Tamirez | @resenhandosonhos 04/03/2016Corte de Espinhos e RosasNo mundo de Prythian o continente foi dividido entre humanos e feéricos. Os primeiros, após perderem a última guerra, ficaram com uma pequena porção de terra e assinaram um tratado, com regras a serem seguidas, e a mais importante delas é jamais cruzar a muralha que separa os dois mundos. Os feéricos, por outro lado, vivem em um amplo território que é dividido em sete cortes: Noturna, Diurna, Crepuscular, Invernal, Estival, Outonal e, a que faz divisa com o território humano, Primaveril.
É no lado humano que vive Feyre, uma jovem de 19 anos que viu a família perder toda a fortuna e no leito de morte da mãe prometeu que cuidaria de todos. Pra isso ela se transformou numa caçadora hábil e é ela quem obtém praticamente todo o alimento da família. O pai, que tem uma perna machucada, não pode trabalhar e as duas irmãs mais velhas não fazem questão de ajudar, somente de reclamar e pedir mais coisas.
É numa dessas caçadas em busca de comida que Feyre acaba se aproximando bastante da muralha e mata um grande lobo que estava se aproximando do animal que ela tinha em mira. Porém, o que Feyre não sabia é que esse lobo era uma feérico transformado, e que há uma cláusula no tratado que diz que ao matar um feérico você deve dar sua vida em retorno ou mudar para o mundo deles. E ela só descobre isso quando alguns dias depois uma enorme criatura bestial arranca a porta de sua casa e cobra a dívida.
“Somos poderosos demais, entediados demais com a mortalidade para sermos reprimidos por qualquer coisa.”
Feyre decide ir com ele e abandona a família para cruzar a muralha e viver na Corte Primaveril. Mas, ao contrário de ser feita escrava como ela imaginava, ela é tratada como uma hóspede pelo Grão Senhor Tamlin e seu braço direito Lucien. Ela começa a descobrir que o mundo dos feéricos está sobre grande ameaça e que isso pode vir a prejudicar os humanos também, levando uma guerra até eles. Com ouvidos atentos e em busca de respostas, Feyre percebe que o mundo em que ela vivia era imensamente mais simples do que o que ela acabou de adentrar.
Minha opinião
Estamos falando de Sarah J. Maas então é claro que a leitura é super fluida e você vai querer devorar o livro em apenas algumas horas, mas quanto a história temos várias diferenças de construção em comparação com a série Trono de Vidro e isso tem seu lado positivo e negativo.
Eu gostei bastante do mundo criado e da mitologia dos feéricos, apesar de ela só se revelar verdadeiramente do meio para o fim do livro, já que no início você não entende muito bem porque levar uma humana para o reino mágico deles seria uma punição pela morte de um feérico, principalmente se ela estava sendo tratada como uma princesa. Mas aqui entra parte das descobertas que fazemos ao longo do livro e do plot twist que também está presente.
“Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada.”
Minha decepção ficou na construção da personagem feminina e protagonista. Estava tão acostumada com uma Celaena bad ass que achei que a autora fosse manter uma personalidade semelhante em Feyre, porém, não é bem isso que acontece. No começo da história temos um vislumbre de quem ela pode se tornar, uma caçadora, destemida, cumprindo seu dever. Mas é só ela por os pés em casa, em um ambiente onde é imensamente mal tratada pra ver a luz da personagem se apagar, e quando ela é levada para o lado feérico de Prythian isso se mantém, já que por lá ela é a mais fraca das criaturas.
Confesso que isso por si só já foi um tiro pra mim, já que era algo que eu tinha como certo. Outra coisa é a forma como ela toma suas decisões, como a promessa que ela fez a mãe no leito de morte e que faz bem pouco sentido, sendo ela a mais nova das filhas e, como ela menciona várias vezes no livros, uma das que recebia menos afeto e atenção da mãe. Porém, ao ir para o lado feérico, seus problemas todos desaparecem e ela parece perder um pouco do propósito de estar ali, virando apenas uma “mulher enfeite” enquanto os homens fazem a história acontecer.
Na Corte Primaveril ela vai conviver com Tamlin, o Grão-Senhor e Lucien, seu fiel escudeiro, e a trama do que é importante está sempre ligada a um deles, e ela é transformada em coadjuvante enquanto a narrativa desse lado mais mágico da história se desenvolve. Pra isso é dado a ela o hobby de pintar, que ela executa enquanto está lá, parando a trama em vários momentos para falar sobre isso. E, tendo em vista que o livro teoricamente seria inspirado na Bela e a Fera, não fica muito difícil tentar prever o que pode acontecer em termos de romance.
Entretanto, mesmo com esses problemas, a autora consegue desenvolver uma história que cativa o leitor e faz com que ele fique refém do livro. Os personagens masculinos aqui pareceram muito mais interessantes pra mim, principalmente Rhys que dá as caras mais pro fim do livro e que provavelmente terá papel importante na sequência. Se você já leu Trono de Vidro talvez note algumas semelhanças em função de ambos os livros terem os feéricos como mitologia, mas elas param por ai.
O fim do livro não faz cliffhanger e é difícil saber o que virá pela frente, mas acredito que o continente de Hybern, o qual tivemos apenas um leve vislumbre em Corte de Espinhos e Rosas vá ser peça importante no que acontecerá. Sobre os rumos de Feyre, gostaria que ela pensasse mais com a cabeça e menos com o coração, pois aposto que suas decisões seriam mais fáceis de engolir e ela seguiria por um caminho melhor. Resta saber o que Sarah J. Maas vai trazer pra gente, depois de todas as transformações que aconteceram no fim do livro, e que com toda certeza influenciarão o que está por vir.
site:
http://resenhandosonhos.com/corte-de-espinhos-e-rosas-sarah-j-maas/