ChrisGally 03/03/2016
As estratégias de leitura
Parte-se, nesta obra, do pressuposto de que o texto “é lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente, nele se constituem e são constituídos, e que, por meio de ações linguísticas e sociocognitivas constroem objetos de discurso e propostas de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de organização textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que a língua lhe põe à disposição”. (Koch e Elias, 2007, p. 7). Para compreender, então, um texto, o leitor deverá mobilizar uma série de estratégias tanto de ordem linguística quanto de ordem cognitivo-discursiva. O objetivo da obra é apresentar algumas estratégias as quais os leitores pressupostamente já possuem a sua disposição para, no momento da leitura, ao perceber as pistas que o texto lhes oferece, construir um sentido que seja adequado com a proposta apresentada por quem o produziu.
Com isso, espera-se que haja um estabelecimento de um elo entre as teorias sobre texto e leitura e práticas de ensino. A leitura, nesta obra, é definida como “atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos” (idem, p.11) e por isso, é necessária a mobilização de diversas estratégias e a ativação de um conjunto de conhecimentos. Os conhecimentos mobilizados são: a) linguístico (gramatical e lexical); b) enciclopédico (ou de mundo); c) interacional, que engloba o conhecimento ilocucional – que permite reconhecer os objetivos ou propósito pretendidos pelo autor, em uma dada situação; d) o comunicacional – que diz respeito à “quantidade de informação necessária à seleção da variante linguística adequada (...) e à adequação do gênero textual à situação comunicativa” (idem, p.50); e) metacomunicativo – “permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido” (p.52); e, f) conhecimento superestrutural, que “permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social” (p.54).
Além desses conhecimentos, no momento da leitura, é necessário também levar em conta o contexto sociocognitivo, importante para a construção da coerência textual, e a intertextualidade, que “compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende de conhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores” (p. 86), podendo ser ela explícita, quando há citação da fonte do intertexto, e implícita, quando requer que o leitor recupere a fonte na memória.
Um dos princípios de interpretabildade de maior ênfase na obra é dada à coerência, processo de interação com o autor/texto, baseado nas pistas que são dadas no texto. Ela pode ser sintática, semântica, temática, pragmática e estilística.
A obra é de fácil leitura, mas apresenta uma nomenclatura própria da linguística textual, requerendo do leitor, portanto, certo conhecimento dessa área.