Saleitura 18/08/2016
Um épico romance histórico
Ben-Hur: A Tale of the Christ (“Ben-Hur: uma história de Cristo”) é um romance escrito por Lew Wallace publicado em 12 de novembro de 1880, que desde sua publicação tornou-se um best-seller.
Quando se fala em Ben-Hur é inegável que a primeira referência que vem a nossa a mente, é o filme épico de 1959, dirigido por William Wyler, produzido por Sam Zimbalist para Metro-Goldwyn-Mayer e estrelado por Charlton Heston, ganhador de 11 Oscar. Então quando me foi proposto ler o texto original de Lew Wallace, relançado pela Jangada do grupo Pensamento-Cultrix, foi um prazer.
Caso você nunca tenha ouvido falar de Ben-Hur: a história é sobre Judá Ben-Hur, um nobre judeu que tem a sua vida e de sua família destruída, acusado injustamente de traição ao Império Romano, pelo seu melhor amigo Messala, durante a época de Cristo. A história é uma jornada de redenção, sua trajetória do nobre ao escravo das galés e seu retorno glorioso como condutor de quadribigas, ao mesmo tempo que é uma metáfora da vida de Cristo: traição, sofrimentos, redenção e salvação.
O livro incia com um verdadeiro presente, o tradutor Davi Emídio Rago nos traz a biografia de Lewis “Lew” Wallace (1827 -1905), controversa figura do século XIX, que em sua vida pessoal foi uma figura tão emblemática quanto seus personagens: Lew foi escritor, militar, advogado e diplomata dos EUA. E sua história é repleta de casos ímpares. Em 1862, durante a Guerra de Secessão, teve sua ascensão e queda no meio militar, em março deste ano, foi nomeado o mais jovem general de divisão da União, graças a eu feito na tomada do Forte Henry. Contudo em abril, na Batalha de Shiloh, foi acusado injustamente de atrasar-se na movimentação de suas tropas, devido as confusas ordens de Ulisses Grant (comandante do exército nortista), o que ocasionou a morte e o ferimento de 26mil soldados. Wallace foi responsabilizado por Grant e foi afastado do comando por 3 anos. A acusação injusta e sua luta pela redenção, podem ter sido a inspiração para a história de Judá. Outro incidente que faria fama a sua pessoa, seria a sua participação na Guerra do Condado de Lincoln e sua relação com um notório pistoleiro: Willian Henry Bonney, mais conhecido como Billy the Kid. Wallace foi governador no Novo México (1878-1881), e teria feito um acordo com Kid para testemunhar um assassinato, prometendo um salvo-conduto. Contudo o salvo conduto foi revogado e Wallace nomeou Pat Garret para xerife, ex-companheiro de Kid, e que o assassinou em 1881, há muitos mitos envolvido a figura de Kid, mas o livro não trata sobre ele e sim sobre Ben-Hur.
A grande ironia sobre o livro é que o projeto inicial de Wallace era um romance histórico, no qual a figura de Cristo fosse retratada sob o ponto de vista histórico, mas uma conversa de trem com Robert Ingersoll, em 1876, mudaria completamente o ponto de vista, e acabou-se tornando uma das maiores e emocionantes histórias cristãs do mundo. A forma como foi difundida foi um assombro: em 1886, os royalties de sua publicação já alcançavam o valor de 11 mil dólares anuais (cerca de R$ 900.00,00 em valores atuais). Em 1899, cerca de 400 mil exemplares já tinham sido vendidos. Sendo no mesmo ano adaptado para o teatro, sendo sucesso absoluto na Broadway, sendo reapresentada por 18 anos não consecutivos. Foi adaptado para o cinema em 1907, 1925, 1959, 2003 e 2016 (com Rodrigo Santoro no papel de Jesus). Teve também uma minissérie televisa em 2010.
O tradutor Davi Rago também faz uma analogia, que eu acho importantíssima, entre Ben-Hur e a batalha Shiloh (que citei acima) e a chegada dos judeus aos EUA, em busca do american dream. O livro seria uma mensagem para que os judeus se convertessem ao cristianismo, que viveriam melhor no Novo Mundo.
Ben-Hur não é um livro de leitura fácil, é fruto de uma intensa pesquisa de Wallace, nas melhores bibliotecas de seu tempo: História, Geografia, Mitologia e Religiões Comparadas e Idiomas Estrangeiros fora pesquisado. A versão da Pensamento, traz inúmeras notas explicativas para elucidar algumas dúvidas e servir mesmo de elementos introdutórios para futuros estudos, Como é um texto do século XIX alguns elementos podem ser questionados em relação ao avanço da pesquisa histórica, neste mais de um século de sua publicação, mas seu cuidado em realizar um romance histórico com este cuidado na pesquisa, só abrilhanta ainda mais o trabalho.
Wallace faz um paralelo entre a história de Jesus e a estória de Ben-Hur, e relata do nascimento de Cristo, a chegada dos Três Reis Magos (que tem papel importante na trama), até a sua morte na cruz, e um pouco além, na perseguição aos primeiros cristãos e o papel que Ben-Hur terá na cristandade, mas qual papel só lendo o livro.
É um excelente livro, um épico romance histórico, para você ler com atenção e uma belíssima história cristã. Independente de ser cristão ou não é uma história de amor e redenção, de lutar por algo maior, valores apreciados em qualquer religião.
Resenhado por Marcelo Daltro
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