Toni 25/09/2018
ivro curto, leitura de uma-sentada, somente em formato digital, 3,90 golpinhos na Amazon: corram. Este “Sem importância coletiva” é uma bela duma alegoria-distópica onírico-abstrata. A dicção breve de Daniela Lima encontra fôlego na caracterização puramente nominal de seus tipos, personagens que dão nome aos capítulos pelo papel que desempenham: o herói, o robô, a escritora sem importância coletiva, o monstro invisível, etc. Presas a um mundo radioativo em que uma tragédia semelhante à Chernobyl acabou de acontecer (não há referências explícitas ao lugar), essas personagens tentam se movimentar e compreender a (própria) humanidade num espaço contaminado pelo utilitarismo das tecnologias e por aquilo que é irrepresentável no desastre. Belo e rápido soco no estômago ilustrado pelo gaúcho Fabiano Gummo.
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Daniela Lima é carioca, escritora e pesquisadora do Laboratório de Filosofias da Alteridade (Instituto de Filosofia-UFRJ).
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GRIFO: “Uma massa sem identidade que poderia tocar 500 ou 600 mil corpos — alguns enterrados com vida. Logo depois a mulher com importância coletiva diz que quer conhecer a Zona, que precisa 'sentir a história’. A mulher com importância coletiva está curiosa para saber como é 'o mundo depois do apocalypse’s. O homem sem importância coletiva não está familiarizado com a ideia de apocalipse.”