spoiler visualizarCanafístula 24/06/2012
O Diário de Mary Berg, de Mary Berg
Mary Berg é, sem dúvida, uma pessoa de sorte. O fato de sua mãe ser cidadã americana a livrou do terrível genocídio que foi o Holocausto. Mas isso não a livrou de ser confinada no gueto de Varsóvia e lá testemunhar coisas horríveis que ficaram pra sempre marcadas em sua alma.
Eu gostei muito do livro. Os relatos de Mary são simples, sinceros e impactantes, daqueles que você lê e quase não consegue parar, ansioso por ver o que irá acontecer a seguir. Apesar de já ter lido muitos livros sobre o assunto e já saber muito bem que tipo de coisas acontecia no gueto de Varsóvia, nem mesmo eu consegui deixar de ficar boquiaberta em diversos momentos da leitura. É terrível constatar a que ponto já chegou a crueldade do ser humano.
Um ponto muito interessante do livro é que Mary conheceu diversas figuras “famosas” do Holocausto no gueto de Varsóvia, como Janusz Korczak (um pedagogo polonês, que mantinha um orfanato para abrigar as crianças órfãs do gueto; é terrível o final que eles têm, devidamente relatado por Mary em seu diário) e Wladyslaw Szpilman, o pianista polonês que teve sua vida retratada no premiado filme de Roman Polanski, “O Pianista”. Para mim, que já conhecia essas pessoas de tanto estudar sobre o tema, foi especial vê-las devidamente retratadas sob um aspecto mais humano, pela visão da jovem Mary. Através de suas palavras, conseguimos perceber que, rico ou pobre, famoso ou não, todos eram seres humanos com sentimentos e que igualmente sofreram os terrores do massacre nazista.
Devo confessar que em algumas partes do diário achei a Mary fria demais, mas não a culpo; só Deus sabe como eu me comportaria se estivesse na mesma situação que ela. Mas o que mais pesou para mim foi o final. Achei o final terrivelmente vazio. Desculpem-me pelo spoiler, mas o diário de Mary acaba assim que ela chega aos Estados Unidos. Não custaria nada fazer um epílogo, um posfácio, algo assim, relatando-nos o que aconteceu com a Mary depois do Holocausto, assim como fez a Janina Bauman em seu livro “Inverno na Manhã”. Creio que isso foi o que mais pesou para não avaliar o livro como “ótimo”. Fica aquela sensação de vazio, pensando no que deve ter acontecido, o que aconteceu com os antigos amigos dela em Varsóvia, principalmente com Rutka. Enfim, o livro poderia ter algo a mais, mas resume-se a vida de Mary no gueto. Não devo negar o rico valor histórico desse relato, mas poderia ser melhor.
Apesar desse pequeno detalhe, leitura mais do que recomendada.
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