Carinhas(os) Urbanas(os)

Carinhas(os) Urbanas(os) Luciana Fátima




Resenhas - Carinhas(os) Urbanas(os)


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Marcelo Amado 17/08/2010

Poesias e fotos, em fotos e
poemas em preto e branco.
Frases de concreto
perdidas no tempo.

Volta...
O tempo das carinhas e dos carinhos,
carentes de uma cidade mais humana.

De peles cinzentas
e sobras descascadas do descaso,
ao acaso ainda sobrevivem.

Vivem...


Um livro, uma viagem ao passado, um beliscão no presente. Prestemos mais atenção em nossa casa. Seja ela São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro ou a menor das cidades do interior.

Parabéns Luciana e Arlindo!
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Luciana Fátima 21/12/2009

Foto e poesia contra o dragão do mal...
Contra a destruição, o desprezo, a falta de memória histórica, só a poesia e a fotografia. Essas duas armas potentes são capazes de atenuar o descaso e a destruição da paisagem urbanística maravilhosa de São Paulo. Sou morador ligado ao Centro Velho da cidade, com direito a umas esticadinhas pelo Bexiga, Brás, Mooca, Cambuci, Ipiranga, Liberdade, enfim, os bairros mais antigos da cidade, repletos ainda de sinais de obras de arte. Algumas totalmente desgastadas pela falta de consciência de preservação da memória dos que construíram o cenário de crescimento do século XX, amparados pelas diversas culturas e etnias emigrantes ou não.

As fotos deste livro retratam a beleza arquitetônica da cidade no início do século passado, que não resistiu à especulação imobiliária devastadora, em nome de um pseudoprogresso que deixou pouca coisa de pé. Felizmente, o Arlindo e a Luciana clicaram o que sobrou dessa beleza e poetaram sobre ela. Não se trata aqui de cultivar um saudosismo ou mesmo de olhar para o futuro de São Paulo pelo retrovisor, mas de fazer uma avaliação crítica da importância cultural da arquitetura, e da oportunidade perdida de se fazer um tombamento integral de toda a região central da cidade para sua preservação e transformação em um museu a céu aberto. Nada contra o crescimento, mas ele poderia ter sido planejado em uma outra área, ligado ao Centro por um sistema de metrô. Lá haveria espaço suficiente para arranha-céus, como gostavam de dizer os paulistanos de quatro costados, gigantescos prédios de apartamentos, shoppings, mercados, enfim, tudo aquilo que se percebe na cidade hoje misturado com o que sobrou do desmonte promovido pela indústria da especulação imobiliária. Jogamos, junto com o entulho, a beleza arquitetônica de uma época. “São Paulo não pode parar” era a senha para pôr tudo abaixo. Do Vale do Anhangabaú ao Parque Dom Pedro II. Da Rua Direita aos Campos Elíseos. Do Largo de São Bento à Estação do Brás. Abaixo o dragão do mal!

De volta ao presente, vale a pena percorrer São Paulo com este livro nas mãos e descobrir onde estão os detalhes flagrados pelos autores. É um passeio instigante pela literatura, arquitetura e memória de São Paulo. Muitos deles eu já conhecia, mas fui agradavelmente surpreendido por muitos outros. Este é um livro de carinhas urbanas para ser tratado com os melhores carinhos, urbanos ou não.


(Heródoto Barbeiro, em texto de introdução ao livro)
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