Bárbara | @barbaraeoslivros 24/09/2020Você tem um minuto para a palavra de Júlia Lopes de Almeida?!
Mas quem é essa Júlia Lopes de Almeida?!
Ela foi apenas escritora, jornalista, cronista e dramaturga. Além de importante porta-voz das reivindicações femininas no período da República Velha, ela também era abolicionista, pacifista e precursora da literatura infantil e da conscientização ecológica!
Mas sim, você não ouviu o nome dela na escola porque, por algum motivo, ela não é citada em muitos livros sobre literatura brasileira.
Mas, saibam, que seu talento foi reconhecido em sua época e Júlia era a principal figura feminina entre os escritores de sua época, vivendo de sua própria escrita.
Tanto é verdade que, na fundação da Academia Brasileira de Letras, uma das cadeiras estava destinada à escritora (que fora inclusive uma de suas idealizadoras), porém, convenientemente, o regulamento acabou não prevendo a candidatura feminina e, como prêmio de consolação, colocaram seu marido (bem justo não?).
O atual resgate do nome de Júlia se deve principalmente à Unicamp, que passou a exigir este livro em seu vestibular (obrigada pessoal da Unicamp).
Tá, mas é o livro?!
Publicado em 1901, a história retrata um período bem familiar para quem gosta de estudar História do Brasil: a República Velha.
O enredo tem como pano de fundo as repercussões do boom do café no final do século XIX e a formação da burguesia brasileira, retratando a dinâmica social e familiar da época.
O livro é uma crítica ácida à sociedade machista da época e um dos primeiros registros das nascentes favelas do Rio de Janeiro.
Preciso destacar também a qualidade narrativa do livro, cujo início retrata um dia comum em uma das principais ruas do Rio com movimento e beleza dignos de um filme, além da maravilhosa construção dos personagens.
O título é verdadeiro spoiler da história, mas não se engane, a ruína vai muito além dos negócios.
[Nós não nos escondemos atrás do homem que procura defender-nos. Se ele avança para o inimigo, sentimos não ter asas, e é sempre com ímpeto que nos lançamos na carreira querendo ajudá-lo a vencer ou evitar-lhe a derrota. Este é que é o nosso caráter; que me desminta quem puder!]
[ (...) o Brasil seria arrastado vertiginosamente pela maldade de uns, a ignorância de outros e a ambição de todos, em voragens abertas pela política amaldiçoada.]