Sofia 05/06/2012Tão estranho quanto uma laranja mecânica! Este foi o primeiro livro que li em inglês (mesmo estudando a língua há nove anos) e devo dizer que estou felicíssima com a escolha. Foi com certeza um desafio lê-lo, principalmente no começo, e ter que consultar o glossário inúmeras vezes e o dicionário mais ainda. Porém, ao longo do livro foi interessante perceber que a leitura fluía tão perfeitamente que eu já não precisava tanto do dicionário e que já havia incorporado toda a linguagem nadsat (inventada brilhantemente pelo autor, derivada principalmente do russo) ao meu vocabulário.
Enquanto eu o lia, dizia a mim mesma o tempo todo "Ainda bem que eu estou lendo em inglês!", e não dizia em vão. Os recursos linguísticos usados por Burgess são, muitas vezes, sutis mas indispensáveis, de modo que mesmo em uma tradução extremamente bem feita perde-se muito da obra.
Apesar da 'ultra-violence' contida no romance, e de todas as vis características atribuídas à personagem principal, Alex, é quase impossível não se ver atraído por todo esse universo e cativado pela personagem. Burgess constrói a narração feita por Alex de modo tão perfeito que não há como duvidar de que aquelas são realmente as palavras de um nadsat adepto da 'ultra-violence'. Essa narração prende o leitor, que se acostuma com o célebre 'O my brothers' e se diverte com o 'Your Humble Narrator' ou 'YHN'.
Por fim há a transformação, através do chamado 'Ludovico's Method', de Alex em uma 'clockwork orange', ou seja, em incapaz de escolha moral (algo aparentemente orgânico mas na verdade mecânico), e o final do romance. Ambos fazem desta distopia além de divertida, assombrosa e assustadora, uma sátira política, satirizando principalmente regimes políticos extremos, controladores e totalitários.
(Recomendo não só o livro como também o filme de 1971!)