Mia Fernandes 04/05/2020
O Professor é uma lição de que ler pode ser realmente algo torturante
Quando 400 páginas poderiam ter sido reduzidas para 200. O Professor é uma lição de que ler pode ser realmente algo torturante. Onde os personagens são tão rasos, onde o protagonista que deveria ser o responsável, maduro e independente tem atitudes de um pré adolescente ou que está numa fase terrível de crise da meia idade. A mocinha cumpre o seu papel de irritante e instável com louvor.
Charllote Middleton é uma mulher de 21 anos, mas com a maturidade de 12 anos. Ela almeja desde que se conhece por gente, seguir a carreira de escritora. Tanto que moldou toda a sua vida para concluir o curso que a formará como uma escritora. Nos últimos 4 meses vive e respira o seu projeto: um livro de romance adulto. E tava tudo indo ao caminho certo, até que o professor, o seu orientador, Alex Franklin, disse que seu projeto estava uma bosta. Que ela seria reprovada. O motivo? Falta de profundidade dos personagens, ou seja, Charlotte não sabe descrever as cenas de sexo. Claro, porque ela é uma virgem.
O que parece ser um sacrilégio, uma mulher de 21 anos hoje ser virgem! Então, ela propõe ao professor que este lhe de algumas aulas de sexo e resolva este “problema”. Assim, ela se forma com louvor.
A proposta mexe com a cabeça do “puritano” Alex Franklin. Como se ele fosse um príncipe encantado. Tá.. me conta outra. Ele é mais rodado que sabonete de quartel. Ele com 34 anos tenta passar a imagem de homem responsável, maduro e totalmente experiente. O que a autora faz questão de frisar o tempo inteiro. Além, do fato que Alex não quer fazer sexo com Lotte. Helo! Ela tem 21 anos, não 15 (apesar de ser mais infantil que a galinha pintadinha). Então passamos 400 páginas no chove e não molha entre o “casal”, enchendo as páginas de cenas repetitivas de brincadeiras sexuais.
Além do problema da “idade”, e da relação de professor e aluna (no qual nem foi muito ameaçado, o único drama que importava é quando Alex vai comer Lotte), temos os personagens que empatam a foda deles. Como os “melhores amigos” da Lotte, Jonny e Miranda, que simplesmente são um bando de escrotos. Principalmente, Miranda que está mais para a mal comida e inimiga, porque querida, que se eu tivesse ela como amiga, não precisava de rival. O criatura irritante do tipo: “faça o que eu digo, e não o que eu faço”. Jonny o mesmo, ser machinho alfa. Do lado de Alex, a merda também tem nome, como o seu cunhado e irmão, que são simplesmente broxantes.
Eu li tantas resenhas positivas, mas simplesmente eu não sei onde está o positivo do livro. A intercalação entre os personagens foi péssima, mostrando um falso moralismo de Alex, o seu jeito adolescente nada condizente com a sua pseudo maturidade (está mais para uma aguda crise de meia idade), Lotte como uma criancinha que não sabe o que quer. Teria sido interessante se a autora tivesse mostrado a evolução da escrita de Lotte, e não os seus novos conhecimentos sobre sexo. Os diálogos com as palavras e não a troca de salivas e incansáveis ondas intermináveis de orgasmos.
Só tem um ponto positivo nesta p@@@@ toda. Em determinado momento, Lotte quis ferrar a vida dos seus personagens ou matar eles. E nossa, foi neste raio de inteligência, que eu concordei com a autora e protagonista. Pois só matando todo mundo, para eu ficar feliz.
Não, eu não sou mau comida e também não espero encontrar o príncipe encantado. Só simplesmente sei reconhecer quando uma história é bem contada, seja ela sobre sexo ou não, mas reparei que quando mais se sem sexo, menos tem espaço para o amor e sua profundidade. Por mais profundidade de sentimentos, e não cenas banais para aumentar um livro e muito menos para estender e tornar uma trilogia.
xoxo
mia fernandes.