O Coronel Chabert

O Coronel Chabert Honoré de Balzac




Resenhas - O Coronel Chabert


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Leila de Carvalho e Gonçalves 12/07/2018

Os Moros Erram Ao Voltar?
A Comédia Humana" é o nome escolhido por Balzac para o conjunto de sua obra, exceto para alguns dramalhões do início de carreira. Brilhante historiador de costumes, suas narrativas giram em torno da ascensão da burguesia durante a Restauração francesa e até hoje, são constantemente republicadas, inclusive, em edições avulsas como acontece aqui.

"O Coronel Chabert" é uma de suas melhores histórias curtas e prima pela capacidade de retratar o espírito e a essência de seu tempo. Em pouco mais de cinquenta páginas, ela ultrapassa a perspectiva individual das personagens para apresentar uma visão coletiva através de um documento histórico de inigualável qualidade literária.

Considerado morto na Batalha de Eylau (1807), Chabert, coronel da confiança de Napoleão, retorna a Paris depois de dez anos, reivindicando a correção desse erro. Em plena Restauração, ele encontra sua mulher, uma ex-cortesã, casada com um conde e mãe de dois filhos, além de herdeira de sua fortuna. Uma situação difícil e com inúmeras implicações que aponta para a velha máxima balzaquiana: "tudo e todos, paixões e famílias, se constroem e se destroem na insana busca por ouro e prazer".

Sem um longo preâmbulo, característico do seu estilo, esse é o drama de um homem cuja carreira militar o despreparou para os tempos de paz. Destituído de farda e patente, indefeso, ele torna-se um suicida à luz da lei, premiando a ganância com um gesto de extremo amor ou covardia, cabendo ao leitor decidir.

Recomendado, fica outra sugestão da leitura: "Enamoramentos" de Javier Marías. Lançado em 2013 em nosso país, o romance tem como principal referência esse conto e ao abordar o luto, lança um novo olhar para a história.
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Gláucia 17/12/2014

O Coronel Chabert - Honoré de Balzac
O coronel Chabert é dado como morto em batalha e após quase 20 anos reaparece vivinho da silva. Mas tudo está mudado: sua esposa, atual condessa Ferraud, acreditando-se viúva casa-se novamente, o cenário político de Paris é outro e o coronel precisa provar sua identidade a fim de recuperar sua pensão, fortuna e principalmente, seu lugar na sociedade parisiense. Para isso procura o famoso advogado Derville, presente em outros processos da comédia humana.
Amei a primeira parte do livro em que o ambiente de um escritório de advocacia é o palco e Balzac soube descrever de forma muito divertida e realista seus personagens: escreventes, advogados, juízes, estagiários, etc, usando piadas que tornam a novela muito atual. Aos poucos vão se delineando as intenções dos envolvidos e seus carácteres. Uma situação que parece ser simples vai se mostrando cada vez mais difícil de se resolver, especialmente por conta da forma de agir de cada um. A probidade de uns contra a malevolência e perfídia de outros. Torci por um final diferente mas achei coerente.
Fernanda 18/12/2014minha estante
Maravilhosa obra!


Gláucia 18/12/2014minha estante
Fernanda, agora quero ler Os Enamoramentos, vc já leu?


Fernanda 18/12/2014minha estante
Já li, Gláucia!! E gostei, achei que foi uma história bem surpreendente! Do Javier Marias tb havia lido o livro de contos "Quando fui Mortal", que tb achei otimo! Bjos!




jota 04/11/2013

De volta à vida...
O coronel Chabert é uma novela (tem apenas cerca de oitenta e três páginas) que faz parte do profundo painel que Honoré de Balzac (1799-1850) traçou da França do seu tempo em A Comédia Humana.

A história - muito bem escrita e interessante como quase tudo que esse genial francês nos deixou - é sobre o militar que, digamos assim, volta dos mortos e contrata um advogado para recuperar sua antiga vida, que inclui sua mulher (que acreditando-se viúva casou-se com outro e dele tem dois filhos), suas propriedades, sua pensão do exército, sua honra e sobretudo sua identidade: ele está vivo; foi vítima de um mal-entendido e consegue provar tudo o que afirma sobre si.

Essa é a parte mais interessante da história, especialmente quando acompanhamos o desempenho pérfido de sua mulher (ou ex-mulher, seria melhor dizer assim); ela nutre por Chabert um profundo desprezo e se recusa a reconhecê-lo (diz que ele é um impostor), a abrir mão de parte de sua fortuna em benefício do militar, reduzido agora a pouco mais que um mendigo não fosse a ajuda de um velho companheiro de armas e do próprio advogado que aceitou sua causa.

E daí vamos para o final, que podemos aceitar como redentor, mas que é profundamente melancólico, e que talvez nos dissesse menos sobre esse curioso personagem caso Balzac o tivesse escrito de modo diferente...

Lido entre 02 e 04/11/2013.
Daniel 04/11/2013minha estante
Estou muito a fim de ler Balzac... Vou primeiro terminar o Proust


jota 04/11/2013minha estante
Recomendo Ilusões Perdidas, meu preferido e que muita gente afirma ser sua obra-prima. Concordo.




Wilton 09/01/2013

Livro realista e romântico simultaneamente. Realista pelas descrições e características psicológicas de Chabert. Romântico pelo caráter passional das personagens. Livro de facílima leitura; li-o em dois dias.
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Christiane 07/01/2013

Mortos que revivem
Li o livro como complemento ao livro de Javier Marías "Os Enamoramentos", mas ele vale ser lido por ele mesmo. É uma brilhante percepção do medo que temos que os mortos revivam, voltem e nos atormentem, só que no livro, o morto não estava morto, foi considerado morto e com isto a vida de todos que faziam parte de sua vida se altera após a passagem do luto, seguindo seu curso, o que normalmente acontece com todos que perdem alguém. Mas o Coronel retorna e está vivo, só que retorna para um mundo onde está morto para os outros e para a lei. Aí começa seu drama, a tentativa de voltar à vida, e tudo que terá que enfrentar para isto. Por outro lado, há o choque nos que o consideravam morto, que ao se deparar com o "fantasma" que retorna, não gostam disto. É uma situação que pode ser real como a descrita no livro, mas também pode ser lida como uma metáfora sobre o medo que temos de que os mortos voltem, e atrapalhem nossa vida, interfiram, e mudem o que já está novamente ordenado, e devido à isto cumprimos os rituais para deixá-los onde estão e em paz, e como no livro, tudo se fará para mantê-los em seu lugar, o sepulcro.
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Xxxxxxxx1 06/01/2013

Interessante
Gostei muito. O livro é sobre a perda de identidade! Nele, o coronel chabert é dado como morto na guerra, mas reaparece vivo e disposto a ter de volta sua esposa(que casou e já tem dois filhos) e sua fortuna.
Com a ajuda de um advogado, chabert vai ver que o mundo jurídico nem sempre é justo, e que dificilmente o sentimento se sobrepõe à razão.
Livro pra se ler em uma sentada!
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Pseudokane3 14/01/2011

'Ipsis literis' de mim mesmo:
Acabo de acordar de um sono vespertino de 4 horas, única medida não-farmacêutica de que eu dispunha para aplainar a dor violentamente unilateral que me assolava desde que terminei de ler “O Coronel Chabert”, escrito por Honoré de Balzac em 1832. É um romance demasiado curto, no qual um velho soldado aparece numa cidadela francesa reivindicando ser um soldado dado como morto há quase 20 anos. Sua mulher casou-se novamente, todos o destratam atualmente por causa de sua penúria e feiúra (decorrentes dos severos ferimentos de guerra que sofrera) e um advogado aceita a sua causa honorífica: ele não quer fortunas, mas apenas o direito de ser novamente quem é.

Sendo parte do grande compêndio de personagens que foi reunido pelo próprio autor sob o título de “A Comédia Humana”, “O Coronel Chabert” é um de seus romances menos conhecidos, mas isto não implica que é genialmente triste e realista: é genialmente triste e realista! Tanto que, mesmo sendo um romance muito curto, precisei de longas pausas entre um infortúnio personalístico e outro, enquanto rememorava as mais do que convenientes feições de Gerard Depardieu no papel-título de “Coronel Chabert – Amor e Mentiras” (1994), portentosa versão fílmica do livro, realizada pelo conceituado diretor de fotografia francês Yves Ângelo, vista por mim faz tempo. Lembro que não entendi as miudezas sociais do filme à época, mas, no plano romântico-dramático, como me inquietou aquela estranhíssima e pertinente definição do que seria a morte...

Segundo li numa biografia rápida do escritor Honoré de Balzac (1799-1850), seus personagens trágicos não raro “se constroem e se destroem na insana busca por ‘ouro e prazer’”. É mais ou menos o que ocorre com os personagens que circunvizinham o personagem-título desta pequena obra-prima literária, ao qual o autor reserva um destino mais digno, prenunciado por um apotegma que, com certeza, seguir-me-á até o fim dos dias: “Mas o que podem os infelizes? Eles amam, nada mais”. Anotarei isto na agenda como sendo mais uma preciosa lição aprendida. E minha mãe preparou sopa!

Wesley PC>
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