Leo 06/11/2021
Uma ótima história com um final um pouco decepcionante
Sempre fui um grande entusiasta de histórias sobre a segunda guerra mundial, sejam sobre as manobras militares e grandes batalhas, sejam as de espionagem. E o livro pega bastante da parte de espionagem, com alguns poucos elementos das manobras militares, especialmente nos capítulos em que Rommel está presente.
A história durante as páginas do livro foi bem divertida, mostrando a engenhosidade do espião Alex Wolff para obter as informações da inteligência inglesa, saciando a necessidade de Rommel em saber quais seriam as ações tomadas pelas forças britânicas no Norte da África.
A medida que os alemães estão cada vez mais próximos do Egito, com vitórias inesperadas, o caçador de Wolff, Will Vandam, começa a fechar o cerco cada vez mais contra o espião, apesar de muitas vezes parecer que Vandam nunca pegaria Wolff, descobrindo quem o está ajudando, além de entender como o espião está passando todas as informações para Rommel.
O livro apresenta personagens interessantes, como a dançarina Sonja, a judia Elene, os nacionalistas do grupo Oficiais Livres do Egito, entre outros. Infelizmente, alguns destes personagens foram um tanto mal aproveitados, tendo um capítulo inteiro para eles, contando sua historia, criando uma expectativa de que teriam enorme impacto na história mais à frente, e no final terem um desfecho rápido e um tanto decepcionante. O final mesmo da história teve um desfecho rápido, talvez até previsível, dando a sensação ao leitor de que este arco da história foi escrito às pressas.
Algo interessante ao ler o livro é a forma como Ken Follett aborda as questões políticas e culturais no Egito. Apesar dos nazistas serem a pior coisa que surgiu no período entre guerras, o autor vai muito além do bem vs o mau. Ele mostra como o britânicos também foram ruins e trouxeram desgraças as suas colônias na África, como os britânicos tratam os árabes sempre de forma racista e que os egípcios a quem os chamam de ?wogs? devem ser subservientes aos ingleses, fazendo com que os árabes não consigam ver a diferença dos nazistas e os britânicos. E isso não é algo exclusivo deste livro, Ken Follett, um progressista, sempre abordou a guerra de classes e colonialismo nas suas obras, trazendo uma reflexão interessante ao leitor.
Por fim, gostaria de também chamar a atenção para um ?easter egg? do livro. Ao invés de colocar os arcos apenas como ?parte 1?, ?parte 2? e etc; o autor nomeia através das principais batalhas que estavam ocorrendo durante o desenrolar do arco, começando por Tobruk, indo para Mersa Matruh e terminando em Alam Halfa. Não é algo muito surpreendente, mas achei um detalhe interessante e diferente de como os livros geralmente são feitos.