Lili Machado 12/04/2014Por que um dentista cometeria um crime no meio de um dia cheio de consultas?Em Uma dose mortal, um dentista muito respeitado, Dr. Henry Morley, é encontrado morto, em Londres, com uma pistola perto de sua mão direita, no chão.
Sua assistente, Gladys, tinha sido afastada do consultório, com a desculpa de visitar uma tia doente.
Mais tarde, um de seus pacientes, um rico imigrante grego, Mr. Amberiotis, é encontrado morto com uma dose letal de anestésico. Um caso típico de suicídio e assassinato.
Mas, por que um dentista cometeria um crime no meio de um dia cheio de consultas? Poirot não consegue entender, mas, como sempre, usando suas pequenas células cinzentas, ele chega a uma conclusão inacreditável...
Além disso, Mabelle Sainsbury Seale, outra paciente, também desaparece após a morte do dentista. Seu corpo é encontrado logo depois.
E a trama de Uma dose mortal se complica mais adiante, quando Blunt, casado com uma judia de uma família de bancários (obviamente referente aos Rothschilds), também é um paciente do consultório do Dr. Morley, no dia de sua morte. O Inspetor Japp acredita que o próprio Blunt era a vítima em potencial. Poderia ser uma conspiração internacional voltada contra uma importante família européia, ligada ao governo britânico?
Howard Raikes, amante de Jane Olivera (sobrinha e herdeira de Blunt), e Frank Carter, um jovem de péssima reputação, são os suspeitos dos crimes.
Mas para o atento Hercule Poirot o caso começa, na realidade, com algo muito simples: um sapato... um sapato feminino de couro preto, com uma fivela grande...
Uma dose mortal é um thriller clássico baseado no sistema de classes britânico, porém, não muito violento quanto os que temos lido hoje em dia. No entanto, as muitas pistas verdadeiras e falsas, que são descritas durante o texto, fazem com que o final seja uma grande surpresa, numa espiral de eventos que fazem o leitor voltar no livro, várias vezes, para poder entender perfeitamente.
É interessante que um tema tão simples (o aparente suicídio de um dentista) possa ter tantos motivos por trás.
Como muitos dos livros de Agatha Christie, Uma dose mortal, com seu título em inglês, One, two, buckle my shoe, este se baseia numa rima infantil. Os elementos da trama e algumas das pistas se adequam perfeitamente a rimas. Além disso, uma menção a um filme de Fred Astaire e Ginger Rogers, torna o texto meio que datado.
Uma dica: se o amigo leitor gosta de criminosos obscuros e perigosos, com passados suspeitos, não leia One, two, buckle my shoe. Você pode acabar se identificando com o criminoso, e ficar querendo que o famoso detetive Hercule Poirot e o Inspetor Japp, encontrem a ligação entre os crimes e o livrem da acusação.
Um bônus para os leitores fãs de Poirot: no início do texto de One, two, buckle my shoe, o encontramos muito nervoso – coisa que não é normal em nosso amigo detetive belga – ele tem uma consulta no consultório do tal dentista, que visita regularmente, de 6 em 6 meses.
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