Carous 05/12/2020Gosto de pegar livros em que eu não vou com a cara do protagonista (no caso aqui, do
S protagonista
S) de vez em quando, mas isso não me impede de apreciar a história.
Meu problema com D' Artagnan e os três mosqueteiros não é nada demais. É só que com os anos o comportamento deles ficou ultrapassado e o que restou é que eles são indiscutivelmente machistas. Além disso eu os achei profissionalmente bem irresponsáveis/levianos, muito malandros. Me incomodou um pouco como eles não encaravam o trabalho com seriedade. Estavam sempre endividados, bebendo, se metendo em confusões amorosas, brigando com os guardas do cardeal, fugindo de alguma trapalhada que tinham se metido, tirando proveito das amantes - principalmente para conseguir dinheiro para bancar o equipamento e a comida deles. - Eles também não têm nenhuma responsabilidade financeira ou emocional com suas amantes. Exploram muito seus empregados e não os pagam bem sequer os pagam bem.
Como eu escrevi acima: o comportamento deles envelheceu mal. Talvez se eu lesse 10 anos após a publicação original, não perceberia isso, mas outros tempos; outras eras.
No entanto, nada disso tornou a leitura desagradável para mim. Eu levei um tempo para terminar de ler porque é um livro com 788 páginas, tem muitos acontecimentos. Eu lia alternando com outros livros e acabei embolada com a minha TBR.
Mas li no meu ritmo, de acordo com o meu humor e minha disponibilidade de tempo. É assim que gosto e posso afirmar que aproveitei cada linha da história.
É a segunda obra do Alexandre Dumas que leio. Agora posso dizer que gosto do autor; gosto de suas histórias, de como escreve (apesar de não conhecer de fato o texto dele já que li os dois livros traduzidos), mas gosto de como ele desenvolve a trama, as críticas sutis à monarquia e a sociedade.
Apesar das minhas críticas aos protagonistas, eu tenho em mente que se eles fossem homens certinhos, religiosos, tementes a Deus, blá-blã-blá, não haveria história (ou ela seria muuuuito chata) para cobrir tantas páginas.
A edição da Zahar tá linda e bem feita. Eu encontrei uns erros de digitação (poucos), a tradução está perfeita, a revisão não deixa a desejar. As folhas do livro são bem mais grossas do que as de
O conte de Monte Cristo, então a leitura foi mais confortável.
A edição de bolso de luxo da Zahar de
O conde de Monte Cristo é maravilhosa, porém peca pelas folhas finas, quase transparentes que deixam o leitor enxergar as palavras na próxima página.
Então fui surpreendida ao encontrar uma folha diferente, de qualidade superior em outra edição de bolso de luxo
Porém, ainda é uma edição de bolso, então as páginas são abarrotadas de palavras com pouco respiro. A fonte é menor e não contém notas de rodapé. Não fez diferença pra mim isso e eu tinha ciência de tudo quando comprei o exemplar. Achei melhor do que comprar a edição de tamanho regular e carregar um pesado calhamaço pra cima e pra baixo. Essa versão menor é mais prática e confortável.
Na verdade, eu fiz uma releitura do livro. Mas nos tempos de colégio, eu li uma versão didática e anos depois quis ler o texto integral.
A diferença entre as leituras foi que na primeira vez eu simpatizei com todos os mosqueteiros e agora, não. Relendo, eu achei o caráter deles meio vacilante (porém são muito leais entre si).
Foi uma experiência legal porque já tinha esquecido muitos detalhes (óbvio, já li tantos livros depois desse...).
Minha maior curiosidade para ler este livro na primeira vez era entender por que o título falava de três mosqueteiros, mas havia sempre 4 personagens com destaque.
Também na primeira vez que li
Os três mosqueteiros, achei que a história era 100% fictícia e agora já sei que muitos eventos, intrigas aconteceram e personagens existiram
É uma pena que as pouquíssimas mulheres relevantes neste livro sejam inimigas e a única interessante de verdade mais complexa é vilã. Ela tem um final justo - por ser vilã -, mas não feliz.
A sra. Bonacieux é corajosa, mas tem a profundidade de um pires e é um fantoche da rainha e de D' Artagnan na trama toda. Esperava mais dela, mas nem sei por quê. Personagens femininas escritas por homens não chegam nem perto de reproduzir a complexidade de uma mulher de verdade.