Marcos Pinto 20/12/2016Muito bomDez anos atrás, coisas estranhas aconteceram na Colina de Darrington. Benjamin Simons, hoje, talvez seja a única grande testemunha do que aconteceu. Contudo, se ele contasse detalhadamente os eventos daquele dia, será que você acreditaria? Tudo não parece muito mais o delírio de um louco? Verdade ou fantasia? Você escolhe.
Depois de sair do orfanato para viver com um tio, Benjamin começa a sofrer reviravoltas em sua vida. Carla, a prima de quem iria tomar conta, começa a falar coisas estranhas, ver pessoas penduradas no teto. Verdade ou delírio de uma mente juvenil? Ben irá descobrir da pior maneira. Após algumas visões horripilantes, a certeza que ele tem é que a escuridão está chegando; ele precisará fazer de tudo para salvar-se e proteger a sua prima.
Contudo, contra forças sobrenaturais poderosíssimas é muito difícil lutar. Se essas forças ainda são invocadas por humanos, tudo se torna ainda maior. Na divisão entre a loucura e o dever, Benjamin terá que escolher entre a escuridão e a luz. Entretanto, escolher a luz parece ser um tanto mais assustador.
“Fechei os olhos e senti minhas pernas bambearem. Uma respiração fria soprava em meu pescoço, e com um sussurro de diversas vozes, graves, agudas e desesperadas, distingui pouquíssimas palavras, cujos significados tentei fingir que não entendia” (p. 20).
Partindo dessa premissa, Marcus Barcelos cria um livro envolvente e muito ágil. O livro curto, somado a uma escrita bem fluída, formam uma obra que pode ser lida em apenas uma sentada. Aliás, se depender do suspense empregado na obra, certamente o leitor só se dará por satisfeito quando chegar na última página.
Barcelos, em sua obra, para prender o leitor, aposta no suspense bem construído, como já dito. O outro elemento predominante é o terror. Este é construído de uma maneira mais sobrenatural, volta-se muito mais para o demoníaco do que para o psicológico. Se por um lado o leitor mais experimentado sentirá falta de certos aprofundamentos encontrados no terror mais denso, o livro traz consigo o gostinho daquela ficção meio pulp, meio grotesca, sendo perfeita para quem gosta do estilo mais saudosista.
Os personagens da obra não são muito aprofundados. A exceção dessa regra é Benjamin, o nosso protagonista. O desenvolvimento psicológico não é absurdo, mas o suficiente para que o leitor encontre um personagem próximo do real a quem possa se apegar. Contudo, caso o livro ganhe uma continuação, o que me parece um tanto plausível pelo fim, Benjamin tem tudo para ganhar uma profundidade maior, principalmente se casa da colina Darrington sair de cena.
“Eu nunca havia notado como a aparência dele podia ser ameaçadora. Seus cabelos loiros, outrora sempre penteados, estavam desgrenhados e molhados de suor. Seus olhos castanhos faiscavam. Ele exalava o mal” (p. 69).
Quanto à parte física só restam elogios. A capa é bem tenebrosa e já apresenta bem o clima que será encontrado na obra. A diagramação está primorosa, confortável e ainda traz diversas ilustrações, o que aumenta o charme do livro. A revisão também está muito boa, o que torna a leitura ainda mais rápida.
Em suma, Horror na Colina de Darrington, apesar de apostar no lado mais sobrenatural, mostra-se um livro consistente e bem escrito. A obra parece ser o primeiro passo de uma carreira promissora para Barcelos e provavelmente agradará aos amentes do terror mais antigo.
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http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/12/resenha-premiada-horror-na-colina-de.html