adriana.sydor 08/06/2016
a morgadia de Julio Diniz
Júlio Dinis é escritor da literatura portuguesa de pouca expressão no Brasil. sabe-se lá o motivo. em Portugal ele tem respeito e reconhecimento e busto na praça e nome de rua e recomendações e aplausos.
meninota conheci, apesar do título maravilhoso, sem grande empolgação, “As Pupilas do Senhor Reitor” e só. foi tudo que soube do tal do Dinis, nascido na cidade do Porto em 1839 e de lá partindo dessa pra melhor em 1871.
mas, agora, depois de vencer as quase 500 páginas do romance “A Morgadinha dos Canaviais”, publicado lá em 1868, acabo por admirá-lo muito. ele, apesar da época, não faz coro àqueles escritores da escola ultra-romântica, se aproxima mais e abre portas para os realistas. ele, apesar de médico e escritor, sabia observar, criticar e relatar os cenários políticos com maneiras experientes e particulares. ele, apesar de tão doente, não passava amarguras nos textos. ele, apesar da pouca idade, conhecia muito dos bons sentimentos e das mesquinharias humanas. ele, apesar da falta de registros sobre sua vida amorosa, sabia descrever tão hábil, delicada e sedutoramente as mulheres.
não vou contar resumo do livro, porque isso seria uma simplificação injusta, que acabaria por esconder a beleza da escrita, a escolha apurada de palavras e os enredos paralelos tão bem calculados e divididos.
“A Morgadinha dos Canaviais” é um belo exemplar da literatura portuguesa do século XIX – e olhe que há grandes concorrentes por aquela época.