Vitoria Freitas 08/03/2015
A pata da gazela
A história começa na rua da quitanda onde estavam Laura e Amélia esperando seu lacaio. Na rua, estava Leopoldo, que as observava. Laura estava impaciente e quando o criado se aproximou ela o apressou. O embrulho que ele trazia estava bem amarrado, mas na pressa de subir na carruagem, o pacote abriu e um par das botinas caiu no chão. Horácio, um dos mais cobiçados moços da sociedade, pegou a botina, mas não conseguiu devolver, pois a carruagem havia saído.
Logo no coração de Leopoldo e de Horácio surgiu uma paixão. Mas no coração de cada um era diferente. O primeiro se encantou com a alma da moça, que desconhecia sua imagem. Já o segundo, experiente com as mulheres, se encantou pelo pé desconhecido que calçava aquela botina pequena.
Assim, os dois foram em busca da amada e da dona dos lindos pés. Leopoldo acabou vendo a moça no teatro, depois a viu na rua, que com pressa ela subiu em sua carruagem e assim Leopoldo teve uma pequena visão dos pés de sua amada. Era deformados e horrorosos, o que provocou um desencanto imediato.
Horácio também estava em busca da dona da botina. Assim como Leopoldo, ele viu Amélia e Laura no teatro. A primeira ele encontrou algumas vezes na rua e admirou seu gracioso andar e depois vendo o rastro que ela deixava ao lado do das amigas na areia do passeio público, teve a certeza de que era Amélia a dona da botina. E em pouco tempo ele deu início a seu convívio com a família.
Amélia frequentava a casa de D. Clementina, onde dançar era a diversão. Foi lá que ela conheceu Leopoldo, que a observava sem parar. Pela insistência dos olhares acabaram dançando e ali ele falou que a amava, mesmo com suas deformidades.
Horácio frequentava a casa de Amélia e ali sempre tentava ver o pé dela, mas a menina o escondia o tempo todo. E assim, em desejo de ter pra si o pé que calçava aquela botina, pediu ela em casamento. Amélia resolveu que sim, mas esperou por 15 dias para dizer isto a Horácio. Durante esses dias, Horacio não apareceu em sua casa.
Durante esses dias houve um baile, e com muita tristeza já sabia do casamento de Amélia. Foi neste baile que ele e Horacio se encontraram, onde um contou ao outro sua história de amor, sem revelar o nome. Mas Leopoldo não demorou muito a descobrir.
No dia seguinte, Horácio foi à casa de Amélia que estava bordando pantufas. Ela disse ao seu noivo que era um presente para uma amiga, o que justificava o “L” que ela bordava. Distraída, descuidou-se da barra do vestido, o que permitiu que Horácio visse seus pés. Depois de um silêncio, se afastaram e ele foi embora.
Quando voltou a casa de sua noiva, Horacio disse que não queria que ela fosse mais para reuniões na casa da D. Clementina, caso contrario ele iria acabar com o noivado.
Amélia e Leopoldo se encontraram na casa da D. Clementina, onde Amélia falou que o amor de Leopoldo era correspondido, ela também o amava.
Horácio foi atrás de Laura, afinal as pantufas que Amélia bordava com a letra “L” para uma amiga só poderiam ser para ela. Assim logo em seguida ele se declarou a ela ajoelhando-se a seus pés. Bastou isso para uma decepção: não era Laura a dona dos lindos pés.
Horácio acreditou então que Amélia devia ser a dona do lindo pé, afinal ele só viu um dos seus pés. Em uma ocasião, Horácio encontrou ela no centro e quando Amélia percebeu que ele encarava seus pés ela ergueu o vestido mostrando ter lindos pés, os tão sonhados por seu ex-noivo.
Acontece que Laura tinha pés grandes e Amélia sempre teve pés pequenos, mas as duas da Europa. Ele criou para ela pares de sapatos que escondiam sua deformidade e assim elas sempre iam juntas à Rua da Quitanda e o criado ia buscar os sapatos que eram pagos na hora por ele, porque assim ninguém saberia quem era a dona dos pés deformados.
Na mesma noite Horacio foi à casa de Amélia com a intenção de reconquista-la. Chegando lá encontrou poucas luzes ligadas e subiu em uma árvore para ver o que acontecia. Lá dentro havia um padre, Amélia e Leopoldo ajoelhados, os pais dela, e dois amigos. Pela janela ele viu o casamento dos dois e depois, ele viu Amélia entregando aquelas pantufas bordadas com um “L”, e pedindo que ele lhe calçasse os lindos e mimosos pés.
Horacio voltou para casa, onde leu uma fabula.