exagero, já bem conhecido do autor, entra em cena na hora de descrever as belas moças e entre elas, encontra-se nossa beldade. E não nego, tive vontade de desistir do livro ao passar por essa longa descrição, mas em seguida fui devidamente recompensada.

O protagonista se ve envergonhado com os novos sentimentos e por vezes é encurralado com o dilema da coisa certa a fazer em situações que poderiam causar grande desconforto a uma certa dama...

Ele fez o certo? Ele entregou ela? Qual foi o fim dos dois?
Só lendo pra descobrir ?

Cinara... 17/02/2022

" ...e só de pensar nela a sós, com a minha cabeça perturbada, em algum canto escuro e misterioso onde o olhar zombeteiro e inquisitorial de nenhuma marota de olhos azuis pudesse me alcançar, só de pensar nesse objeto, eu quase sufocava de aflição, vergonha e medo - em suma, eu estava apaixonado..."

Quem quando criança não se apaixonou por uma figura mais velha? Nosso pequeno herói vive o que vários de nós já vivemos, um amor infantil e impossível.
Bem curtinho, bem leve!

Edu 03/10/2022

Fiódor Mikháilovith Dostoiévski(1821-1881) quando foi preso 1849 estava desenvolvendo um grande romance de época, Niétotchika Niezvânova (resenha no Feed). Na época da prisão, Dostoiévski pertencia a um ciclo de intelectuais que ladeavam um militante socialista chamado Mikhail Petrachévski(1821-1866), um grupo que era um tanto controverso, mas que tinham um ideal em comum, a mudança social. Dentre os motivos que levaram Dostoiévski a prisão, está o compartilhamento de um artigo chamado ,?Carta a Gogol? escrita pelo grande critico literário da época, Bielínski.
Preso na fortaleza de Pedro e Paulo, Dostoiévski aguardava o dia de sua execução, que foi cancelada e sua pena modificada para trabalhos forçados na Sibéria. O então prisioneiro vai aguentando os dias na prisão trocando cartas com o irmão, Mikhail. Nas cartas enviadas o Dostoiévski fala de problemas de saúde e das ideias que surgem enquanto está isolado.
Em um cenário inóspito, insalubre e até sem esperança, surge uma pérola. Um texto em que tudo que acontece é a partir do ponto de vista de uma criança de onze anos. Ha quem diga que a ideia que Dostoiévski tivera no romance interrompido por sua prisão, ganha vida nessa novela, maravilhosa em que é retratado de forma muito elegante e delicada a primeira experiência amorosa do personagem principal.
Diferente de quase tudo que Dostoiévski escreveu, Um pequeno Herói, é de uma leveza contagiante, mostrando a nobreza do jovem apaixonado, que está sempre disposto a defender a honra da sua amada, mas também ácido quando tesse críticas à sociedade, que é muito bem retratada pelo autor nessa novela, e ao homem supérfluo que é representado por Monsieur M*( esposo de Madame M*, a mulher por quem o protagonista se apaixona).
Nas Palavras da tradutora Fátima Bianch sobre o caráter inovador de Um Pequeno Herói:
? Ao longo de todo livro é evidente a preocupação de Dostoiévski com a psicologia infantil, em particular com o despertar da sexualidade na criança, tema que retoma de Nietotchka Nievânova. A próposito das duas obras, segundo Boris Shnaiderman, ? Torna-se quase inacreditável, por exemplo, que Nietotchka Nievânova, com sua visão clara do erotismo infantil, ou um conto como Um pequeno herói tenham sido escritos muito antes da existência de Freud?.(p.79)