spoiler visualizarGabriela3771 22/07/2024
Um por Todos e Todos por Um
Quando iniciei essa leitura eu estava esperando por um livro longo, expressões de época e narração enfadonha, considerando que foi escrito originalmente em 1844 e se passa no século 17, aproximadamente em 1640. Mas os clássicos sempre surpreendem. Eles têm um motivo para serem clássicos.
O livro tem um humor que eu jamais esperei que tivesse: achei que todas as versões infantis que eu vi d?Os Três Mosqueteiros, quando era criança, havia inventado essa parte. Mas não. O humor desse livro é belíssimo e muito gostoso de ler, se encaixando perfeitamente. As cenas improváveis e o sarcasmo e carinho entre os quatro amigos é impagável.
Alexandre Dumas se inspira em personagens reais para desenvolver os seus, mas sabemos que, pelo menos os protagonistas, são pouco parecidos com as suas versões reais. E isso não é uma crítica, Dumas nunca tentou recriar esses homens. Sua história não funcionaria se fosse de outra forma e seus personagens são construídos de forma maravilhosa.
Fica muito claro, ao decorrer do livro, a personalidade de cada um dos quatro principais. Nós conhecemos perfeitamente quem são Athos, Porthos, Aramis e D?Artagnan. Se, ao final do livro, não fosse dito que personagem está falando o que, ainda sim seria possível saber com clareza. Isso vem de uma criação e descrição de personagens que acontece não abruptamente, mas ao decorrer da história, falando sobre cada um no ponto certo, mesmo que essas personalidades sejam um pouco caricatas - mas acredito que essa caricatura tenha nascido deles.
É engraçado pensar que a famosa fala ?um por todos e todos por um!? seja dito apenas uma vez, quase no início do livro. Achei que essa seria uma fala recorrente, mas percebi que havia interpretado-a errado: ela não é um bordão, é um juramento e, portanto, basta ser feita apenas uma vez.
Athos e D?Artagnan são cavaleiros exemplares, e talvez por isso eu goste tanto deles (menos no início, onde achei que D?Artagnan foi um tanto arrogante demais, nas minhas concepções de cidadã contemporânea), e a surpresa vem quase ao final do livro, quando o verdadeiro vilão é revelado - e ele é maravilhoso. Gostaria de dizer apenas, maldito D?Artagnan! Que amor é esse que muda toda hora?!
Também acho que o final do vilão poderia ter sido mostrado com mais detalhes e mais cuidado. De toda forma, o final de todos os personagens é justo e D?Artagnan realmente não merecia nada menos do que ser tenente dos mosqueteiros - e fiquei muito feliz de vê-lo oferecer a vaga a todos os seus amigos (e eles o recusarem prontamente e com prazer), antes de aceitar; é como se fosse um presente e um reconhecimento dado por todos.