spoiler visualizarana oliveira 20/09/2022
Um por todos e todos por um?
Esta é a segunda vez que pego este livro para ler e a primeira vez que o leio completamente. O meu primeiro contato foi à três meses atrás, quando o abandonei logo nos primeiros capítulos, talvez não fosse a hora certa para lê-lo. Verdadeiramente, não foi uma leitura fácil, muitas vezes me peguei desejando abandoná-lo novamente, mas persisti, ou melhor, insisti.
Graças a minha insistência, consegui terminar.
Uma das razões pela qual me fez querer continuar a leitura foram as personagens femininas; me senti mais cativada por elas e por suas histórias. A trama envolvendo a rainha Ana (e uma segunda pessoa) foi uma das partes mais animadoras, mas assim como todas as coisas boas, acabou muito rápido. Devo dar um destaque especial para a Milady, que talvez seja a minha personagem preferida. Uma mulher misteriosa, cativante e que junto ao cardeal são os maiores "vilões" da narrativa. Infelizmente, seus momentos finais não foram bem retratados, uma vez que ela foi a única que "pagou por suas ações". D'Artagnan (personagem principal) passou a história inteira jurando vingança ao homem que lhe roubou para no final se tornarem amigos, ou seja, você só será condenado se for uma mulher.
Quanto aos personagens principais (D'Artagnan, Athos, Porthos e Aramis) nenhum me conquistou ao ponto de me envolver com suas histórias, motivações e paixões. Muito pelo contrário, na maioria dos capítulos senti raiva dos "quatro mosqueteiros". Ao início, D'Artagnan é descrito como um homem que se ofende com qualquer coisa: "[...]D'Artagnan considerava cada sorriso um insulto e tomava os olhares como provocações.". Durante a narrativa, D'Artagnan tem um melhor desenvolvimento quanto a sua personalidade (principalmente depois de se aliar aos mosqueteiros) e se torna mais suportável (pelo menos para mim). Porthos é um aproveitador, viciado em jogos de azar e extremamente vaidoso e permanece assim até a última página. Aramis deseja seguir carreira religiosa e passa muito tempo estudando para isso, porém, também é um homem totalmente influenciável pelos "valores mundanos" e pelo amor de uma mulher em especial. Athos é o que tem o passado mais triste e nos é mostrado como suas atitudes anteriores moldaram sua personalidade presente, contudo, ele é retratado pelos amigos como "um homem extraordinário" enquanto (à minha perspectiva) se apresenta totalmente ordinário, alguém que encontrou consolo nas garrafas de álcool.
Vamos, finalmente, às qualidades desta obra. As referências que o autor faz à personagens históricos e fictícios, mitologia grega e mitologia romana são, de longe, uma das melhores características do livro. Em segundo lugar, a presença de personagens de moral duvidosa e com desvios de caráter é um ponto que torna todo o enredo mais "real" porque, vamos combinar, não tem nada mais "humano" que a nossa enorme presença de defeitos e a tendência ao erro enquanto seres humanos. Por último e não menos importante, o pano de fundo histórico escolhido pelo Dumas acrescenta e muito à atmosfera ambientada na obra.
Enfim, foi uma leitura cheia de altos e baixos (mais baixos que altos), e, portanto, não é um livro para mim, mas valeu a experiência. Não devo levar a leitura mais adiante, acredito que não lerei as continuações, mas com certeza irei ler outras obras do autor.