Kamilla 26/03/2023Miss Maple resolve um cold caseAdorei Miss Maple se envolvendo em uma espécie de crime arquivado, me lembrou uma série de tv muito boa chamada Cold Case, que envolvia uma detetive seguindo novas pistas para desvendar crimes que foram cometidos há anos.
O livro está repleto de conversas sobre a sexualidade feminina, e é um aspecto interessante dele, pois mostra como uma geração mais velha, de certa forma pós vitoriana, enxergava a liberação sexual que pouco a pouco o pós guerra deu as mulheres. Lógico, alguns trechos contém culpabilização da vítima, slut shaming, racismo, o que pode afastar alguns leitores, mas eu acho interessante que essas coisas se mantenham registradas como o retrato de uma época.
Eu sempre senti que Agatha Christie nunca se furtou de acrescentar personagens gays em seus livros, mas é claro que eles estavam codificados como uma forma de não ofender os leitores mais conservadores de sua época. Nesse livro específico o código está bem menos sutil, o que é um ganho para a história, e novamente, o tom de anormalidade com que os relacionamentos gays são comentados pelos demais personagens retrata a forma que como a pessoa gay era de fato enxergada na época da história.
A revelação do assassino foi devastadora, Miss Maple de fato é uma senhorinha sem medo, esse livro é uma história que me causaria bastante interesse sendo adaptada na nossa época, por filme ou série de tv.