Sabrina 11/09/2024
Senhora (ou seria Serva do que sente?)
Fiquei perplexa com o quanto amei esse livro!
Imergi tão profundamente na história, que juro, a linguagem rebuscada não me foi um problema (confesso até que gostei e me sinto mais culta kkkk ainda que isso pareça idiota)!
Não fui a leitora que encasqueta com o significado de cada mísera palavra, e acredito que por estar envolta na história eu podia não saber a etimologia, mas sentia o que a palavra trazia consigo. Também emprego o fato que passei por alguns outros clássicos antes de me aventurar nesse, e que tenho leituras inacabadas com a mesma estrutura linguística; acho que me prepararam.
O principal, para mim, é que amo um autor que sabe usar e brincar com palavras. Amei a descrição do beijo, dos sentimentos, das decisões, das percepções dos personagens; descrições essas que fogem completamente de todo e qualquer romance que se lê. Acho que imprime mais efeito, mais sensação.
Desde o início, nas primeiras linhas, fiquei presa almejando descobrir o desenrolar do romance entre Aurélia e Seixas. Abismada com a genialidade de um homem escrever um livro onde a personagem principal é mulher, e o melhor de tudo, senhora de si. Ao meu ver, para aquela época, foi muito astuto.
No fim, gostei das linhas finais, da trajetória que ambos percorreram e de ver o amor sendo selado, (a muito custo, que fique claro!). O orgulho tomou conta de muitos capítulos, para não dizer de todos, mas, tudo em nome de um amor.
O que me fez refletir o quanto a época em questão tornava as tratativas tão mais difíceis. A imagem, a postura que se tinha de passar, era um tortura, no meu entender. Não poder se acorrentar às veredas do coração pelo simples fato de ser nobre e ter de agir como nobre (uma visão deturpada de nobreza, eu diria).
Talvez uma conversa tiraria os dois do suplício que viviam e poderiam ter se deleitado em uma história diferente em muitos pontos.
Mas, o que a sociedade diria?
Tudo se deu em vista dos obstáculos que as mulheres tinham de enfrentar, das obrigações que tinham, ou melhor, A obrigação, CASAR, afinal tudo se afunilava neste único intento. Me parece que se Aurélia não fosse pobre ou se tivesse meios mais eficientes de prover seu sustento, ao passo que era dependente do bom coração do avô (que demora a cumprir seu papel), Fernando não teria tido necessidade em deixá-la prevendo o futuro desta e de suas irmãs, se caísse em um casamento sem opulência e riqueza (não o vi como um caça-dotes). Em outras palavras, se a pobre não existisse apenas para se casar.
O que eu concluo, é que numa realidade tão engessada, tudo terminava em dinheiro, a não ser que o amor que se sintisse fosse maior.