Paulo Silas 28/03/2023Prosseguindo com sua análise histórica proposta após o período compreendido no livro anterior ("A Era das Revoluções: 1789-1848"), Eric Hobsbawm faz uma leitura sobre o fenômeno da expansão da economia capitalista que alcançou o mundo na segunda metade do século XIX - sendo esse, para o autor, o tema mais importante desse período. Ao considerar o enfoque e o recorte do período abordado (1848 a 1875), dada a impossibilidade de abranger a questão somente pela perspectiva europeia, o autor confere uma atenção devida a outros continentes - por mais ainda assim possa ser apontada sua escrita como muito eurocêntrica, conforme o próprio menciona no prefácio. Tem-se assim uma obra expressiva e que muito explana sobre o período analisado.
Dividindo o livro em três partes, Eric Hobsbawm inicia seu texto com o "prelúdio revolucionário", destacando alguns aspectos da primavera dos povos. Em seguida, na parte intitulada "desenvolvimento", o autor discorre sobre questões ocorridas no período como a unificação do mundo, alguns conflitos e guerras surgidos, a construção e o desenvolvimento da ideia do ideal das nações e o grande processo de mudança pela qual passou a sociedade em geral. Na última parte, "resultados", algumas consequências desse período de fervilhantes mudanças são catalogados e apontados pelo autor, o que inclui não apenas questões econômicas, mas também aquelas próprias da ciência, da religião, das artes e outras tantas.
Assim como sua obra antecessora, "A Era do Capital" é uma densa obra (podendo assim ser compreendida tanto ao considerar suas quinhentas e tantas páginas quanto pelo rico e expressivo conteúdo que possui) que lança um atento olhar para os acontecimentos entre os anos de 1848 e 1875 que repercutiram em todo o globo. Pontua de forma certeira o autor em seu prefácio que "o livro pode ser lido independentemente, desde que os leitores se lembrem que ele não trata de um período fechado que pode ser separado do que vem antes ou depois", pois a "história não funciona assim". A leitura da obra evidencia que Eric Hobsbawm faz jus ao renome e respeito que possui.