Marcos Pinto 03/12/2015Divertido e envolventeHá livros que te ganham pela complexidade, pela estrutura inovadora e intrincada. Outras obras ganham o leitor pela simplicidade e beleza, pelas mensagens passadas através de atitudes simples. Academia Jedi, sem dúvidas, faz parte do segundo grupo. De maneira simples, mas profunda e inteligente, mostrou-se uma das melhores obras, se não for a melhor, do universo Star Wars.
Tudo começa quando Roan Novachez, após cursar a escola primária, chega à idade de escolher a academia na qual deverá se inscrever. Será nessa nova instituição onde ele continuará seus estudos e, juntamente, aprenderá uma profissão. Desta forma, seguindo o exemplo de seu pai e irmão, Roan se inscreve na Academia de Pilotos. Desde pequeno, ele sonhava em voar pelos céus e viver diversas aventuras. Porém, nem tudo sai como ele imagina.
Roan é recusado pela Academia de Pilotos, o que o frustra completamente. Para piorar, lhe é recomendado a Academia de Agricultura, vulgo “Academia de Plantinhas”. Para ele, nada poderia ser pior, é claro. Era terrível, vergonhoso. Ele, definitivamente, não queria ser um “cuidador de plantinhas”. Contudo, quando tudo parecia perdido, Roan recebe um convite para integrar a Academia Jedi, visto que a força era forte em seu ser. Sem muitas opções, aceita o convite. Nesse momento, sua sorte começa a mudar; ou não.
“Bem, agora sei para qual escola vou: Academia Jedi. Acho que não vai ser tão ruim. Sei que os Jedi usam um tipo de espada laser, o que me parece bem legal, embora mamãe tenha murmurado algo sobre tomar cuidado. Só não sei quando os Jedi usam essas espadas, porque acho que são diplomatas ou embaixadores a maior parte do tempo” (p. 18).
Partindo dessa premissa, Jeffrey Brown cria uma obra genial. Academia Jedi é uma mistura de um diário de Roan com as aventuras que ele vive no cotidiano escolar. De maneira simples, o autor envolve o leitor, o prende com as reviravoltas bem construídas e o diverte com a beleza dos problemas juvenis. Sem deixar, é claro, de problematizar a obra.
O livro pode ser lido em duas vertentes: a primeira é a introdução de leitores infantis no universo Star Wars. Nesse aspecto, não há nada o que reclamar. O autor consegue transferir muito bem os elementos da série adulta para o universo infantil, sem perder a beleza e a graça. Além disso, algumas piadas e tiradas tem total relação com os filmes, deixando, assim, a obra também muito interessante para o público adulto.
A segunda vertente da obra é tratar dos problemas vividos pelas crianças e adolescentes. O autor aborda como lidar com a dificuldade de aprendizado, mostra como vencer o bullying e apresenta a importância das amizades, de viver em grupo e como os amigos podem ajudar a vencer muitas dificuldades. Ou seja, além de inserir o público infanto-juvenil em universo rico como o Star Wars, ainda trata de problemas sociais que o leitor possa viver ou esteja vivendo.
“Bem, achei que finalmente tinha sentido a Força na semana passada. Comecei a me sentir zonzo e estranho. Depois, me disseram que eu comecei a falar bobagens e então desmaiei. Acordei uma hora depois num tanque de bacta (o que foi bem legal, tirando que eu estava só de cueca). O droide medico disse que eu não estava comendo nem dormindo o suficiente. Então eu não estava sentindo a Força, só faminto e cansado (...)” (p. 38).
Se não bastassem essas características para ler a obra, ainda temos as incríveis ilustrações de Joffrey Brown. Eu já conhecia o trabalho do autor por causa dos livros Darth Vader e Filho (resenha) e A Princesinha de Vader (resenha), contudo, mesmo assim fiquei surpreso. Nessa obra, a qualidade das ilustrações está ainda melhor. Através de ilustrações em p/b, o autor consegue transmitir significados profundos.
Além disso, a edição da Aleph está simplesmente incrível. A capa é dura e ainda conta com uma ilustração que transmite muito bem a essência da obra. A tradução está perfeita e a revisão também. Acha pouco? Tem mais! No Café Literário da Aleph, realizado aqui no RJ, foi nos confidenciado o seguinte: não foi utilizada uma fonte na escrita do livro; uma pessoa o reescreveu a mão para a língua portuguesa. Simplesmente incrível! Isso, indubitavelmente, deixa a obra muito mais rica e bela.
Diante de tantos aspectos positivos, só me resta indicar o livro. Se você quer uma boa obra que traga Star Wars para o universo infantil, essa é a melhor opção. Se, por outro lado, você procura uma obra que trata dos problemas sociais na escola, essa também é a melhor opção. Por fim, se você é adulto e quer curtir uma obra linda e leve, adivinhe: essa também é a melhor opção! Ou seja: leia Academia Jedi; você não irá se arrepender.
site:
http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/05/resenha-academia-jedi.html