R...... 21/08/2019
HQ EBAL, Edição Maravilhosa 11 - 1949 (1ª edição)
Essa leitura despertou curiosidade. Li a HQ antes do romance (geralmente escolho o caminho inverso) e nada sabia da história, tendo apenas noção de ser obra contra escravidão, impactante e de grande popularidade (incluindo o Brasil, onde foi adaptada numa polêmica novela de sucesso na década de 1960).
Somei a isso os informes de ter sido baseada em fatos reais (não sei em que extensão, se apenas no contexto da escravidão nos EUA ou nas particularidades descritas) e, o aspecto mais relevante, os registros que colocam o romance como uma das inspirações para o movimento abolicionista e consequente Guerra da Secessão, sendo citada pelo presidente Lincoln em seus discursos.
Fiquei instigado e sugestionado a uma visão de exaltação.
Na real, o desenrolar é bastante melodramático e, se não soubesse da inspiração em contexto real, estava tendencioso a achar a história melosamente chata, parecendo forçada. Com a percepção diferenciada, tornou-se impactante, especialmente na resiliência cristã demonstrada pelo protagonista (fui descobrindo o clássico aos poucos, né!). Fiquei bastante tocado e, de certa maneira, inspirado na fé.
A trama ilustra os absurdos desencadeados pela escravidão, em coisas que sensibilizam o leitor e, desse contexto, o que mais impactou foi mesmo a disposição cristã em pai Tomás. Confesso que estava esperando um guerreiro justiceiro, aí me deparo com um homem que ilustra humildemente a vivência na fé ante dificuldades e lutas tempestuosas.
Podem até dizer que é um servilismo conformista, mas fico com a percepção de vivência em amor e constância na fé, ainda que em contexto que tratava de inibir isso.
Me senti tão pequeno, enquanto um iracundo propenso a tolices e grosserias.
Foi o que a obra fez perceber.
No contexto da escravidão, certamente estimulou também muita indignação e disposição a um basta, como o que vemos no final, e como a fatídica guerra civil americana mostrou.
Destrinchando mais um pouco, a história tem também episódios de muita ação, empolgantes ao leitor, e entre as personagens, não sei explicar direito porquê, mas Topsy foi uma descoberta das mais interessantes, em sua história de devaneios e aprendizagens, que me fez lembrar um pouco da Emília. O quadrinho em que seu rosto foi apresentado é pra lá de carismático.
A concepção artística é tosca, mas gostei, especialmente pelo esmero artístico em reproduzir as emoções nas expressões faciais.
Que história melosa nada! Curti, fui edificado, percebi boas coisas, tive indignações, olhar interno de auto avaliação, e motivação a coisas que gostaria, e pretendo, cultivar e manifestar.
Valeu a leitura!